Quase oito anos depois da estreia com Take Me To The Gallows, os norte-americanos Professor
Emeritus regressam em grande forma com A Land Long Gone, uma autêntica
ode ao heavy/doom metal mais épico, intenso e melódico. Liderados
por Lee Smith, e agora com a marcante voz de Esteban Julian Pena, a banda
mostra-se mais coesa e personalizada, explorando novas paisagens líricas e
sonoras sem nunca abandonar a sua essência tradicionalista. A propósito deste
regresso tão aguardado, estivemos à conversa com três membros do quinteto de
Chicago que nos guiaram pelos bastidores deste novo capítulo da sua história.
Olá, pessoal, obrigado
pela disponibilidade! Para começar, podes apresentar Professor Emeritus aos metalheads portugueses?
LEE SMITH (LS): Olá! A banda começou por volta de 2010. Fui muito inspirado
pelo álbum de estreia dos Argus, e isso fez com quisesse fazer música
que fosse uma mistura de doom metal e metal tradicional. Demorou
muito tempo para as coisas começarem a andar e o nosso álbum de estreia, Take
Me To The Gallows, foi lançado em novembro de 2017 pela No Remorse
Records. Quase 8 anos depois, o nosso segundo álbum, A Land Long Gone,
foi lançado recentemente, novamente pela No Remorse Records.
Precisamente, já se
passaram oito anos desde a vossa estreia, Take Me To The Gallows,
em 2017. O que contribuiu para um intervalo tão longo entre os álbuns e como
achas que a banda evoluiu durante esse tempo?
LS: As duas grandes coisas que levaram ao atraso foram as
mudanças na formação e a pandemia de Covid. Sou o único membro remanescente que
tocou no álbum de estreia, embora o Tyler e o Jose estejam na banda desde antes
do lançamento desse álbum (e tenham participado em todos os concertos que já
fizemos). Começámos a tocar com o Chris em 2019. Inicialmente, ele iria apenas
ajudar-nos em alguns concertos, mas depois as coisas correram muito bem e
conseguimos que ele continuasse envolvido. Só começámos a trabalhar com o
Esteban no início de 2024. A pandemia contribuiu para tirar qualquer sentido de
urgência em trabalhar em material novo, uma vez que ninguém sabia quanto tempo
iria durar. Eu diria que a maior parte das músicas deste álbum foi escrita
durante esse período, mas as coisas acabaram por se arrastar. Acho que
aperfeiçoamos o nosso som nos anos desde o primeiro álbum. O novo álbum é
definitivamente semelhante ao de estreia, mas eu diria que soa mais como nós e
é mais distinto do que o de estreia. Os vocais incríveis de Esteban também dão
ao álbum sua própria personalidade.
O vosso novo álbum, A Land Long Gone,
aprofunda o vosso doom épico e heavy metal tradicional. Quais
foram as vossas principais inspirações musicais ou temas conceptuais para este
novo álbum?
LS: As minhas maiores influências para os PE são Argus e Candlemass.
Podes ouvir o álbum e identificar certas partes que lembram essas bandas e
outras, mas também gostamos de adicionar alguns outros ingredientes para dar
mais sabor. Um exemplo disso é quando o Tyler compôs as melodias finais da
guitarra para Defeater. Não vou revelar o que ele estava a pensar quando
as escreveu, mas ficaria muito surpreendido se alguém descobrisse, uma vez que
é muito diferente da nossa música. Outro exemplo é que a música Passage
começou quando eu estava a tentar escrever algo no estilo da era Into The
Lair Of The Sun God dos Dawnbringer. A música acabou por se desviar
para algo totalmente diferente, mas essa intenção deu à música um ponto de
partida diferente da maioria das nossas outras músicas.
Agora têm um novo
vocalista, Esteban Julian Pena. Como chegaram a ele e que influência teve na
sonoridade ou a dinâmica da banda?
LS: Eu conhecia o Esteban através dos Acerus e, quando
ouvi a música deles The Arrival Of Him (especificamente a parte “Hands
in chains, then I steal your soul”), achei que ele poderia ser uma boa opção
para esta banda. Entrei em contacto com ele e, para nossa sorte, ele interessou-se.
E acabou por se encaixar ainda melhor do que poderíamos esperar. A música deste
álbum foi toda escrita antes de ele entrar, portanto ele não teve nenhuma
influência. Mas a maneira como ele rapidamente se adaptou às músicas e as
tornou suas foi super impressionante. Em algumas músicas, ele criou partes
vocais em seções que eu não imaginava ter vocais, e acabou por funcionar muito
melhor com a sua postura! Ou seja, ele teve um grande impacto no som final do
álbum. E isso sem levar em conta as suas melodias e letras! Que definitivamente
tornam o álbum mais único e lhe dão um clima melancólico.
Títulos como Zosimos, Kalopsia
Caves ou Pragmatic Occlusion sugerem uma narrativa rica ou
profundidade filosófica. Podes explicar melhor os conceitos líricos ou
temáticos por trás do álbum?
