Entrevista: Tom Frelek

 




Uma década passou desde que Tom Frelek nos surpreendeu com o seu virtuosismo ao leme dos Waken Eyes e o imponente Exodus. Dez anos depois, o guitarrista regressa ao formato trio instrumental, ao lado de nomes tão icónicos como Marco Minnemann e Mike Lepond, para nos apresentar Rewrite Tomorrow. Agora, tendo este álbum como pano de fundo, em conversa exclusiva com o Via Nocturna, revisita-se o passado, celebra-se o presente e espreita-se o futuro do autodidata canadiano.

 

Olá, Tom, já se passaram dez anos desde que conversámos durante a era de Exodus com os Waken Eyes. Como evoluiu a tua jornada musical, pessoal e artisticamente, desde essa altura?

Dez anos é muito tempo. Tenho escrito mais, feito mais espetáculos e mergulhado em faixas instrumentais ao lado do próximo álbum dos Waken Eyes. Artisticamente, estou focado em criar músicas com um propósito claro, não apenas exercícios de guitarra.

 

Em Rewrite Tomorrow reúnes-te com Marco Minnemann e Mike Lepond. O que te levou de volta a esse formato de trio e por que escolheste conduzir este álbum com a guitarra como voz central?

Os Waken Eyes foram uma ótima experiência, portanto juntar-me com Marco e Mike novamente pareceu natural. Este álbum é instrumental para o diferenciar do meu trabalho metal. Fiz um álbum instrumental em 2015 e este é a continuação. Sempre adorei coisas com guitarra, como Satriani e Gilbert.

 

Com dez faixas instrumentais e apenas uma faixa vocal, Bright Lights pretende ser um destaque conceitual ou um ponto de viragem dentro do álbum?

Boa pergunta. Achei que Bright Lights poderia ter vocais e ficou ótimo. É uma forma nova de encerrar o álbum. Talvez explore mais vocalistas da próxima vez, mas, neste álbum, queria que uma única faixa vocal se destacasse.

 

O que te inspirou a incluir vocais nessa música e com quem colaborou nessa música?

Sinceramente, não estava a planear cantar. Gravei algumas demos vocais para a Kat Lisowski e ela achou que soavam bem, então mantive-as. Decidi tentar e ver no que dava.

 

Em Das Misio e, novamente, em Bright Lights, a secção rítmica afasta-se do resto do álbum. Podes explicar-nos o que inspirou essas mudanças no groove?

Este álbum mistura várias coisas — um pouco de metal, rock e um toque espanhol. Sempre gostei de géneros diferentes, portanto segui o que me parecia certo. Das Misio foi inspirada por Al DiMeola. E surgiu rapidamente: o riff apareceu, os acordes seguiram e a música tomou forma naturalmente.

 

Tens duas músicas explicitamente nomeadas em homenagem a mulheres — Lydia e Olivia. O que essas faixas representam? Conceptualmente, qual é o papel das mulheres neste álbum?

Ghosts Of Lydia simplesmente soava bem. Tem uma introdução assombrosa e usa o modo lidiano, portanto o nome combinou. Olivia’s Dream é para a minha sobrinha. Não há nenhum conceito grande aqui — apenas escolhi nomes que gostei.

 

As tuas influências vão de Paul Gilbert, Joe Satriani e Dream Theater, até Opeth. Como canalizaste estas diversas inspirações para a composição e o som deste álbum?

Esses artistas, e outros, fazem parte do meu som. É como misturar ingredientes numa sopa — espera-se que algo novo surja. Não tento imitá-los, mas a influência deles inspira a minha composição.

 

És um virtuoso autodidata. Que novas técnicas, tons ou truques de composição experimentaste neste álbum?

Neste álbum, toquei arpejos com as duas mãos num estilo neoclássico em algumas faixas. Também experimentei alguns riffs ao estilo Richie Blackmore. Adicionei momentos acústicos para mudar a vibração, com o objetivo de criar uma sensação épica sem se prolongar demasiado.

 

Vês-te a continuar com faixas mais centradas nas vozes ou a concentrar-te mais na narrativa instrumental? O que vem depois de Rewrite Tomorrow?

Ainda não tenho a certeza. Posso misturar faixas vocais com instrumentais ou inclinar-me para as vozes com guitarras em destaque. As letras levam mais tempo, mas podem conectar-se com um público mais amplo. Veremos o que parece certo.

 

Tens planos levar Rewrite Tomorrow para palco?

Sim, acabei de tocar num festival em Mississauga, no Canadá, com algumas das novas músicas. Estou a planear continuar a apresentar-me este ano, no Canadá, nos EUA e, espero, na Europa.

 

Obrigado mais uma vez, Tom. Queres enviar alguma mensagem aos teus fãs ou aos nossos leitores?

Obrigado a todos por apoiarem o novo álbum e o meu trabalho anterior. O vosso incentivo mantém-me motivado. Fiquem atentos a mais novidades dos Waken Eyes e aos meus próximos projetos. Agradeço a todos!

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