Com
um percurso já consolidado no panorama psych/stoner
nacional, os Desert Smoke regressam às edições discográficas com o seu terceiro
longa-duração, curiosamente homónimo. Depois de Hidden Mirage (2018) e Karakum
(2019), a banda de Lisboa apresenta agora um trabalho onde a ausência de
palavras é regra e a música fala por si. Mas, nesta conversa, a banda mostra-nos
que, quando finalmente se fazem ouvir, têm muito para dizer.
Olá,
pessoal, tudo bem? Obrigado pela disponibilidade. O vosso álbum mais recente é homónimo,
apesar de já ser o vosso terceiro registo. O que vos levou a dar o nome da
banda a este álbum? É uma espécie de afirmação identitária ou representa uma
nova fase para os Desert Smoke?
Obrigado pelo
convite! Podemos dizer que acaba por ser uma afirmação identitária sim!
Passaram-se
cerca de seis anos entre Karakum (2019) e este novo
álbum. O que motivou esse intervalo mais longo?
Tínhamos
acabado de lançar o Karakum em 2019, e vimo-nos obrigados a cancelar a tour
europeia para 2020 devido à pandemia. Acabando a pandemia, decidimos refazer a tour
em 2024 e rodar em estrada o Karakum, guardando assim este álbum
homónimo para 2025, bem como nova tour!
Comparando
com Hidden Mirage (2018) e Karakum (2019), que
transformações sentem na vossa abordagem musical neste novo trabalho? Como
evoluiu a vossa sonoridade ao longo destes anos?
Cada vez nos
conhecemos melhor musicalmente e pessoalmente, isso traz uma mais-valia para as
nossas músicas e jams. Neste disco passámos mais tempo em estúdio e
fomos mais meticulosos em termos de sonoridade.
Sendo
uma banda instrumental, como é o vosso processo de composição? Como conseguem
contar histórias e transmitir emoções sem recorrer a letras?
Recorremos
a sensações, a música seja ela qual for remete-nos sempre para algum lado, nós
só tentamos induzir essa viagem através de riffs.
A
vossa música é frequentemente associada a nomes como Elder, The Obsessed e 40 Watt
Sun. Que outras influências, musicais ou não, moldam o vosso som e estética?
De facto, as
bandas em cima mencionadas foram bandas para as quais abrimos concertos em
Portugal e retiramos muita influência, mas também vamos buscar algumas
referências a bandas de blues, rock, metal, jazz,
mesmo filmes ou pinturas que remetem para um certo sentimento ou sensação!
A
faixa 49th Steam Box pode ser classificada como a mais
explosiva do álbum e faz referência ao vosso estúdio. Podem partilhar mais
sobre o significado deste título e como o ambiente do estúdio influenciou a
criação deste tema?
Nós sentimos
que esta música como uma máquina em movimento, que não para de crescer, e
achamos que a melhor referência a isto seria o nosso estúdio que não para de
produzir, já só deita fumo por todos os lados, como uma máquina a carvão.
A
este propósito, gravando no vosso próprio espaço, como é que esse controlo
total sobre o ambiente e o som afetou o resultado final? Sentem que essa
liberdade trouxe algo mais cru ou mais autêntico ao disco?
Este disco bem
como os outros dois que temos, foram todos gravados, misturados e masterizados,
nos Estúdios da Lemon Drops Media no Montijo, pelo técnico André Eusébio! (Não foi gravado no nosso espaço.)
Por
outro lado, Blind Watcher traz algumas referências bluesy,
de onde veio a inspiração?
Esta música em
específico foi o Romão que trouxe para estúdio, em que se influenciou em bandas
como Led Zepplin e Pink Floyd, que são também grandes referências para
todos.
A
capa do novo álbum é um segmento da pintura a óleo Gravity
Absence, que também dá nome a uma das faixas. Como surgiu esta colaboração
com Catarina Félix Machado e que relação existe entre a arte visual e a vossa
música?
O Rocha e o
Romão viram este quadro da Catarina Félix
Machado exposto no Museu das Artes de Sintra e decidiram comprar esta obra pois
sentiram que tinha tudo a ver com a música que estavam a compor naquela altura
- a Gravity Absence. Sendo a nossa música instrumental, a nossa forma de
comunicação passa muito pela imaginação de situações ou até mesmo conceitos
abstratos que a música nos transmita. Mas sendo os Desert
Smoke um coletivo de 4 elementos, é normal que cada um de nós imagine
situações diferentes. O curioso desta música é que os sentimentos que ela
desperta de certa forma o quadro por si só transmite. Conceitos como movimento,
o espaço e a água eram conceitos consensuais entre todos.
Após
a vossa primeira tour europeia e atuações em festivais como o
SonicBlast, que impacto sentiram na vossa música e na forma como o público a
recebe? Houve alguma reação que vos tenha marcado particularmente?
Não diríamos
que a forma como o público recebe a nossa música dita o nosso processo de
composição. Desde o primeiro dia procuramos fazer música que nós gostamos e que
nos faça sentido. Sempre em busca de algo que transmita a nossa personalidade e
que não encontramos em mais nenhuma banda. As ótimas reações de públicos como o
do Sonicblast ou até mesmo de
público estrangeiro veio apenas mostrar-nos que não estamos sozinhos e que há
realmente pessoas que procuram o mesmo que nós, e isso sem dúvida veio a
motivar-nos para continuar a compor e a tocar.
Com o
lançamento do novo álbum, está a caminho uma nova tour
europeia planeada para maio a agosto de 2025. O que nos podem dizer a este
respeito?
Que será uma tour
que começa no Porto no dia 15 de maio e que passaremos por países como Espanha,
França, Suíça, Itália e Alemanha. Iremos tocar as músicas do novo álbum e uma
ou outra dos álbuns anteriores.
Obrigado, pessoal. Que mensagem gostariam de deixar aos vossos ouvintes e aos vossos fãs
Esperamos ver-vos por aí e 'Follow the smoke toward the riff filled land'.




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