Entrevista: DRKNSS

 


Após um longo período de inatividade, os DRKNSS (antigos The Darkness) regressam com uma nova abordagem ao seu passado, revisitando e reconstruindo temas criados na juventude, agora enriquecidos por uma visão mais madura. Pela mão de Barros Onyx, acompanhado de membros originais e um novo, a banda renasce sob uma nova identidade, mantendo o espírito original, mas integrando elementos modernos, como o recurso a programações eletrónicas. Nesta conversa com Barros Onyx, exploramos este regresso, os desafios da reinvenção e a atualidade do seu som.

 

Olá, Barros, tudo bem? Obrigado pela disponibilidade. Após anos de inatividade, o que motivou o regresso dos DRKNSS?

Por aqui esta sempre tudo bem é sempre Rock & Roll. Quando se faz meio século entre os humanos, tem que se fazer algo especial que nos marque para sempre como uma tattoo. E assim recomeçou o meu caminho, desassossegar todos os membros das bandas que fiz parte no meu percurso musical. The Darkness, Wanted, Dark Wings Syndrome, Secrecy, Crazy Muu e OZ Ensaiamos 3 músicas de cada banda e criamos uma viagem no tempo. Os The Darkness foram a primeira banda, tinha eu 19 anos. Após este grandioso aniversário/concerto as coisas foram-se desenvolvendo naturalmente e quando nos apercebemos estávamos a trabalhar/desconstruir as músicas antigas para lhes a dar uma nova vida.

 

Ao longo deste período os DRKNSS estiveram parados, mas os seus músicos não. Podes contar-nos como passaram este longo período de tempo?

Após The Darkness terem seguido caminhos diferentes, eu continuei na música com vários projetos de vários estilos musicais.   Da formação dos The Darkness, o baterista Xola, acompanhou-me para a banda Wanted (thrash metal) após esta ter encerrado atividades, o Xola deixou a música. No entanto, regressou há dois anos com a nova banda Godsin. O Lobo também deixou a música até este regresso. Eu e o Jorge Oliveira já temos um historial musical grande, digamos que desde que nos conhecemos nunca mais paramos de fazer música juntos. O Jorge Oliveira já anda na música há bastante tempo, teve vários projetos, Secrecy, OZ, Crazy Muu, e também esteve comigo em Dark Wings Syndrome 2.0. O Jorge Oliveira foi o elemento que entrou para os DRKNSS e que não fazia parte da formação original.

 

Quais foram os principais desafios na reinvenção dos temas originais da banda?

O maior desafio foi desconstruir/transpor/criar as músicas para este século, não perder a essência das músicas que foram criadas pelos rapazes que tinham 19 anos e eram inexperientes no mundo musical. Tornar as músicas mais ricas, não perder o espírito dos anos 90. Este trabalho definitivamente foi possível pois o Jorge Oliveira tem uma musicalidade e uma visão fantástica.

 

Três dos membros originais estão de novo juntos, com a adição de Jorge Oliveira. Como foi o processo da sua adaptação e integração aos teclados e programações?

Foi excelente! Eu já trabalho com o Jorge Oliveira há mais de 10 anos, nós temos uma química musical fora de série. O Jorge Oliveira é simplesmente uma máquina musical.

 

O álbum apresenta sonoridades que exploram o universo mais puro do rock gótico. Qual foi a inspiração principal para o conceito do álbum?

A nossa inspiração principal advém de uma vampira gótica flamejante. A nossa prioridade foi sempre manter o nosso som original a nossa essência, o Rock Gótico e depois transformar o som com muita eletrónica. Talvez possa dizer, transformar naquilo que gostaríamos de ter feito quando nos juntamos com os nossos 19 anitos.

 

Como descreverias o equilíbrio entre o uso de programações modernas e a essência clássica do rock gótico que carateriza o álbum?

O perfeito casamento no universo gótico.

 

Um tema como Fields Of War é um apelo contra a futilidade da guerra. Consideram-na uma resposta aos tempos atuais?

Por incrível que pareça, sim, consideramos esta letra uma resposta aos tempos atuais. Contudo, esta letra foi escrita em 1989 e infelizmente ela continua atual.  Gostaríamos muito de dizer que a letra está desatualizada, mas ao longo dos anos, nós humanos, não conseguimos viver em harmonia. Continuamos a ter fanáticos insaciáveis, multidões a seguir falsos profetas, criaturas insanas e impiedosas em busca de poder.

 

Para os fãs que vos acompanham desde 1989, como gostariam que percebessem esta nova fase da banda?

Tudo isto é um recomeço, é uma nova abordagem do que éramos. Agora mais maduros e talvez com uma visão diferente da de outros tempos. Somente demos mais vida, digamos que, renasceram mais misteriosas e lúgubres. E por fim alteramos o nome de The Darkness para DRKNSS.

 

Que impacto esperas que The Darkness tenha na cena do rock gótico em Portugal e mesmo internacionalmente?

Mais uma vez, escolhemos mal o estilo musical para o país onde estamos. Em Portugal existem poucas bandas dentro da nossa sonoridade, somos uns sobreviventes e persistentes a lutar contra a maré. Estamos quase sozinhos, não temos um circuito onde possamos tocar regularmente, com várias bandas, dentro do mesmo género musical.  No entanto, temos tido muito bom feedback tanto do CD como dos concertos. Internacionalmente o feedback também tem sido muito positivo, temos vendido bem o CD.

 

A apresentação do álbum foi no dia 11 de janeiro. Como correu a noite e o evento?

Foi uma noite mágica, foi um grande concerto e o público aderiu muito ao espetáculo. Grande festa uma vez mais!


Há planos para uma tour ou mais apresentações ao vivo além desse concerto?

Para já é cedo para falarmos numa tour. Quanto às apresentações ao vivo, iniciamos com o concerto do dia 11 de janeiro na Casa do Artista Amador, Louro Vila Nova de Famalicão, dia 18 de janeiro na BlackBox em Guimarães, foram muito bons os concertos. Dia 01 fevereiro tocámos ao vivo no Porto, no Barracuda Roque Club. Contudo, não temos muitas salas/bares onde haja concertos dentro do nosso estilo musical, no entanto, estamos a trabalhar para poder dar mais espetáculos em Portugal e também em Espanha.

 

Obrigado, Barros. Que mensagem gostarias de deixar aos vossos ouvintes e aos teus fãs?

“Temos em nós todos os sonhos do mundo”. Fernando Pessoa no plural. Não deixem que o rock gótico pereça. Invistam na cultura musical. Saudações góticas.

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