Review: Artifex (ANCIENT BARDS)


Artifex (ANCIENT BARDS)

Limb Music

Lançamento: 25/abril/2025

 

Seis anos após o ambicioso Origine, os italianos Ancient Bards regressam com Artifex, um disco que arrisca alargar os horizontes criativos, e que se apresenta como uma obra sinfónica, orquestral e deliberadamente cinematográfica. E que não esconde as suas pretensões. Com quase 63 minutos de duração, soa ambicioso, grandioso e, por vezes, excessivo. Há um evidente cuidado em cada detalhe: desde os arranjos orquestrais até às camadas vocais lideradas, com mestria, por Sara Squadrani, cuja interpretação continua a ser uma das forças motrizes da banda. A sua voz, aliada aos bons coros que pontuam vários momentos do disco, são elementos marcantes, mesmo quando a música ameaça ceder ao exagero. A suíte final, intitulada Suite Of Requiem And Solace, que abrange os quatro últimos temas do disco, é talvez o exemplo mais claro da intenção da banda em compor experiências sonoras cinematográficas. É aqui que o storytelling e a grandiosidade sinfónica coexistem numa simbiose por vezes eficaz, por vezes algo sobrecarregada. Contudo, nem tudo em Artifex é ouro reluzente. A densidade sonora, aliada à longa duração, torna a audição exigente — e, em certas ocasiões, cansativa. Há momentos em que a sobreposição de camadas orquestrais, coros e guitarras parece obliterar a fluidez melódica. Há também escolhas questionáveis no que toca ao uso de guturais, que surgem sem contexto e soam deslocados, traindo a coerência estética do conjunto e retirando impacto em vez de o reforçar. O disco, por vezes, padece de uma produção excessivamente limpa e plastificada, o que lhe rouba alguma autenticidade e organicidade. Ainda assim, há momentos memoráveis.  E esses são aquelas onde os Ancient Bards optam por seguir uma orientação ao estilo musical (principalmente, The Vessel e Sea Of Solitude), e na poderosa balada Unending que se destaca pelo seu tom gospel. Mas também, em My Blood And Blade, pela construção de um fraseado vocal pouco convencional ou Ministers Of Light, pela complexidade estrutural. No fim de contas, Artifex é um disco que espelha a dualidade dos Ancient Bards: se, por um lado, se trata de uma obra com altos níveis de produção, musicalidade e teatralidade, por outro, carece por vezes de direção firme e concisão. Ainda assim, é impossível negar o mérito e o esforço de um coletivo que não teme arriscar e que, mesmo tropeçando pontualmente, continua a trilhar o seu próprio caminho no universo do symphonic power metal. [83%]

 

Highlights

Unending, My Prima Nox, The Vessel, Soulbound Symphony, My Blood And Blade, Sea Of Solitude

 

Tracklist

1. Luminance And Abyss

2. My Prima Nox

3. The Vessel

4. The Empire Of Black Death

5. Unending

6. Ministers Of Light

7. Proximity

8. Soulbound Symphony

9. My Blood And Blade

Suite Of Requiem And Solace

10. Mystic Echoes

11. Under The Shadow

12. Sea Of Solitude

13. Artifex

 

Line-up

Sara Squadrani – vocais

Daniele Mazza – piano, orquestrações

Simone Bertozzi – guitarra ritmo, growls

Claudio Pietronik – guitarra solo

Federico Gatti – bateria

Martino Garattoni – baixo

 

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Edição

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