ESTEBAN JULIAN PENA (EJP): Imagino cada letra contando a sua
própria história independente, muitas vezes como uma cena curta. O elemento
comum é que imagino essas letras passando-se numa terra fictícia,
predominantemente com personagens fictícios, quando as escrevo.
Zosimos foi lançada como a primeira
faixa para streaming. O que torna essa música representativa do álbum?
LS: Sentimos que Zosimos abrange muito do que fazemos. Há algumas
partes mais rápidas e outras mais lentas, algumas mais intensas e outras menos
intensas, e muitas mudanças de mood. O grande refrão também foi um fator
na seleção da música. Debatemos usar A Corpse’s Dream como a primeira
faixa lançada, mas acabamos por decidir usar Zosimos.
Houve algum momento
específico durante o processo de composição ou gravação de A Land Long Gone que
tenha sido especialmente decisivo ou marcante para esta nova fase da banda?
LS: Duas coisas vêm à mente. A primeira foi quando tive as ideias iniciais
para as músicas que se tornaram A Corpse’s Dream e Zosimos. Parte
da música do álbum já tinha sido escrita nessa altura. Passage e Hubris
datam de 2016/2017, embora Hubris tenha passado por algumas mudanças
importantes desde a sua versão inicial. Mas em 2020 ou 2021, durante um período
em que eu não estava a tocar muito guitarra, os riffs principais de A
Corpse’s Dream e Zosimos surgiram na minha cabeça, e eu certifiquei-me
de gravar essas ideias imediatamente. Senti que ambas as músicas ainda soavam
como Professor Emeritus, mas eram um pouco mais únicas do que algumas
das músicas do álbum de estreia. Isso como que preparou o terreno para as
outras músicas que viriam a seguir. A segunda foi a conexão com o Esteban. A
voz, a energia, a criatividade dele... tudo o que ele trouxe para a banda
realmente motivou o resto de nós e continua a motivar. Ele foi a peça final do
quebra-cabeça necessária para levar a banda para uma nova era.
Trabalharam com Pete
Grossmann na Bricktop Recording e Brad Boatright na Audiosiege. Como é que essas
contribuições moldaram a atmosfera geral e a textura sonora do álbum?
LS: O Pete teve um enorme impacto no álbum. A sua orientação no estúdio
teve um efeito significativo no álbum, tanto em termos de som como de
desempenho. Os seus métodos e comportamento tornaram muito fácil relaxar e
concentrar-nos nos nossos objetivos. Pete também deu sugestões oportunas
durante a gravação, o que levou a alguns resultados interessantes. O trabalho
de Brad realmente deu o toque final ao álbum e adicionou uma camada extra ao
som.
Vamos falar sobre a
capa criada por Adam Burke. Ela evoca uma sensação de isolamento místico e
grandiosidade. Que instruções deram a Adam? De que forma esta capa reflete o
conteúdo do álbum?
LS: A capa era, na verdade, uma obra já existente que Adam tinha pintado e
que estava disponível para licenciamento. Não tínhamos certeza do que queríamos
para a capa, mas por acaso vi Adam a postar algumas pinturas concluídas que
ainda estavam disponíveis e, assim que as vi, fiquei impressionado. Todos
concordámos rapidamente e conseguimos garantir a licença para ela em cerca de
um dia depois de eu a ter visto pela primeira vez. Isso foi antes mesmo de o
título do álbum existir, mas acabou por representar perfeitamente uma
interpretação de A Land Long Gone.
O panorama do metal continua a
mudar, com o ressurgimento dos sons doom e tradicionais, especialmente no teu
país. Onde vês que os Professor Emeritus se podem encaixar nesse movimento mais
amplo?
TYLER ANTRAM (TA): Todos nós temos uma grande variedade de
influências, portanto, à medida que o panorama do género muda, continuamos a
extrair todas as nossas influências e a refinar essas ideias para que soem como
nós. Tentamos compor músicas que nos interessam e que nós mesmos gostamos, e
assim continuamos a incorporar ideias que ouvimos em outros artistas e tentamos
dar-lhes o nosso toque pessoal.
Finalmente, agora que o
álbum foi lançado, o que vem a seguir para os Professor Emeritus? Há planos
para tournées ou outros eventos?
LS: Estamos a trabalhar num espetáculo MUITO emocionante em Chicago, que
acontecerá no final deste ano. Além disso, gostaríamos de expandir um pouco o
nosso raio de atuação daqui para frente, já que todos os nossos espetáculos até
agora foram na área de Chicago. Também esperamos tocar na Europa algum dia!
Mais uma vez, obrigado,
pessoal. Querem enviar alguma mensagem aos vossos fãs ou aos nossos leitores?
LS: Obrigado a todos que ouviram o álbum e nos apoiaram! Quem ainda não
ouviu, ouça. Está disponível em CD connosco ou na No Remorse Records, e
digitalmente no Bandcamp, Spotify, etc. Por fim, um grande
obrigado ao Pedro por teres conversado connosco!



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