Momentum (STEVE HACKETT)
(2024,
InsideOut Music)
Momentum é o nono álbum a solo do guitarrista Steve
Hackett e o segundo que consiste principalmente em peças de guitarra
clássica. É uma continuação natural do álbum Bay Of Kings e vê Steve
Hackett a explorar mais texturas do que no seu álbum acústico anterior. O
ambiente varia consideravelmente - desde a brincadeira infantil de A Bed, A
Chair And A Guitar até ao ritmo acelerado da faixa-título, passando pela
melancolia arrebatadora de The Vigil. Enquanto o guitarrista
britânico ganhou notoriedade como um dos principais guitarristas elétricos do rock
progressivo do nosso tempo, ao lado de nomes como Dave Gilmour ou Robert
Fripp, com esta oferta ele mostra os seus argumentos com uma guitarra
clássica. Originalmente lançado em 1988, Momentum apresenta belas
composições clássicas de Steve Hackett acompanhadas pelo seu irmão John
Hackett na flauta. Depois da reedição em 2001 pela sua própria editora, com
a adição de três faixas bónus, esta nova prensagem pela InsideOut Music
faz parte de uma série de relançamentos do catálogo clássico do guitarrista que
mostram as suas diversas capacidades. Este lançamento foi especialmente
remasterizado para vinil, sendo apresentado numa capa de 180g, bem como numa
edição especial em CD digipak. [82%]
10:56 (KHIARO)
(2024, InArteria)
O álbum 10:56, de Khiaro, marca
a estreia do artista português no panorama musical com um disco de originais
lançado em outubro de 2024. Composto por 12 faixas, incluindo colaborações com
artistas como João Pedro Pais, Badoxa e Margarida Rotilo,
o álbum aposta em temas acessíveis e orientados ao grande público,
caraterizando-se pela leveza melódica e pela estrutura simplificada. É um
trabalho voltado para consumo imediato, insipido, com arranjos que refletem um
estilo típico da música pop voltada para as rádios, muito similar ao que
se encontra em artistas contemporâneos como Fernando Daniel e Diogo
Piçarra. 10:56 traz uma abordagem pessoal na composição e produção,
mas este é um disco que carece de inovação e profundidade. As músicas
apresentam instrumentais previsíveis e fórmulas já exploradas, posicionando-se
como um produto de fácil assimilação e com pouca evolução estrutural. Ou
seja, 10:56 evidencia a tendência de parte da nova geração do pop
nacional de priorizar a acessibilidade em detrimento da complexidade artística,
reforçando sua natureza plástica e focada em agradar rapidamente ao público. [60%]
Infinite Roots (FREDDY LOCKS)
(2024, Gris
Gris Records)
Em 2024, Freddy Locks comemora 20 anos
de carreira com o lançamento do álbum Infinite Roots, uma celebração
vibrante da sua trajetória no reggae. Acompanhado pela talentosa banda Groove
Missions, este disco é uma releitura fresca e envolvente dos seus maiores
sucessos, apresentando versões renovadas de temas icónicos como Bring Up The
Feeling, Pure Smile e Fazuma, entre outros. Cada faixa foi
meticulosamente produzida, contando com a colaboração de Mighty Drop e Jori
Collignon, que trouxeram arranjos modernos e detalhes cativantes, mantendo
a essência roots-reggae que define o artista. O título Infinite Roots
reflete a ligação de Freddy Locks às suas raízes musicais e espirituais,
ao mesmo tempo que sublinha a universalidade das mensagens do reggae, como
unidade, amor e resistência. As faixas apresentam uma fusão de elementos
clássicos e contemporâneos, com linhas de baixo marcantes, harmonias ricas e
arranjos que acentuam a profundidade das composições. Músicas como Healing Of
The Nation e Freedom Is My God reforçam a dimensão política e
espiritual da obra de Freddy, enquanto canções como So Nice transmitem
vibrações de positividade e leveza. Infinite Roots é uma viagem que não
passa apenas pelos sucessos do passado, mas que também sublinha a relevância
contínua de Freddy Locks na cena musical, com a sua autenticidade e
compromisso com a mensagem do reggae. [90%]
Tar (CORECASS)
(2024, Moment Of Collapse Records)
O novo álbum da artista de Hamburgo Elinor
Lüdde, que lidera o projeto a solo Corecass, Tar, é uma obra
de arte sonora profundamente cinematográfica e atmosférica. Através de oito
faixas intensas, Lüdde explora territórios emocionais e texturais, misturando
sem receio nem regras pré-definidas, dark-ambient, post-rock,
neo-clássico e eletrónica. Instrumentos como harpa, piano, órgão, bateria e
guitarra são utilizados com uma abordagem inovadora e cheia de nuances, criando
paisagens elegíacas que oscilam entre a melancolia e a urgência visceral.
Colaborações notáveis, como as vozes de Colin H. van Eeckhout (Amenra,
CHVE), Ercüment Kasalar (MOOR) e Barbara Lüdde,
acrescentam profundidade e dimensão à já rica tapeçaria sonora do álbum. E que
inclui peças como Sørunej que se destacam pelo minimalismo, com melodias
de piano melancólicas e vocais assombrosos que evocam uma tristeza quase
palpável, contrariadas por faixas como Disrupt e o tema-título que
doseiam uma intensidade arrebatadora, mergulhando o ouvinte numa experiência
catártica. [77%]
Yesterday’s Sunshine Today – New Magical Covers Of Nirvana Songs (1967-1969) (V/A)
(2024, Think
Like A Key Music)
Antes dos Nirvana de Seattle, já tinha
havido outros Nirvana. Eram britânicos e estiveram ativos entre 1965 e
1971. Navegavam nas ondas do rock psicadélico tão típico da época, mas
nunca granjearam grande sucesso. Por isso, estranha-se que grupos de todo o
mundo se tenham reunido para apresentar recriações de temas clássicos que o
grupo lançou entre 1967 e 1969. Ainda mais estranho é o facto de já ter havido
uma edição em vinil, limitada a 500 exemplares, lançada em 2020 e, agora quatro
anos volvidos, a Think Like A Key Music volte à carga com uma nova
edição, pela primeira vez em CD, e ampliada pela inclusão de quatro faixas
bónus. E, de facto, ouvindo estas versões, percebe-se porque é que os Nirvana
nunca tiveram grande sucesso. Mas, também é verdade que nenhum dos coletivos
aqui presentes mostra capacidade suficiente para promover algum tipo de
melhoramento nos temas, apresentando versões muito limitadas e pouco ou nada
incrementadas, limitando-se ao básico. De tal forma que, em 23 temas, apenas Wings
Of Love (versão a cargo dos Echo Train), Pentecost Hotel (Olaf
Putker), Black Flower (Talk), 1999 (John Cavanagh),
Flashbulb (Ex Norwegian) e The World Is Cold Without You (John
Howard) conseguem captar um pouco mais a atenção. Outra coisa que não se
percebe é a razão de aparecer o mesmo tema com versões por diferentes bandas.
Acontece com Rainbow Chaser e Pentecost Hotel. A terminar, fica a
curiosidade de nos anos 90 ter havido intenção dos Nirvana britânicos
gravarem covers dos Nirvana norte-americanos, projeto que
foi cancelado devido à morte de Kurt Cobain. [68%]
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