Entrevista: Nachtschatten

 



Nascidos da amizade, da paixão pela música e de um certo gosto pelo sombrio, os Nachtschatten são uma força em ascensão no cenário do metal europeu. Com raízes no folk metal e uma evolução firme rumo ao death metal melódico cantado em alemão, a banda apresenta agora Polaris, um álbum conceptual que mistura riffs brutais, atmosferas cinematográficas e uma narrativa intensa. Nesta entrevista exclusiva, conversámos com Daniel Wengle sobre a origem da banda, as influências que moldaram o seu som, o processo criativo por trás do novo disco e os desafios de manter uma identidade autêntica num panorama musical em constante mudança.

 

Olá, Daniel, obrigado pela disponibilidade. Podes partilhar a história por detrás da formação dos Nachtschatten? Como é que os membros da banda se juntaram e o que é que inspirou a criação da banda?

Olá! Como muitas boas histórias, os Nachtschatten começaram com cerveja, amizade e um toque de ilusão. Nós só queríamos fazer música juntos - crua, sombria, honesta. Com o tempo, tornou-se algo muito mais profundo. A formação mudou algumas vezes, e com isso veio a evolução. O que começou como folk metal transformou-se numa versão moderna, em língua alemã, de death metal melódico - cheio de contraste, conceito e caráter.

 

Que artistas ou bandas influenciaram significativamente o vosso estilo e direção musical? Como é que essas influências moldaram o vosso som ao longo dos anos?

Sem dúvida uma das bandas mais influentes para nós é definitivamente Gojira. O seu som moderno, o poder e a precisão - é alucinante. Também nos inspiramos em jóias mais escondidas como Rivers Of Nihil ou The Ocean, que equilibram brutalidade e atmosfera. E aqui está uma reviravolta divertida: eu tive uma breve, mas intensa, fase gótica nos meus vinte anos. Foi aí que surgiram bandas alemãs como Samsas Traum - a sua mistura de drama e escuridão com letras alemãs deixou uma marca.

 

Podes falar-nos do simbolismo por detrás do nome da vossa banda e de que forma ele reflete a identidade e a música da banda?

Ah sim, o nome! Em alemão, “Nachtschatten” é deliciosamente ambíguo - significa erva-moura (como na planta), mas também sombra noturna. Não pensámos em como seria difícil para os falantes de inglês pronunciar... desculpem lá! Mas abraçámos a dualidade e construímos todo o conceito da nossa banda em torno dela. O problema transformou-se em mística - um movimento clássico do metal, certo?

 

A banda evoluiu de uma banda de folk metal para um death metal melódico. Houve influências ou experiências específicas que guiaram essa progressão?

Várias coisas. As mudanças de formação trouxeram novas influências - e pessoalmente, eu estava cada vez mais atraído pelo death metal moderno. Foi assim que a minha composição evoluiu. Além disso, os nossos temas líricos mudaram para tópicos atuais e sócio críticos que já não se enquadravam na vibração de fantasia/conto de fadas do folk metal. Em comparação, o Polaris parece quase ficção científica.

 

Polaris, é um álbum conceptual. O que inspirou a história desse novo álbum? Como desenvolveram o enredo ao longo do álbum?

Imagina uma deusa - radiante e todo-poderosa - que traz a luz, mas castiga tanto os inimigos como os seguidores se estes quebrarem as suas regras. Essa é a Polaris. É uma história sobre poder, dúvida e o colapso de ideais. O álbum desenrola-se como uma série negra da Netflix em 11 capítulos. Começámos com apenas algumas canções e pensámos primeiro em lançar um EP. Mas, à medida que escrevíamos as letras, apercebemo-nos de que havia mais para contar. Para os nossos ouvintes que não falam alemão: as letras seguem um arco narrativo, por isso sintam-se à vontade para mergulhar na vibração e deixar a vossa imaginação tomar conta.

 

O álbum apresenta uma mistura de riffs de guitarra brutais, arranjos orquestrais e elementos acústicos. Podes contar-nos como foi o processo de composição e como integraram estes diversos estilos musicais?

Eu e o Matze passávamos fins-de-semana inteiros só a escrever - muitas vezes com muita cerveja e gargalhadas. No domingo, estávamos bastante ressacados... o que provavelmente explica porque é que músicas como Ablass soam tão mal. Durante o nosso EP anterior, Leuchtfeuer, o Matze estava na Austrália, por isso tivemos de trabalhar à distância. Desta vez, estávamos na mesma sala - essa energia bruta fez uma grande diferença. Outra grande diferença foi o facto de termos mudado o foco ou o objetivo das músicas de faixas ao vivo para faixas de álbum. No passado, imaginávamos sempre o nosso público ao vivo e a sua reação a uma canção. Agora imaginámos alguém em casa a ouvir o álbum. É por isso que também nos permitimos ter um build up mais longo e partes atmosféricas ou mesmo faixas inteiras.

 

Gravaram o Polaris nos Iguana Studios com o produtor Christoph Brandes. Como foi a experiência de gravação e como é que o Christoph contribuiu para a concretização da vossa visão do álbum?

Christoph é um maníaco absoluto - no melhor sentido. Lembro-me de receber mensagens de voz às 3 da manhã com novas camadas de som ou ideias de mistura. Ele estava tão empenhado na produção que mal dormia. Ajustávamos as músicas e os sons até altas horas da noite. Ele deixou uma marca enorme no Polaris.

 

E este álbum também marca a vossa colaboração com a Bleeding Nose Records. Como é que surgiu esta parceria e que impacto teve na produção e distribuição do álbum?

Eles realmente ajudaram a moldar a estratégia de lançamento. Em vez de lançarmos um álbum tradicional, lançámos a maior parte das canções como singles, cada um com um vídeo. Isso encaixa-se melhor na forma como as pessoas consomem música atualmente - e combinou perfeitamente com o formato de contar histórias do álbum. Como uma minissérie de metal. O feedback - especialmente no Instagram - foi incrível e super motivador!

 

Com Polaris a assinalar um marco significativo na vossa discografia, quais são as aspirações dos Nachtschatten para o futuro? Há novos territórios musicais que estejam ansiosos por explorar ou colaborações que estejam a considerar?

Há definitivamente mais coisas que queremos experimentar. Os novos elementos que descobrimos ao escrever este álbum precisam de ser mais desenvolvidos. Começámos a escrever novas canções e elas já estão a expandir-se para outro nível. Ainda é muito cedo para dizer algo específico. Talvez até tenhamos uma música das nossas gravações que queiramos lançar, entretanto, quem sabe.

 

O que planearam para os espetáculos ao vivo para promover Polaris?

Vamos tocar em vários pequenos festivais e espetáculos em clubes na Alemanha e na Bélgica - como o Hawk Fest. Mas não estamos a planear uma grande digressão. Os preços dos alugueres de espaços na Alemanha triplicaram nos últimos anos. Para uma banda pequena, é muito difícil conseguir pagar o aluguer. Mas vamos manter-nos criativos e barulhentos!

 

Mais uma vez, obrigado, Daniel. Queres enviar alguma mensagem aos vossos fãs ou aos nossos leitores?

Mantenham a mente aberta, apreciem o espetro selvagem do metal - mesmo que não gostem de todos os subgéneros, todos eles mantêm a cena viva. E, claro: “DÊEM-NOS TODO O VOSSO DINHEIRO - sem dinheiro, não há melodic death!”. Obrigado pelo apoio - vemo-nos no pit!

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