Reviews: Trio Alcatifa; Ex Norwegian; Red Hot Shame; 3.2; Kraken

 

Triofásico (TRIO ALCATIFA)

(2022, Independente)

O projeto nacional Trio Alcatifa pode ser descrito, de forma direta, com três adjetivos: inebriantes, hilariantes e festivos. O trio formado por dr. Alban no trompete, dr. Bombazine no sax alto e dr. Rashid nos teclados soltaram o seu álbum de estreia intitulado Triofásico onde se apresenta uma mistura exótica e exuberante de sonoridades de diversas culturas. O trio faz da experimentação e fusão a sua imagem de marca. Entre o folk, sonoridades arábicas, pinceladas balcânicas, música de dança e batidas eletrónicas, Triofásico mostra a identidade criativa dos Trio Alcatifa. E coloca o seu nome no patamar dos mais originais e de caráter multicultural mais acentuado do panorama  musical nacional. [77%]



 

Spook Du Jour (EX NORWEGIAN)

(2022, Think Like A Key Music)

Trinta minutos. Doze canções. Muita ambiência 60s/70s e muita guitarra acústica. Mas, ao mesmo tempo que as canções se apresentam maneirinhas, com uma instrumentação direta e arranjos bastante orgânicos, também denotam pouca intensidade. E, acima de tudo, revelam-se algo limitadas, raramente evoluindo para algo diferente do seu estado inicial e não sendo nunca capazes de suscitar qualquer surpresa. Por isso, Spook Du Jour, o novo álbum dos Ex Norwegian, acaba por soar um pouco a desilusão. Mesmo que a espaços a referência The Beatles seja enriquecida por outras referências mais criativas (como Davie Bowie ou The Velvet Underground), isso não é suficiente. Ou que em algumas faixas, como por exemplo Airlash, o coletivo consiga dar uma ideia diferente e deixar no ar que poderia ter ido mais longe. [68%]



 

My Satellite (RED HOT SHAME)

(2022, Independente)

Red Hot Shame é o projeto idealizado pelo músico californiano Xeff Scolari, sendo que o seu mais recente disco, My Satellite, resulta da conjugação de esforços de diversos músicos da cena local. My Satellite, sucessor de Curiosity, de 2021, é composto por canções com diversas camadas de texturas sónicas, onde se incluem sopros, mellotron de sonoridades vintage e até acordeão e harmónica. O álbum, que se encontra dividido em três capítulos e um epílogo, começa logo de forma explosiva, com Liftoff, mas depois acaba por evoluir para muitas e diferenciadas paisagens sonoras, ou utilizando a temática do álbum, para o espaço sideral. Destas, destacaríamos as belas composições 60s incluídas no segundo capítulo (nomeadamente Solitude e My Shuttle), o rock ‘n’ roll em formato eletroacústico de Eject e o country de Come On, Rocket. [76%]



 

Alive At ProgStock (3.2)

(2022, 2nd Street Records)

A história fala-nos de como nasceu o projeto 3: Keith Emerson e Carl Palmer convidaram Robert Berry para tocar com eles substituindo Greg Lake. Mais tarde, com mudanças de membros e com o falecimento de Keith Emerson, o projeto foi reformulado, renomeando-se de 3.2. E quando foi preciso levar o espetacular álbum The Rules Have Changed para a estrada, Berry recrutou Paul Keller, da banda 3 original, Jimmy Keegan (dos Spock’s Beard) e Andrew Colyer (dos Circuline). Neste formato fizeram uma tour pela América do Norte com 29 datas, onde se inclui o espetáculo no ProgStock Festival. Espetáculo esse que agora é apresentado nesta obra com um duplo CD e DVD e onde é possível percorrer toda a carreira de 30 anos de Robert Berry no prog rock e que inclui Steve Howe (Yes), Geoff Downes (GTR), a série de álbuns da Magna Carta Tribute, entre outros. Os temas são introduzidos por esparsos da história que esteve na origem e no desenvolvimento dos projetos 3 e 3.2. Mais que a qualidade da música – que, naturalmente, é prog rock da melhor casta – o que aqui conta é a vertente histórica e documental deste álbum. [86%]



 

Shallow Waters (KRAKEN)

(2022, Independente)

Os Kraken são mais uma banda nacional que se tem mostrado de forma muito positiva. Desde logo o quarteto não lanças discos em formato físico, por isso o primeiro (Unnamed Sea, de 2020) e o mais recente Shallow Waters só podem ser encontrados em formato digital. O curioso neste novo trabalho é o seu design que simboliza a bandeira da quarentena marítima, que os marinheiros hasteavam em caso de doença a bordo quando se aproximavam do porto. Mas, não se assustem nem com a bandeira (porque Shallow Waters não carrega nenhuma doença!) nem com o nome, porque estes Kraken não são ameaçadores. Sete temas em 32 minutos é, então, o resultado apresentado neste novo disco. Um disco que mantém o feeling do rock, do blues, do stoner e até do soul. Todos estes apontamentos podem ser encontrados mais ou menos dispersos em Shallow Waters, com referência para o uso da guitarra acústica em dois temas, um deles com arranjos orquestrais. A produção pouco polida transporta um som sujo e amplamente orgânico, que mostra os Kraken no seu habitat natural (leia-se: garagem) e faz crer que quando se deslocaram para outros habitats (entendam-se: palco), estarão perfeitamente adaptados. [75%]

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