Reviews VN2000: NIGHTINGALE, GOOT, VULTURE INDUSTRIES; EDGE OF SANITY; CALL OF CHARON

 


The Breathing Shadow (NIGHTINGALE)

(2025, InsideOut Music)

Três décadas após a sua edição original, a estreia dos Nightingale, The Breathing Shadow, regressa numa cuidada e revitalizada reedição comemorativa, via InsideOut Music. Lançado originalmente em 1995 como um projeto exclusivamente a solo de Dan Swanö, o álbum marcou o nascimento dos Nightingale e o início de uma viagem por sonoridades de rock gótico e atmosférico, profundamente influenciado por nomes como Sisters Of Mercy ou Fields Of The Nephilim. Gravado e misturado em apenas uma semana no Unisound Studio, o disco evidencia o génio multi-instrumentista de Swanö que, sozinho, assinou todos os instrumentos e vocais. The Breathing Shadow distingue-se ainda por ser o único da discografia da banda a recorrer a uma caixa de ritmos em vez de bateria acústica. Nesta reedição de 2025, o disco surge remasterizado pelo próprio Dan Swanö, que procura preservar a essência original enquanto corrige pequenas falhas de mistura. Esta é uma edição que ganha fôlego extra com a inclusão de um segundo CD repleto de conteúdos inéditos e versões alternativas: Nightfall Overture surge mais despida e introspetiva; Sleep… aproxima-se de ambientes à New Order; Higher Than The Sky reinventa-se como de um hino de dark metal se tratasse; The Dreamreader, surge transformada num dueto minimalista entre piano e voz. A estas acrescentam-se raridades como gravações ao vivo de 2010 a 2012, demos, versões alternativas e até mesmo a curiosíssima Tint Gör Ont, uma gravação caseira de 1979, onde Dan, com apenas seis anos, já mostrava o seu fascínio pela música ao lado dos irmãos Dag e Ingjald, no projeto infantil Fordz. Mais do que uma mera recuperação de catálogo, The Breathing Shadow é um clássico obscuro finalmente reerguido das sombras. [83%]



 

The Toll Remains The Same (GOOT)

(2025, Worldlessness Records

Depois de cinco discos em cinco anos, o projeto internacional GOOT mantém a impressionante cadência criativa e regressa com The Toll Remains The Same. Mas este é um trabalho diferente. Com 17 faixas e mais de 72 minutos de duração, assume-se como um extended EP, funcionando como uma ponte entre o conceptual Weight Of Days (2024) e o aguardado segundo longa-duração com a participação do veterano David Reece, previsto para 2026. Cruzando os códigos do big rock, do hard rock clássico e do heavy metal com a estética moderna, The Toll Remains The Same traz quatro temas inéditos (o tema-título, Holes In Me, Echelon Of Lies e Fail Better) e uma nova versão remasterizada do single It’s Just Life. Após estas cinco faixas principais, seguem-se remisturas, versões alternativas e instrumentais, algumas extraídas dos arquivos do coletivo, outras concebidas de raiz para esta edição. Entre os destaques estão as versões alternativas de Fail Better e Babylon In The Rain, o remix ambient de Mythical Self, as três faixas instrumentais inéditas (Devour, Hollow Horses e Icarus Down) e as quatro remisturas modernas a cargo de Q-Ran. O ponto forte volta a ser a presença do lendário David Reece (Accept, Bonfire), que não só dá voz à totalidade das novas faixas, como colabora nos arranjos. Mas não é só Reece que reforça esta edição. Wayne Dorman (Onslaught) assume lugar de destaque nas guitarras principais, nomeadamente nos temas The Toll Remains The Same, Echelon Of Lies, Fail Better e Devour, além de assinar a versão orquestral de Fail Better. O leque de convidados inclui ainda nomes como Alex Corona, Igor Arbuzov, Ilya Morozov, Anabelle Iratni (teclista de Cradle Of Filth) e Anton Kuran. Vamos agora perceber se The Toll Remains The Same funciona mais como epílogo do ciclo Weight Of Days, se como prelúdio promissor de uma nova etapa. [82%]



 

The Enemy Within/The Benevolent Pawn (VULTURE INDUSTRIES)

(2025, Dark Essence Records)

