Euarthropodia (GREY CZAR)
Octopus Rising/Argonauta
Records
Lançamento: 11/abril/2025
Oriundos da
vibrante cena austríaca, os Grey Czar têm vindo a construir, desde o seu
surgimento, uma discografia que oscila entre o peso do rock clássico e a
experimentação progressiva. Depois de Boondoggle (2018), o grupo
regressa com Euarthropodia, uma obra que confirma a sua maturidade e
coesão artística, colocando-os num novo patamar criativo. E logo desde os
primeiros segundos, percebe-se que estamos perante algo fora do convencional. A
crueza proto, quase orgânica, que percorre o álbum como um fio condutor,
proporciona a criação de texturas vintage profundamente enraizada na
tradição setentista. Adicionalmente, uma produção deliberadamente suja e crua,
acentua a estranheza das distorções, que, por vezes, são substituídas por
passagens limpas e despojadas. A primeira metade do álbum apresenta composições
mais diretas, com riffs encorpados e ambientes densos, mergulhados numa
energia psicadélica contagiante. É aqui que os elementos de stoner e heavy
rock melódico se manifestam com mais clareza, enquanto os teclados e as
múltiplas vozes, em harmonizações e contrapontos muito bem estruturados,
adicionam um colorido extra à sonoridade geral. Contudo, é na segunda metade
que Euarthropodia revela a sua faceta mais ambiciosa e progressiva. Os
temas ganham estruturas mais complexas, e o foco desloca-se para a construção
de atmosferas envolventes, com evoluções sonoras que exigem mais do ouvinte. É
nesta fase que os Grey Czar parecem evocar os fantasmas de bandas como King
Crimson, Pink Floyd ou até In The Woods…, sem nunca perderem
a sua identidade. As mudanças de tempo, as dinâmicas entre instrumentos e a
constante busca por novas texturas fazem deste Euarthropodia um trabalho
que se ouve melhor com tempo, paciência e espírito exploratório. É uma escuta
que recompensa, sobretudo para quem valoriza uma abordagem desafiante e
multifacetada. No seu todo, Euarthropodia é, sem dúvida, a obra mais
ambiciosa dos Grey Czar até à data. Uma peça de arte sonora que alia
passado e presente com uma naturalidade impressionante. Essencial para fãs de
sonoridades progressivas, densas e atmosféricas, com um pé nos anos 70 e outro
firmemente plantado na contemporaneidade. [86%]
Highlights
Queens Of The New World, Withered World, Ballad Of Propellerheads,
Arthrobotic Liberty, Insects Took Over
2. Withered World
3. Insects Took Over
4. Trooping For Euarthropodia
5. Ballad Of Propellerheads
6. Queens Of The New World
7. Nutritional Protocol
8. Arthrobotic Liberty
9. Aeon
Line-up
Roland Hickmann – vocais, guitarras, percussão
Florian
Primavesi – vocais, guitarras, teclados
Wolfgang
Brunauer – vocais, baixo
Wolfgang
Ruppitsch – bateria, percussão
Internet
Edição

Comentários
Enviar um comentário