Gehenna (ROSSOMETILE)
Independente
Lançamento: 10/maio/2024
Depois da experiência, muito bem conseguida e
sucedida, diga-se, de Ostara, onde os Rossometile apresentaram um
conjunto de versões alternativas dos seus temas mais icónicos, a banda de
Salerno volta aos registos de originais. Gehenna, vale em torno da
antiga cidade de Jerusalém ou inferno em latim, é o título desta nova obra, por isso não sejam de
estranhar algumas referências religiosas, mesmo que oriundas de outras
paragens. Referências essas sempre bem enquadradas em termos de composições de
um metal sinfónico de qualidade. Não que por aqui existem majestosos
arranjos orquestrais, feitos ou não com recurso a bibliotecas de som, mas sim
porque a voz de Ilaria Hela Bernardini é magnífica quer como solista,
quer em coros, quer em vocalizos, alternando entre momentos de suavidade etérea
e intensidade dramática. É ela que transporta toda a áurea operática, embora
não se cinja a esse registo, mudando frequentemente de abordagem, em função,
naturalmente, do que pede o instrumental. E o que o instrumental pede é muito,
é diversificado e por isso mesmo, exigente. O quarteto não faz por menos e
apresenta um disco recheado de variabilidade, onde cada tema tem a sua própria
personalidade, mas onde todos se alinham num enquadramento geral de
sequencialidade. Desta forma, não estranhem que, por exemplo, Stella del
Mattino tenha uma orientação mais pop, ou que Pasionaria (Frida)
se oriente num registo mais tradicional à lá Nightwish. Ou que La
Rosa D’Inverno se revele uma belíssima peça clássica/operática, com uma
emotividade poética ou que Geminus traga um pouco de maquinaria
industrial e noise. Ainda assim, não tão acentuado quanto a brilhante Sangue
e Seduzione, claramente assente na matriz Rammstein, o que a torna
um tema único e irrepetível neste álbum. Embora haja outros: o equilíbrio e
dinâmica perfeitos entre eletrónica, orquestrações, cordas e secção rítmica em Magdalena;
a ritualística, tribal e xamânica, praticamente apenas com voz e percussão, Valhalla;
a marcante Duet With Satan, épico de mais de 10 minutos com tanto para
descobrir e saborear e esse final suave, operático, quase religioso que é The
Dying Mermaid. Pelo meio, dois curtos interlúdios, Voci dal Deserto
e Þat mælti mín móðir, trazem os ambientes trovadorescos, renascentistas
e espirituais. Gehenna é, assim, mais que o aguardado regresso dos
italianos aos discos; é a evidência de um trabalho instrumental sofisticado,
onde riffs pesados se entrelaçam com harmonias melódicas, criando um
contraste dinâmico que mantém o interesse auditivo ao longo das suas 12 faixas.
[89%]
Highlights
Duet With
Satan, Magdalena, Sangue e Seduzione, Valhalla, The Dying Mermaid, Stella del
Mattino
1.
Gehenna
2.
Voci dal Deserto
3.
Magdalena
4.
Pasionaria (Frida)
5.
Sangue e Seduzione
6.
La Rosa d’Inverno
7.
Þat mælti mín
móðir
8.
Valhalla
9.
Stella del
Mattino
10. Geminus
11. Duet With Satan
12. The Dying Mermaid
Line-up
Gennaro Rino
Balletta – bateria
Rosario Runes Reina – guitarras
Pasquale Pat Murino – baixo
Ilaria Hela Bernardini – vocais, piano
Convidados
Gianluca Quinto – guitarra solo (11)
Alessio Bernardini – coros (1, 11)
Internet
Comentários
Enviar um comentário