Reviews VN2000: STEVE HACKETT; BREVITY; OBJETO QUASE; UHF; WHITE WILLOW

 


Bay Of Kings (STEVE HACKETT)

(2024, InsideOut Music)

Levado a cabo pela InsideOut Music, Bay Of Kings marca o início de uma série de reedições do catálogo clássico de Steve Hackett que mostram as suas diversas competências. Bay Of Kings foi o seu sétimo álbum de estúdio, originalmente lançado em 1983 e foi o seu primeiro álbum de música instrumental de guitarra clássica, com contribuições de Nick Magnus e John Hackett. Curiosamente, a sua antiga editora, a Charisma Records, recusou-se a lançá-lo devido a preocupações com a sua viabilidade comercial. Porque, claramente, Bay Of Kings, não tem, de todo, essas preocupações. É um álbum composto por peças de orientação clássica, mas também outras mais exploratórias. Mas é um registo de interesse limitado: bonito, concentrado, boas composições, mesmo algumas regravadas (como Horizons e Kim) e bom gosto na execução das peças de guitarra que podem ser excelentes, mas que nunca conseguem trazer emoção ou empolgamento. Elegante, mas contido, a pouca variedade também não ajuda. Por isso, faixas como Second Chance oferecem um pouco mais com a inclusão de uma melodia de flauta. Portanto, um bom álbum, mas não é uma produção essencial do Sr. Hackett. Esta reedição foi especialmente remasterizada para vinil e é apresentada numa capa de 180g em vinil, bem como numa edição especial em CD digipak que adiciona 3 faixas bónus de uma reedição anterior. [80%]



 

Home Is Where Your Dog Is (BREVITY)

(2024, Think Like A Key Music)

Home Is Where Your Dog Is, o álbum nunca lançado pelos Brevity, finalmente emerge dos arquivos, oferecendo uma rara visão do rock experimental do início dos anos 70. Este disco perdido reflete o talento cru do trio de Chicago liderado por Rick Vittenson, Mark Breyer (entretanto falecido, não chegaria a ver este lançamento) e David Winogrond. O álbum foi cuidadosamente restaurado por Prof. Stoned, permitindo que sua sonoridade peculiar e rica em texturas ganhe uma nova vida. As faixas evocam o espírito excêntrico dos The Kinks e a musicalidade mais introspetiva de bandas como Procol Harum. Também por isso, as canções alternem entre temas introspetivos e abordagens líricas irónicas, que refletem o tom contracultural da época. Entre os momentos mais interessantes, destacamos a secção a partir de Come See Paris (In The Fall) até ao final, onde se começa a notar algo mais sofisticado em termos de composição e ideias criativas. Esta edição de Home Is Where Your Dog inclui vários temas oriundos das demos o que oferece uma perspetiva das experimentações sonoras e da trajetória musical que foi interrompida abruptamente. Este lançamento é uma peça única para apreciadores do rock clássico, que transporta o ouvinte para a Chicago dos anos 70 e complementa o legado musical dos membros da banda, que continuaram a influenciar a cena local em projetos como Athanor e Skooshny. [73%]



 

Falsa Partida (OBJETO QUASE)

(2024, Independente)

Objecto Quase é um livro de contos de 1978 de José Saramago e reúne seis narrativas curtas em que se utiliza uma linguagem poética para fundir homens, seres e coisas em diferentes cenários. Mas, Objeto Quase também é um emergente projeto nacional que, em apenas cinco faixas espalhadas por 19 minutos, apresenta a sua estreia Falsa Partida. Um manifesto intenso e coeso que canaliza energia crua e autenticidade numa proposta que mescla introspeção e irreverência, desenhando paisagens sonoras repletas de dinamismo e personalidade. O trabalho instrumental é notável: riffs imprevisíveis e ritmos entrecortados demonstram o engenho do projeto em equilibrar complexidade e acessibilidade. A produção captura a essência orgânica da banda, tornando a experiência auditiva ainda mais envolvente. Este EP surpreende pela capacidade de transitar entre momentos de tensão melódica e explosões de energia rítmica, onde a herança de nomes como Ornatos Violeta ou Jorge Palma se faz sentir, sem deixar de soar fresca e atual. Falsa Partida é um retrato honesto de uma banda que abraça os desafios como parte do processo criativo. Um início promissor que abre caminho para voos mais altos no cenário rock português e, claramente, a contrariar o seu título. [86%]



 

O Melhor do Amor (UHF)

(2024, Am.Ra)

Banda icónica do rock nacional, os UHF celebram os seus 45 anos com diversos eventos: a tour 45 Sobre Rodas, que percorreu o país em 2023 e 2024, culminando num concerto na Casa da Música, no Porto; o duplo CD ao vivo com Orquestra Filarmónica gravado no Europarque; e a compilação temática, a primeira da banda, O Melhor do Amor. Esta coletânea especial reúne 19 canções focadas no tema do amor explorado nas suas diversas nuances, desde o romance até o desamor, e inclui três inéditos: Tu Mordes e Eu Deixo, A Lágrima Caiu e, num raro e estranho momento em inglês, The One I Love. Um projeto que celebra e retrata as diferentes fases da banda, mostrando como o amor, nas suas variadas formas, esteve muitas vezes presente nas suas músicas e conectou gerações de fãs. Ao longo destes 19 temas participam 36 músicos diferentes que entre 1983 e 2023 trabalharam e criaram ao lado de António Manuel Ribeiro. Esta compilação reflete, não apenas a versatilidade emocional da banda, mas também serve como um livro aberto de histórias de amores e desamores, que marcaram a trajetória do grupo ao longo de décadas​. O Melhor do Amor é um autêntico cofre de memórias musicais, que marca e define o legado de um dos maiores grupos de rock em português. [89%]



 

Storm Season (WHITE WILLOW)

(2024, Karisma Records)

Storm Season surgiu de uma tempestade perfeita de caos. O quarto álbum de estúdio dos White Willow e marcou uma mudança ousada, tomando um rumo mais pesado e metálico. A sua criação refletiu a turbulência tanto dentro da banda como no mundo à sua volta. A intensidade da música quase destruiu os pioneiros do rock progressivo norueguês, levando mesmo à saída da vocalista Sylvia Erichsen, que só regressaria em 2011 para Terminal Twilight. Storm Season é, claramente, um álbum sombrio, cheio de expressões sinfónicas e instrumentação rica. Mostra, mais uma vez, a voz cheia de alma de Sylvia Erichsen, que fruto da nova orientação, contrasta com as paisagens sonoras mais obscuras do coletivo. Lançado originalmente em 2004, Storm Season foi o primeiro álbum dos White Willow a vender mais de 10.000 cópias. É uma das suas afirmações musicais mais diretas e impactantes, misturando as suas raízes clássicas de prog e folk-rock com um som mais pesado e mais simplificado. Esta reedição, meticulosamente remasterizada por Jacob Holm-Lupo, dá nova vida ao álbum, apresentando a icónica arte da capa original e disponível pela primeira vez em vinil. É o quarto de uma série de seis reedições do fundo de catálogo dos White Willow pela Karisma Records. [90%]

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DISCO DO ANO 2024 - Categoria Live...: Live Access All Areas (ELLIS MANO BAND) (SPV Recordings)

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