In Penitence And Ruin (TRIBUNAL)
20 Buck Spin
Lançamento: 18/abril/2025
Oriundos de
terras canadianas, os Tribunal surgem como um culto refinado dentro do
espectro mais sombrio e erudito do doom metal, fundindo desde cedo a
solenidade do género com elementos oriundos do epic metal, do barroco
europeu e de um classicismo assumidamente gótico. A dupla criadora — Soren Mourne, no
baixo, violoncelo e vocais e Etienne Flinn, nas guitarras e
vocais — ergueu desde a sua estreia, The Weight Of Remembrance, um
universo sonoro profundamente emotivo, com camadas densas e arranjos que
oscilam entre o lamento e a grandiosidade. E o seu mais recente
trabalho, In Penitence And Ruin, é a continuação desses propósitos. É um
álbum profundamente trabalhado em termos de arranjos, onde a música é talhada
com paciência, detalhe e uma sensibilidade melódica raras vezes encontradas num
contexto tão pesado. Desde o início, o disco revela o seu caráter
multifacetado. A abertura com Incarnadine mergulha numa ambiência
clássica onde o piano e o violoncelo se destacam, num claro aceno a uma
estética neoclássica, envolta numa névoa gótica. O piano desenha linhas
sombrias e elegantes, enquanto o violoncelo pinta solos emotivos e
inquietantes. Do lado oposto, Angel Of Mercy, permite que o peso
do doom se faça sentir com mais força. O seu impacto é direto e físico,
sem perder, contudo, a sofisticação harmónica que marca o álbum. E, a fechar, Between
The Sea And Stars traz o momento mais melódico e, provavelmente, mais
trabalhado do álbum. Um verdadeiro dueto entre guitarra e violoncelo, que se
entrelaçam num minucioso tricotado rumo a um final despido e
emotivo. Um cenário deslumbrante onde a guitarra acústica e o violoncelo se despedem do ouvinte com a
elegância de um último suspiro. Em In Penitence And Ruin, a lentidão é o
recurso mais utilizado; um andamento compassado, como se o tempo se prolongasse
e a dor se tornasse contemplativa. Mas, destacaríamos, também, os duelos
dramáticos que se estabelecem entre a limpidez cristalina de Soren Mourne, que
contrasta com as profundezas guturais de Etienne
Flinn, numa liturgia sonora em que o sacro e o profano coexistem. E,
entre o peso da penitência e a beleza da ruína, In Penitence And Ruin é
um daqueles discos onde o doom, por si só já intenso e contemplativo,
ganha uma nova dimensão com a sua abordagem a um classicismo sombrio e com essa
capacidade única de transformar canções em monumentos ao sofrimento belo. [90%]
Highlights
Incarnadine, A Wound Unhealing, The Sword Of The Slain, The Penitent,
Between The Sea And Stars
1. Incarnadine
2. A Wound Unhealing
3. Angel Of Mercy
4. The Sword Of The Slain
5. Ruin
6. The Penitent
7. Armoured In Shadow
8. …And The Thorn-Choked Flowers Grow
9. Between The Sea And Stars
Line-up
Soren
Mourne – baixo, violoncelo, vocais
Etienne
Flinn – guitarras, vocais
Jessica
Yang – guitarras
Dallas
Alice – teclados
Julia
Geaman – bateria
Internet
Edição

Comentários
Enviar um comentário