Reviews VN2000: RHETT FORRESTER & ROB ROBBINS; ASKASHIC AND GUESTS; PAINTED SCARS; LORDS OF THE TRIDENT; SWALLOW THE SUN

 


The Complete Dr. Dirty Sessions 1992-93 (RHETT FORRESTER & ROB ROBBINS)

(2024, BraveWords Records)

Rhett Forrester e Rob Robbins foram dois músicos que, cada um à sua maneira, deixaram uma marca no cenário do hard rock e heavy metal. Rhett Forrester foi vocalista dos Riot entre 1982 e 1984, notório pela sua voz poderosa e crua, destacando-se em álbuns como Restless Breed e Born In America. Infelizmente, Forrester teve uma carreira curta, interrompida tragicamente quando foi assassinado em 1994, numa tentativa de carjacking. Rob Robbins, por sua vez, é um guitarrista e produtor menos conhecido no grande circuito, mas que colaborou com Forrester em vários projetos. Ambos trabalharam juntos na década de 1990, o que resultou no conjunto de gravações agora conhecidas como Dr. Dirty Sessions. Estas sessões de 1992-93 capturam um período criativo entre os dois músicos, onde se exploram temas dentro do hard rock, mas com uma abordagem muito mais descontraída, crua e sem as amarras típicas das grandes produções da época. A ideia de Dr. Dirty Sessions era gravar de uma forma mais direta, numa atmosfera de jam, onde a energia espontânea era mais importante do que a polidez das gravações finais. Forrester, sempre com a sua entrega vocal agressiva, conjuga-se bem com a guitarra de Robbins, que apresenta riffs densos e de sabor bluesy, complementando o estilo visceral do vocalista. O lançamento original destas sessões foi limitado e acabou por se tornar uma espécie de culto entre os fãs de Forrester. Agora, em 2024, a BraveWords Records decidiu resgatar essas gravações e fazer uma reedição completa intitulada The Complete Dr. Dirty Sessions 1992-93. Produzido por Robbins, este álbum apresenta os vocais e guitarras distintos de Forrester e Robbins acompanhados por um conjunto talentoso de músicos, incluindo Rod Albon no baixo, Brent Gattoni na bateria e Matt Whale que contribui com as teclas na faixa Hold On. Esta nova versão não só reúne todas as faixas originalmente gravadas, como também inclui material inédito que nunca havia sido disponibilizado ao público, tornando-se num documento histórico para os seguidores de Rhett Forrester e para os interessados em momentos menos explorados da cena hard rock e metal dos anos 90. [90%]



 

Let Me Dream A While (Part II) (ASKASHIC AND GUESTS)

(2024, Ethereal Sound Works)

Let Me Dream A While (Part II) foi a única faixa lançada pelos Askashic antes de encerrarem funções. A banda navegava por uma onda gótica que tanto se aproximava do rock de uns H.I.M., como adensava e enegrecia o seu som aproximando-o de uns Type O’ Negative. Este tema tem essa dualidade e tem, também agora disponível, diversas versões com o colorido que lhe conferem os mais diversos convidados. E se as vozes nacionais (Ana Cláudia, Isabel Cavaco e Cristina Lopes do lado feminino; Jorge Marques e Hugo Soares, no campo masculino) encaixam bem na estrutura, mas não a alteram significativamente, o mesmo não se pode dizer de Jorge Oliveira e Miguel Newton. O primeiro porque o seu remix traz uma nova alma ao tema (ainda por cima depois de o ouvir seis vezes consecutivas); o segundo porque é o único capaz de, efetivamente, trazer uma abordagem diferenciada, tornando o tema verdadeiramente diferente de tudo o que estava para trás. Para o fim deixámos, propositadamente, a participação da diva Sarah Jezebel Deva (nome próprio, Angtoria, Covenant, Therion, Cradle Of Filth, Graveworm, Hecate Enthroned, Mortiis, entre muitos outros), um nome de referência no metal de inspiração sinfónica, gótica e black. É uma mais valia para a obra, mas mais pela sua presença que propriamente pelo seu desempenho, que não foge muito a um registo standard, mas que contribui decisivamente, para tornar esta proposta uma importante peça de coleção. [70%]



