Entrevista: Drab

 



Nascidos no seio de uma Nova Orleães mergulhada em incertezas pandémicas, os Drab são uma das mais excitantes propostas a emergir do underground norte-americano nos últimos tempos. E o seu álbum homónimo, agora relançado pela Wormholedeath Records, é um testemunho de uma urgência artística, marcada por um imaginário noir. A conversa que se segue com os três músicos responsáveis por este projeto — Steve Mignano, Casey Freitas e Aaron Levy — lança luz sobre as suas origens, o impacto da pandemia, as colaborações recentes e os planos para um futuro que, se depender dos Drab, será tão sombrio quanto eletrizante.

 

Olá, pessoal, obrigado pela vossa disponibilidade. Em primeiro lugar, vocês poderiam apresentar a banda Drab, uma banda que podemos chamar de banda filhos do covid?

Somos uma banda de rock apocalíptico pesado de Nova Orleães. Steve Mignano - guitarra e voz. Casey Freitas - baixo. Aaron Levy - bateria.

 

Os Drab saíram do isolamento para se tornar um nome reconhecido no underground de Nova Orleães. Qual foi o papel da vossa cena local na formação da vossa identidade? E como se sentem em relação ao som sludgy, doomy, hard thrash mais típico da vossa região?

Nova Orleães teve sempre uma cena metal underground próspera, e nós inspiramo-nos muito nas bandas pioneiras de metal de NOLA. Mas, embora os Drab estejam certamente ancorados em riffs pesados, também tentamos trazer composições sofisticadas para a equação.

 

Agora, vamos começar com algo que pode ser intrigante para alguns fãs: o vosso álbum autointitulado, Drab, mostra datas de lançamento tanto em 2021 como em 2022 no Bandcamp, mas agora está a ser relançado pela Wormholedeath Records. Podem esclarecer a cronologia da criação do álbum, o lançamento original e o envolvimento atual da editora?

Lançámos o álbum de forma independente em 2022 e fomos abordados pela Wormholedeath Records sobre uma distribuição no ano passado. Achámos que era a decisão certa, para que o álbum pudesse alcançar o maior público possível.

 

O álbum combina elementos sonoros dos anos 70, 80 e 90 em algo muito distinto. Quão intencional foi essa fusão de influências? Como definiriam o som central dos Drab hoje?

Foi intencional apenas no sentido de que pegámos em coisas específicas da música de que gostávamos e as incorporámos na mistura. Com o primeiro álbum como ponto de partida, diria que o som central dos Drab hoje evoluiu para algo mais sombrio e pesado.

 

As músicas transmitem uma forte sensação de atmosfera e, muitas vezes, uma energia distópica ou noir. Houve temas, emoções ou eventos específicos que guiaram o processo de composição deste álbum de estreia?

Existem muitas vibrações distópicas no mundo neste momento em geral. Às vezes, parece que estamos a caminhar sonâmbulos para qualquer número de cenários potencialmente apocalípticos. Durante a pandemia em particular, quando a banda se formou, havia uma sensação generalizada de paranoia e ansiedade. As nossas canções abordam temas como existencialismo, niilismo e perda da identidade de uma forma muito crua e sem filtros, mas também redenção e a descoberta de um significado genuíno no que parece ser um deserto cultural pós-moderno.

 

Desde a vossa estreia, fizeram tournées, abriram para bandas como Soulfly e Pallbearer, e Drab foi eleito o Álbum nº 1 de 2022 pela Rock-N-Review. Como veem esses primeiros anos tão intensos?

Tem sido incrivelmente gratificante, não só poder produzir a nossa música exatamente da maneira que queremos, mas também vê-la ser tão bem recebida por tantos dos nossos colegas. Isso faz com que todo o trabalho árduo valha a pena.

 

Recentemente, colaboraram com Adrian Bushby, um produtor vencedor de um Grammy conhecido pelo seu trabalho com Muse e Foo Fighters, para o vosso single Tyrannic. O que é que ele trouxe de novo e como é que isso influenciou a vossa direção criativa?

O Adrian gostou do que estávamos a fazer e entrou em contacto para uma colaboração. Obviamente, a sua reputação fala por si, e desde a primeira mistura que ouvimos, soubemos que ele estava num outro nível completamente diferente. Ele conseguiu captar a energia da banda e torná-la mais fresca.

 

O que é que se segue para os Drab em 2025 e mais à frente — estão a trabalhar num álbum completo, mais digressões ou algo inesperado?

Pretendemos gravar algum material novo em agosto e fazer algumas digressões em 2026.

 

Mais uma vez, obrigado, pessoal. Querem enviar alguma mensagem aos vossos fãs ou aos nossos leitores?

Obrigado por todo o vosso apoio e fiquem atentos!

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