Entrevista: Degenerate

 




Depois de um impactante álbum de estreia em 2019, Devastation Ahead, os neerlandeses Degenerate regressam agora em força com Rituals Of Rage, um trabalho que eleva a fasquia em todos os aspetos. Após seis anos de amadurecimento e desafios, incluindo os inevitáveis tempos de pandemia, uma formação parcialmente renovada e uma postura 100% independente, os Degenerate reforçam a sua identidade musical e mostram uma enorme maturidade artística. Para nos falar deste novo capítulo, estivemos à conversa com o guitarrista, vocalista e mentor Rens Hilgers.

 

Olá, Rens, obrigado pela tua disponibilidade. Já se passaram seis anos desde o vosso álbum de estreia, Devastation Ahead. Olhando para trás, como achas que a banda evoluiu musicalmente e pessoalmente durante este período, especialmente à luz dos desafios da pandemia?

Demos alguns passos importantes tanto musicalmente quanto pessoalmente nos últimos dois anos. Na parte musical, essa era a nossa intenção, não facilitamos para nós mesmos. No lado pessoal, houve alguns obstáculos ao longo do caminho. Mas conseguimos manter o rumo e terminar este álbum. Estou orgulhoso do que fizemos e de como fizemos.

 

O vosso novo álbum, Rituals Of Rage, reflete um forte senso de coesão e crescimento. Como foi o processo criativo desta vez, em comparação com o vosso trabalho anterior?

Basicamente, tudo correu da mesma forma. Um de nós lança uma ideia e começamos a procurar a estrutura e o sentimento certos. A única exceção foi que estabelecemos um padrão muito alto para nós mesmos e demorámos muito tempo para acertar as coisas. A filosofia principal era: só o bom é bom, quase bom é o mesmo que uma merda total.

 

Notámos que houve uma mudança na formação, com Yannick De Wit agora no baixo. O que levou a essa transição? De que forma a sua presença influenciou a dinâmica dentro da banda?

Estamos muito felizes com a chegada do Yannick e tristes pelo Phill (nosso baixista anterior) ter de sair. O Phill teve alguns problemas médicos nas articulações dos dedos e não podia tocar por causa disso. O Yannick provou que é um animal no palco e toca muito bem suas partes. Mas sentimos falta da criatividade do Phill, tinha ideias infinitas para novas músicas e riffs.

 

O som do álbum continua enraizado no thrash e no death metal melódico, mas há momentos em que sentimos uma atmosfera mais épica, quase cinematográfica. Isso foi intencional? O que inspirou essa direção musical mais expansiva?

Isso foi intencional. Acho que quando se faz um álbum pesado, é importante deixar o ouvinte respirar de vez em quando. Essas passagens «cinematográficas» são uma ótima maneira de criar tensão ou alívio.

 

Há também um sabor étnico percetível em certas faixas, misturando o que soa como escalas orientais com até mesmo uma referência subtil ao fado português. Como é que essas influências entraram em jogo e o que pretendiam alcançar com esses elementos?

A escala oriental “harmónica menor” é uma escala que gostamos de usar por causa do som dramático. E para a nossa música, ela é perfeita. Mas isso vale para muita música metal.

 

Títulos como The Cult e Rituals Of Rage sugerem temas mais profundos, quase espirituais ou mitológicos. Existe um conceito ou narrativa unificadora ao longo do álbum?

Decidimos chamar o álbum de Rituals Of Rage numa fase inicial do processo de composição. Depois, mais à frente, tentámos conectar de alguma forma a maioria dos títulos e letras a esse conceito. E isso realmente unificou o sentimento do álbum.

 

Apesar da intensidade agressiva da vossa música, há uma profundidade emocional que se destaca, especialmente nos vossos solos melancólicos. Quão importante é a narrativa emocional na abordagem de composição dos Degenerate?

Muito importante. Acho que em todas as nossas canções a melodia é o núcleo da canção. E o resto da música é escrito para amplificar essas melodias. Também acho que é justo dizer que esses leads e solos melancólicos são o que define a nossa música e a nossa banda.

 

Como banda independente que lançou este novo álbum por conta própria, quais foram os principais desafios e vantagens de seguir esse caminho na indústria musical atual?

A principal vantagem é que podemos fazer o que quisermos e levar o tempo que precisarmos. Liberdade criativa total. A maior desvantagem é que é extremamente difícil levar o teu álbum ao público. Também é muito difícil conseguir espetáculos em grandes casas/festivais sem uma editora.

 

Vocês já compartilharam o palco com alguns artistas notáveis no passado. Há alguma lembrança ou lição marcante dessas experiências que tenham ajudado a moldar Rituals Of Rage?

Não me lembro de nada específico agora. Mas sempre que fazes um espetáculo e vês o público a curtir a música que tu próprio compuseste, é uma recompensa incrível. E seja alguém que está a dar tudo de si no mosh pit ou alguém no fundo a curtir o concerto, isso dá uma grande motivação para continuar a fazer música.

 

E para o Rituals Of Rage, há planos para uma digressão para promover o álbum? O que os fãs podem esperar das vossas apresentações ao vivo em apoio a este álbum?

Temos algumas ideias novas e loucas para as nossas apresentações. E uma digressão seria ótima, queremos tocar o máximo possível! Estamos a trabalhar nisso atualmente. Fiquem ligados.

 

Mais uma vez, obrigado, Rens. Quere enviar alguma mensagem aos vossos fãs ou aos nossos leitores?

Queremos agradecer a todos que dedicaram o seu tempo a ouvir o nosso novo álbum! A quantidade de álbuns lançados todas as semanas é louca e é difícil para um artista independente alcançar o seu público. É por isso que estamos extremamente gratos por todo o apoio que recebemos. 

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