 

Kintsugi (PAINTED SCARS)

(2024, Independente)

Formados apenas em abril de 2023, os Painted Scars são uma nova banda de hard rock belga que apresenta Kintsugi, um EP de seis temas que deixa bem vincado ao que vêm: riffs pesados e solos de guitarra ardentes combinados com refrões melódicos que proporcionam ao ouvinte uma mistura de momentos headbanging e sing along. Este é um trabalho que apresenta uma sonoridade enérgica e cativante, misturando elementos de hard rock clássico com uma agressividade moderna. A vocalista Jassy 'Hyacien' Blue, com uma voz potente e carismática, é um dos principais trunfos da banda, bem secundada por uma secção ritmica forte e dinâmica e dois guitarristas capazes de criarem belos arranjos na conjugação das duas guitarras, assim como sacar solos entusiasmantes. Ainda assim, falta ao jovem coletivo procurar evitar alguns clichés. Nota-se alguma falta de inovação e alguma previsibilidade, aspetos que poderão ser melhorados, até porque, este é um inicio promissor e que queixa no ar que os Painted Scars têm essa capacidade de se afastarem de fórmulas pre-existentes e criarem o su próprio som. Um tema espetacular como Knock Knock é a confirmação. [80%]



 

V. G. E. P. (LORDS OF THE TRIDENT)

(2024, Independente)

Depois de nos termos deliciado com álbuns como Frostburn e Shadows From The Past perdemos o rasto aos Lords Of The Trident. E a verdade é que a épica banda do Wisconsin já lançou, desde 2018, mais três álbuns. Todavia, o que agora nos traz de volta ao coletivo liderado pelo enigmático vocalista Fang VonWrathenstein, é o lançamento de um EP com o estranho título V. G. E. P. São quatro temas originais e uma cover de Valeria, original de Steve Winwood, onde os americanos espalham a sua capacidade de criar metal de enorme poder, intensidade, magnitude e originalidade, para além de homenagearam os vídeo jogos que mais apreciam. Daí, precisamente o título deste trabalho: Video Games EP (V. G. E. P.). E embora sejam temas baseados em videojogos, não se preocupem, pois podem continuar a contar com a sua abordagem épica e teatral, o seu humor autodepreciativo e a sua habilidade notável para unir tradição e modernidade. Neste EP o quinteto mantém a identidade robusta que os fãs aprenderam a adorar, ao mesmo tempo que introduz nuances interessantes no seu som, equilibrando a força e a grandiosidade com uma produção mais polida. Com esta forma, ficamos a aguardar, ansiosamente, um novo álbum. [88%]



 

Shining (SWALLOW THE SUN)

(2024, Century Media Records)

Shining é o novo álbum dos Swallow The Sun, o tão aguardado regresso após Moonflowers. E é apresentado como uma resposta ao anterior trabalho. Uma resposta que, na nossa opinião, acaba por não ser muito convincente. Mantém-se o equilíbrio entre os elementos melódicos e pesados que a banda sempre apresentou, nomeadamente explorando contrastes marcantes entre delicadeza melódica e uma força emocional intensa. O problema está que, após uma viagem que oferece uma atmosfera envolvente onde os vocais guturais se misturam com momentos de piano delicado, apenas dois temas ficam na memória. Precisamente os dois últimos: Charcoal Sky, marcada pela sua densidade e agressividade, e a faixa-título Shining, que encerra o álbum com uma carga emocional brilhante. São os únicos a conseguirem ter algum impacto, porque são os únicos a conseguirem transmitir a melancolia e a emotividade que carateriza os finlandeses. [78%]

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DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #47 VN2000: White Lies (INFRINGEMENT) (Crime Records/We Låve Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)