Entrevista: Bombazine

 


Os Bombazine estão de regresso com o seu mais recente trabalho, Samba Celta, um álbum que marca uma nova etapa na sua trajetória musical. Após o EP Grã-Matina, o grupo revela uma maturidade artística consolidada e uma sonoridade que mistura influências tropicais e pagãs, criando uma fusão única entre o festivo e o melancólico. Nesta conversa com a banda, os músicos abordam o processo criativo do álbum, as colaborações que enriqueceram o projeto e as expetativas para as apresentações ao vivo, convidando o público a embarcar nesta viagem sonora singular.

 

Viva, pessoal, como estão? Brigado pela disponibilidade! Como se sentem ao lançar um trabalho mais extenso e completo em comparação ao EP Grã-Matina?

Estamos muito entusiasmados! O Samba Celta é o culminar de um processo criativo mais longo e amadurecido. Se no Grã-Matina ainda estávamos a encontrar o nosso som, este álbum reflete uma identidade mais consolidada. Sentimos que crescemos muito como banda, tanto musicalmente como na forma como trabalhamos juntos. É gratificante ver este projeto ganhar vida e estar finalmente nas mãos (e ouvidos) do público.

 

O título Samba Celta desperta curiosidade. Como chegaram a essa ideia? Que paralelismos estéticos pretendiam criar ao unir estas influências tão contrastantes?

O nome surgiu como um reflexo das nossas influências durante o processo de composição. O Vasco estava numa fase mais tropicalista, muito inspirado pela música brasileira, enquanto o Manel explorava sonoridades folk e pagãs. Apesar de não ser literalmente samba nem celta, o título representa essa fusão de referências e a busca de uma estética própria que mistura o festivo e o melancólico, o exótico e o local. Queríamos transmitir essa ideia de união de contrastes, criando algo único e nosso.

 

Como decidiram o equilíbrio entre esses lados festivo e mais introspetivo e qual a importância desta dualidade para a mensagem de Samba Celta?

Esta dualidade surgiu naturalmente. Somos pessoas que vivem intensamente tanto os momentos de celebração como os de reflexão, e queríamos que o álbum refletisse isso. É uma espécie de espelho da vida: a festa, a introspeção, os altos e baixos, tudo faz parte do nosso percurso. Acreditamos que este equilíbrio cria uma viagem emocional que conecta melhor o ouvinte à nossa música.

 

Como foi a experiência de trabalhar com outros músicos e incorporar esses elementos no vosso estilo?

Foi incrível e muito enriquecedor! Trabalhar com músicos como a Sofia Ribeiro de Faria (violinos) e o Inérzio Macome (violoncelo) deu-nos uma nova perspetiva sobre as nossas composições. Os arranjos de cordas trouxeram profundidade e emoção às músicas, enquanto os sopros e as percussões adicionaram texturas inesperadas. Foi desafiante, porque compor para instrumentos que não tocamos é um processo diferente, mas também foi uma aprendizagem enorme e algo que queremos repetir no futuro.

 

O que motivou a escolha de uma “base rítmica mais seca e orgânica” e de que forma contribui para o groove do vosso som?

A ideia de uma base rítmica mais seca e orgânica veio do nosso desejo de simplificar e dar mais espaço aos arranjos. Queríamos algo que soasse mais cru e humano, que realçasse o groove sem se perder em complexidades desnecessárias. Achamos que esta abordagem cria um ambiente mais envolvente e autêntico, onde o ritmo dita o caminho, mas nunca ofusca a melodia ou a emoção.

 

Em Cartago, o que vos inspirou para abordar o tema da amizade e como isso se reflete nas sonoridades quentes e dançantes do tema?

A amizade sempre foi central na nossa história como banda, mas também queríamos explorar o seu lado mais real e complexo. Nem sempre é perfeita; há desencontros, momentos difíceis, mas também muito amor e partilha. Essa mistura de luz e sombra guiou tanto a letra como a sonoridade. As influências berberes e os ritmos dançantes simbolizam os momentos bons e calorosos, enquanto a progressão melódica reflete as nuances e os desafios.

 

Como foi o processo de composição de Continuar Assim e que mensagem pretendem passar?

Continuar Assim nasceu de uma melodia ao piano elétrico e cresceu para algo maior quando começámos a incorporar arranjos de cordas e ritmos mais espaçados. É uma música sobre as dinâmicas das relações duradouras e sobre a importância de encontrar independência emocional. A mensagem é simples, mas poderosa: é importante saber estar só, mesmo quando se está acompanhado, e valorizar o equilíbrio entre conexão e autonomia.

 

O que nos podem adiantar sobre as apresentações ao vivo de Samba Celta e o que pode o público esperar?

As apresentações ao vivo serão uma extensão da energia do álbum, mas com algumas surpresas! Queremos criar momentos íntimos e festivos, equilibrando o lado introspetivo e o mais dançável das nossas músicas. Estamos também a planear convidados especiais e arranjos ao vivo que destacam as cordas e os sopros. Vai ser uma experiência imersiva, com espaço para celebração e introspeção.

 

Obrigado, pessoal! Querem deixar alguma mensagem final?

Queremos agradecer a quem nos tem apoiado nesta jornada. A música é o nosso sonho, mas só faz sentido quando é partilhada. O Samba Celta é uma viagem e queremos convidar todos a juntarem-se a nós, seja ouvindo o álbum ou aparecendo nos concertos. Continuem a apoiar a música portuguesa. Até breve!

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