Entrevista: In Chaos

 

Se há algo que mantém o thrash metal vivo, é a capacidade de resistir ao tempo, reinventar-se e regressar mais forte do que nunca. Os In Chaos personificam este espírito, ressurgindo das cinzas do seu álbum de estreia para entregar um segundo trabalho que é uma verdadeira tempestade sónica: Hope Wears Black. Da combinação de riffs cortantes, solos intrincados e uma energia melódica, a banda honra o passado, enquanto se afirma no presente. Ao longo desta conversa com o coletivo nacional, mergulhamos nas entranhas criativas do novo álbum e na evolução de uma banda que continua a desafiar os limites do thrash melódico.

 

Olá, pessoa! É um prazer falar convosco. Comecemos pelo vosso novo álbum, Hope Wears Black. Qual foi a principal inspiração para este trabalho?

Esperança na música, sentimos os quatro que é a nossa salvação, o nosso porto seguro, é a música e que está lá para nós sempre que precisamos. Seja um bom dia ou mau dia… será sempre ela a resposta às nossas frustrações e alegrias. Sem a música nada faz sentido.

 

Passaram oito anos desde o lançamento do vosso álbum de estreia From Chaos Rises Order. Como é que a banda evoluiu, tanto a nível sonoro como de formação, durante este intervalo?

Estamos mais maduros musicalmente e apesar das raízes do nosso som continuarem presentes, sentimos uma necessidade de evoluir e procurar novos desafios no que diz respeito a composição musical. A formação teve algumas atualizações, mas sentimos ter a formação mais coesa de todas até á data.

 

Como referiram, durante este período sofreram algumas alterações de line-up. Como lidaram com esse processo?

Foi bastante frustrante, mas acabou por ser um processo necessário para podermos encontrar os membros que integram os In Chaos agora.

 

Quais foram os maiores desafios que enfrentaram na criação deste segundo álbum, considerando as mudanças na indústria musical e as vossas próprias experiências pessoais desde o álbum anterior?

Apenas seguimos o nosso instinto musical e tentámos ser o mais transparentes a nível criativo, não forçámos nada e pusemos todas as expetativas de lado, no fim do dia queríamos apenas um trabalho em que todos os membros sentissem orgulho.

 

Quais foram as principais influências musicais em Hope Wears Black? Podemos ouvir elementos que remetem a bandas como Metallica, Megadeth e Dream Theater. Como integraram essas influências no vosso som?

As influências estão lá e isso é inegável, acreditamos que são pilares importantes da sonoridade de qualquer banda, não podemos fazer um shut off às mesmas, elas pertencem-nos, portanto nada foi pensado, seguimos apenas o nosso instinto e a nossa memória muscular.

 

Com uma clara influência da cena thrash americana dos anos 80 e 90, como acham que Hope Wears Black se posiciona no contexto do metal moderno? Sentem que estão a contribuir para uma revitalização do thrash metal?

Sentimos que a nossa sonoridade é um pouco revivalista, o nosso estilo já esteve em voga nos anos 80/90 com inúmeras bandas a representar o mesmo, mas no tempo que corre está um bocado desaparecido, as bandas seguem caminhos mais pesados onde a melodia já não é uma prioridade, portanto sentimos que estamos a contribuir para o regresso do thrash melódico dos anos 80/90.

 

Hope Wears Black inclui uma mistura de riffs agressivos, solos intricados e momentos melódicos. Qual foi o processo criativo por trás desta combinação de peso e melodia?

De forma bem natural, regra geral começava com um riff de guitarra que se transformava numa cascata de ideias, a música ia tomando forma até chegar ao processo de produção.

 

Há faixas no álbum como Something You Can't Be e War Is Coming que se destacam pela sua intensidade. Poderiam falar-nos sobre o desenvolvimento destas músicas e o que elas significam para vocês?

Something You Can’t Be é quase que um statement, se queres muito alcançar o sonho de ser músico profissional não desistas e trabalha arduamente, caso contrário, nunca o serás. Quanto à música War Is Coming, reflete bem os tempos que vivemos, e decidimos que seria uma boa canção para ter o solo de guitarra mais técnico e difícil de executar, bem como um solo de baixo, usando toda a nossa energia como força para tornar o tema mais agressivo.

 

Já agora, o tema Venom tem algo de homenagem a essa lendária banda?

Não. Por incrível que possa parecer é uma canção de amor. Fala do lado venenoso de uma relação.

 

O título deste novo álbum, Hope Wears Black, tem um forte simbolismo. Podem explicar o significado por detrás desta escolha e como ela reflete o conteúdo temático do álbum?

O título do álbum está relacionado com a nossa (banda) esperança na música. A pomba como símbolo de esperança, de cor preta, pois é como nos vestimos, quase como se fosse a nossa armadura, a nossa farda. A esperança para nós veste de preto! Todo o álbum fala de temas comuns a todos nós, os desafios da vida, as nossas falhas, o peso de tentarmos ser melhores todos os dias e nem sempre conseguirmos.

 

O álbum aborda temas de vida, morte e resiliência. De que forma estes conceitos se manifestam nas letras e na atmosfera geral do álbum?

Bem, acho que respondemos sem querer a esta pergunta, mas por exemplo, canções como Bigger Crown, achar por vezes que somos mais importantes ou especiais do que realmente somos; ou, Overload, julgarmos sem antes saber toda a verdade. São tudo aspetos da vida e do quotidiano que parecem tão básicos, mas ditam muito da nossa maneira de ver e reagir ao mundo.

 

Neste álbum trabalharam com o Marco Cipriano. Como foi o processo de colaboração com ele e o que trouxe de único à sonoridade final do álbum?

Foi uma experiência muito boa e positiva, o Marco já era amigo da banda o que facilitou todo o processo e tornou tudo bem mais familiar. A sonoridade que ele criou para este álbum ficou mesmo como queríamos, moderno e brutal.

 

Quais são os vossos planos para promover este álbum? Têm concertos ou tournées planeadas?

Estamos de momento a fazer todos os esforços para dar continuidade ao trabalho na estrada, adoramos tocar ao vivo e estar com os nossos fãs, contudo sentimos extrema dificuldade em receber feedback e resposta por parte de muitas salas e festivais, falta-nos conhecer a pessoa certa talvez…

 

Obrigado pela entrevista. Desejo-vos muito sucesso com o novo álbum!

Obrigado, nós!

Comentários

DISCO DA SEMANA #42 VN2000: Heathen Cross (CLOVEN HOOF) (High Roller Records)

MÚSICA DA SEMANA #42 VN2000: In The Name Of The Children (CULT OF SCARECROW) (Empire Records)

GRUPO DO MÊS #10 VN2000: Forgotten Winter (Loudriver Records)