Os noruegueses Vulture Industries terão a reedição de dois dos seus primeiros registos, The Enemy Within (2004) e The Benevolent Pawn (2005), ficando apenas a faltar The Sleeper (2003). The Enemy Within, gravado com bateria programada e produção caseira, já revelava a identidade singular da banda, com elementos dramáticos e estruturas que escapavam às convenções do metal mais tradicional. No ano seguinte, em 2005, a banda daria continuidade com o EP The Benevolent Pawn, também editado em CD-R, contendo três faixas que viriam mais tarde a ser regravadas para o seu aclamado álbum de estreia The Dystopia Journals (2007), esse sim já lançado oficialmente pela Dark Essence Records. Estes lançamentos rapidamente conquistaram a atenção dos meios especializados, não apenas pela ambição composicional (um cruzamento entre progressive metal, avant-garde, gothic rock e art rock), mas pela abordagem estética pouco convencional, que fugia à típica fórmula do metal extremo, recorrendo a dinâmicas teatrais, vocais performativos e uma palete emocional invulgar. Cerca de vinte anos depois, esta demo e EP serão finalmente disponibilizadas pela primeira vez em vinil, numa edição altamente limitada de apenas 100 cópias, através do seu selo, a Dark Essence Records. Uma oportunidade única para quem deseja ouvir onde tudo começou recuperando-se um passado que já revelava uma visão de futuro clara e profundamente autoral. [83%]



 

Crimson (EDGE OF SANITY)

(2025, Century Media Records)

Editado pela Black Mark Production, Crimson é o quinto álbum de estúdio dos suecos Edge Of Sanity e marcou, em 1996, um ponto de viragem na carreira da banda, não só por ser o seu primeiro álbum conceptual, mas também por apresentar uma estrutura absolutamente invulgar com uma única faixa com 40 minutos. Com uma narrativa futurista e apocalíptica, e a colaboração especial de Mikael Åkerfeldt (Opeth), Crimson tornou-se rapidamente um dos registos mais aclamados do metal extremo progressivo, sendo ainda hoje considerado por muitos como a obra-prima do grupo liderado por Dan Swanö. Para além de Åkerfeldt, esta obra conta ainda com a colaboração de Anders Måreby no violoncelo. O sucesso artístico do álbum levaria ao lançamento de uma sequela direta, Crimson II, em 2003, já como um esforço solitário de Swanö. Esta reedição de 2025, agora promovida pela Century Media Records, devolve o álbum ao público em toda a sua glória, com o som que Swanö sempre idealizou, sendo que na versão digital o tema único aparece subdividido em oito partes para facilitar a navegação. Hoje, quase 30 anos após a sua estreia, a reedição de Crimson é uma redescoberta. Uma oportunidade para voltar a mergulhar num clássico que ousou romper com todas as normas e que, em 2025, soa mais vital do que nunca. [86%]



 

Tales Of Tragedy (CALL OF CHARON)

(2025, Massacre Records)

Há muito afastada dos lançamentos, é com agrado que registamos o primeiro título do novo ano para a lendária Massacre Records. E começa logo de forma intensa com o segundo trabalho dos Call Of Charon, Tales Of Tragedy. E este título não poderia ter sido melhor escolhido. Os problemas no interior da banda são conhecidos há muito o que esteve na origem de sucessivas mudanças de formação; pelo meio houve uma pandemia, falecimentos e problemas familiares e de saúde dos membros; finalmente, a situação de indefinição da label também não terá ajudado. Tudo isto se reflete num Tales Of Tragedy composto por letras muito sérias e obscuras, com pouco espaço para momentos ou finais felizes.  Musicalmente, composição continua no ponto onde o último EP, The Sound Of Sorrow, terminou, isto é, com uma influência muito mais vincada do death metal/deathcore. Ainda que os breakdowns caraterísticos da banda estejam presentes, foram introduzidos novos elementos como guitarras black metal rápidas e mais melodias no desenho sonoro, sendo perfeitamente percetível no encerramento One More Day. Ainda assim, atendendo a que temos 10 temas distribuídos por 32 minutos, percebe-se que o foco principal deste quinteto germânico é ser direto, incisivo e penetrante, sem procurar elaborar ou divagar muito. E, de facto, isso foi plenamente conseguido. [73%]

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DISCO DA SEMANA VN2000 #49/2025: For The Love Of Drama (PINN DROPP) (Oskar Records)

MÚSICA DA SEMANA VN2000 #49/2025: The Illusionist (SKULL & CROSSBONES) (Massacre Records)