Entrevista: Three Of Me

 

Após um período de crescimento e consolidação, os Three Of Me regressam com Silence In The Attic, um trabalho que promete elevar a identidade sonora da banda nortenha a um novo patamar. Desde o lançamento de Black Dog, a coletivo percorreu diversos palcos e integrou novos elementos, refletindo-se numa evolução notória. O vocalista e guitarrista ritmo, Ricardo Dourado, esteve à conversa com Via Nocturna, e falou-nos do processo criativo do novo álbum, das influências que marcaram esta fase e dos desafios enfrentados ao longo do caminho.

 

Olá, Ricardo, é um prazer voltar a conversar contigo e com os Three Of Me. Desde a nossa última entrevista em 2021, como tem sido a vida da banda?

Viva Pedro, muito obrigado por conversares connosco novamente, o prazer é todo nosso. Desde 2021 e respetivo lançamento do Black Dog, tivemos oportunidade de rodar vários palcos para levar o nosso trabalho pelo país, incluindo alguns festivais como o The Skull Room Rockfest, Riverstone e Laurus Nobilis, contribuindo imenso para o nosso crescimento e maturidade enquanto banda.

 

Silence In The Attic é o vosso novo álbum. Como decorreu o processo de composição e gravação? Houve alguma abordagem diferente em comparação com o álbum anterior, Black Dog?

O processo de composição não diferiu muito do anterior. O ritual consistiu em trazer as minhas ideias num formato de rascunho à banda e obter os condimentos necessários para cada uma das músicas através da contribuição importantíssima dos restantes elementos para obter um produto final, que culminou neste Silence In The Attic.

 

A mim, parece-me que este álbum está mais consistente e com dinâmicas muito mais elaboradas. Concordas? Era essa uma das vossas orientações ou objetivos à partida?

Sim, sem dúvida. Procuramos sempre o crescimento e evolução naquilo que fazemos, algo que só o tempo e dedicação podem trazer. Quisemos explorar vertentes mais pesadas, principalmente no que toca à voz, e trazer novas dinâmicas às composições. Do meu ponto de vista, foi um objetivo cumprido com orgulho, principalmente porque nos obrigou a sair da zona de conforto.

 

Em termos globais, que diferenças podem os fãs esperar neste novo trabalho em relação ao anterior? Houve alguma nova influência ou experimentação sonora?

Para além das bandas que sigo e ouço com regularidade como Alter Bridge, Sevendust, Chevelle, Karnivool também vou acompanhando bandas que vão surgindo e trazendo lufadas de ar fresco como Sleep Token, Jinjer ou Spiritbox. São bandas que conseguem sempre surpreender com a quebra de barreiras no que toca a géneros e trilhar um caminho muito próprio. Com isto não quero dizer que Three Of Me o faz da mesma forma, mas abriu um pouco mais a visão daquilo que podemos fazer enquanto banda.

 

Quais são os principais temas líricos abordados em Silence In The Attic? Houve alguma inspiração específica que tenha orientado a escrita deste álbum?

Sem querer cair no clichê, praticamente toda a escrita é relacionada com a luta pessoal contra o mal-estar mental. É uma batalha contínua que muita gente tem que lidar com, e algo que me ajuda de certa forma dando palavras aos pensamentos, bons e maus, para que os primeiros ganhem mais força que os segundos.

 

Quais foram os principais desafios que enfrentaram durante a produção deste novo álbum e como os superaram?

Do ponto de vista de trabalho de estúdio, acima de tudo que o produto final tinha a qualidade necessária aos nossos olhos e comparativamente com as produções atuais. Este trabalho foi também gravado, misturado e masterizado por mim no The Skull Room Studio e enquanto produtor, tal como enquanto músico, a busca pela evolução e conhecimento é uma jornada interminável e tento fazer com que esse crescimento seja visível a cada trabalho que apresentamos, por isso esse foi sem dúvida o nosso maior desafio.

 

Observámos que o baterista João Chaves se juntou à banda. Poderias falar-nos sobre como esta mudança influenciou a dinâmica e o processo criativo dos Three Of Me?

O João surgiu por recomendação do Gaspar Ribeiro, que esteve connosco enquanto baterista de sessão, e veio trazer a estabilidade que precisávamos ao projeto para garantir que conseguimos trilhar o nosso caminho ao vivo de forma mais assídua. O Gaspar é um baterista de enormíssima qualidade e por isso deixou uma vaga difícil de preencher, mas o João encarou o desafio de frente e, com a enorme qualidade que também possui, encaixou que nem uma luva na nossa banda e a sua contribuição e criatividade nota-se bem neste novo álbum.

 

O álbum saiu em novembro, por isso como tem sido a sua receção por parte dos fãs e da crítica especializada?

Tem sido bastante bem recebido, com feedback extremamente positivo e de grande nota para a evolução e crescimento sentidos de um álbum para o outro.

 

A arte da capa é particularmente interessante. Podes dizer-nos quem foi o responsável? E de que forma se conecta com a temática da obra?

Todo o artwork foi realizado pelo Rafael Tavares, (Rafael Tavares (@tavaresartwork) Instagram photos and videos), sob as ideias providenciadas pelo Miguel. A ilustração representa o quão solitária pode ser a nossa mente e o quão suscetíveis estamos sob o olhar atento do buraco negro que por vezes nos consome.

 

Que vídeos foram criados a partir de Silence In The Attic e o porquê dessas escolhas?

O primeiro vídeo foi o de Sick, sem dúvida o single mais forte deste trabalho, na nossa opinião, e o que melhor mostra a nossa nova cara enquanto banda. Neste primeiro vídeo trabalhamos com a Agência Criativa (@coalblur) • Instagram photos and videos, responsáveis por alguns dos melhores videoclips na nossa ótica. O segundo é um lyric video, de Deadlock que utiliza o artwork do álbum como visualizer.

 

Com o lançamento de Silence In The Attic, existem planos para uma digressão ou concertos de apresentação?

A tour de apresentação do álbum arrancou em dezembro de 2024, com a primeira data a 6 de dezembro no Buraco Pub e temos mais 6 datas oficializadas para 2025, com mais 4 ainda em conversação. Vão poder ver-nos de norte a sul este ano onde vamos apresentar o nosso Silence In The Attic, mantendo sempre algum material do Black Dog no set-list.

 

Obrigado pela entrevista, Ricardo. Que mensagem gostarias de transmitir aos fãs que têm acompanhado a vossa jornada e apoiado o vosso trabalho?

O nosso enorme agradecimento a todos que nos têm acompanhado, que marcam presença nos nossos concertos e mostram continuamente o seu apoio. É com essa energia que nos alimentamos e nos dá força para continuar a fazer aquilo que mais gostamos e partilhar essa experiência dentro e fora do palco. Muito obrigado Pedro.

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