Lost In Grey (WIDERSIN)
(2023,
Independente)
Lost In Grey é o álbum de estreia dos gregos WiderSin.
Foi lançado em 2023, mas só agora chegou à nossa mesa de trabalho. E é pena,
porque este conjunto de oito faixas é uma impressionante fusão de stoner
rock, grunge e alternativo, enriquecida pela distinta personalidade
que as bandas gregas têm vindo a demonstrar nos últimos tempos. A influência de
bandas como Black Sabbath, Eagles Of Death Metal, Pearl Jam
e Soundgarden pode ser detetada em alguns momentos, mas os WiderSin
conseguem imprimir uma identidade muito própria ao longo das suas composições.
Num álbum todo ele equilibrado e requintado, onde os atenienses nunca
demonstrar estar perdidos em lado nenhum, chamamos a atenção para Martyrs,
verdadeiro malhão, com riffs bem trabalhados, melodias ricas e um
solo magnifico; Port, uma verdadeira torrente de melancolia, emoção e
sensibilidade, com vocais que transmitem um sofrimento palpável; Into The
Light que surpreende ao incorporar elementos de doom metal nos
segundos finais; e Father's Son, épico de quase 12 minutos que encerra o
álbum, e que evoca influências de Pink Floyd na sua fase inicial, antes
de evoluir para uma peça poderosa e emocional. Nesta altura, a banda
encontra-se a preparar o sucessor deste registo, por isso, a atender por este Lost
In Grey, poderemos antecipar mais uma demonstração de maturidade e um trabalho
coeso e cativante. [91%]
Renacer (NURCRY)
(2024, Art
Gates Records)
Na cabeça de Angel Gutiérrez, os Nurcry
já existem desde os anos 80. Fisica e materialmente existem desde 2021, sendo Renacer
o terceiro álbum do coletivo. Quanto a este novo trabalho, ele marca um significativo
ponto de viragem na discografia da banda madrilena, evidenciando uma evolução
notável em relação aos seus trabalhos anteriores. Mantendo-se fiel às suas
raízes no heavy e power metal, incorpora uma abordagem fresca e
moderna, que se repercute num som mais pesado e refinado. Desde a faixa de
abertura, Indómito, que se percebe que os Nurcry trazem uma energia
contagiante, que acaba por ser uma das carateristicas do espírito de
renascimento que a banda pretende transmitir. Uma energia que volta a ser
fortemente sentida em Megalomanía, que apresenta um ritmo acelerado e
solos de guitarra impressionantes, e nas guitarras rápidas e bateria pulsante de
Fénix, tema que simboliza o
renascimento. O contraponto surge nas melodias suaves de Niño Invisible,
com um refrão cativante, e na balada Bella Luna, uma composição poética.
Desta forma, os Nurcry assinam um álbum que não reiventa a roda, mas que
se mostra perfeitamente equilibrado com um forte e sólido conjunto de canções
que apetecem ser ouvidas. [83%]
Withered Heart Standing (TETHRA)
(2024, Meuse Music Records)
Quatro anos foi quanto demorou a construção de
Withered Heart Standing, quarto álbum dos Tethra. Os italianos
carregam essa curiosidade de terem lançado um álbum por cada editora e, mais
uma vez, a tradição cumpre-se com a estreia para a label belga, Meuse
Music Records. Para além de estreias, também há regressos, com o
guitarrista Gabriele Monti a voltar às seis cordas. Quanto a este álbum,
é um must para fãs de sonoridades góticas/doom/death metal,
na linha de My Dying Bride, Novembers Doom ou Paradise Lost.
Os ritmos cadenciados e compassados, carregados de melancolia e de uma beleza
ímpar, vão-se sucedendo em temas longos que nos abraçam na sua angústia e no
desespero, cenários bem pintados pela dinâmica vocal criada pelos guturais,
vocais limpos e, ainda, vozes femininas. Momentos de raiva também podem ser
sentidos, naquelas orientações um pouco mais para as linhas death metal,
embora os Tethra consigam sempre ser mais românticos e trágicos que
propriamente brutos e demolidores. São oito as composições sólidas que vão
desfilando, sem momentos de fraqueza. E que ainda são enriquecidas por
contribuições que ajudam a elevar este álbum a outros patamares de magia.
Falamos dos contributos dos vocalistas Elisabetta Marchetti e Joe
Ferghieph, de Valerio Rizzotti (teclados, guitarra acústica) e,
fundamentalmente, de Adriano Ancarani (violoncelo), Corrado Bosco
(saxofone) e Davide "Billa" Brambilla (piano). Withered
Heart Standing é um álbum espetacular, de uma delicadeza única e de uma
sensibilidade tocante. É um disco que, independentemente de toda a tonalidade negra,
nos comove e nos toca de forma quente e profunda. [93%]
Infernal (EDGE OF SANITY)
(2025, Century Media Records)
O segundo capítulo da campanha de relançamento
do catálogo dos suecos Edge Of Sanity promovida pela Century Media
Records continua com as reedições de The Spectral Sorrows (em
dezembro do ano passado) e de Infernal, título sobre o qual nos
debrçaremos agora. Infernal foi o
sexto álbum de estúdio da banda, originalmente editado em 1997 pela Black
Mark Production. Gravado nos famosos Abyss Studios sob a produção de
Peter Tägtgren (Hypocrisy, Pain), Infernal
representou uma fase turbulenta na trajetória da banda, marcada pela saída de Dan
Swanö logo após as gravações, devido a divergências artísticas com Andreas
Axelsson. Apesar desta separação, Swanö eventualmente reassumiria o nome Edge
Of Sanity após a dissolução da formação clássica, que lançou o sucessor Cryptic.
A nova edição de Infernal apresenta um trabalho de remasterização
meticuloso feito pelo próprio Dan Swanö, garantindo um som revitalizado
e mais equilibrado. Contudo, devido à ausência dos ficheiros áudio multifaixa
originais, não foi possível realizar uma remistura completa do álbum. Ainda
assim, Swanö afirma que esta versão permite uma experiência auditiva mais
apurada e menos fatigante. Com este relançamento, os fãs terão a oportunidade
de redescobrir um dos álbuns mais experimentais e subestimados da banda, que
inclui faixas icónicas como Hell Is Where The Heart Is, 15:36, Helter
Skelter, Losing Myself e The Last Song. Curiosamente, Losing
Myself seria mais tarde regravada por Swanö com a sua banda Nightingale,
no álbum Nightfall Overture. Esta reedição surge em diversos formatos
digitais e físicos, merecendo realce a edição limitada deluxe 2CD jewelcase
em O-Card, contendo o álbum remasterizado e um segundo disco com
gravações ao vivo de 1991 inéditas, versões nunca antes lançadas da demo
de 1996 e uma remasterização do tema Moonshine, interpretado em sueco
por todos os membros da banda. [86%]
Elegy – Chapter I (EDGE OF SANITY)
(2025, Century Media Records)
Elegy - Chapter I é a compilação que reúne, pela primeira vez, uma seleção das primeiras gravações da banda sueca de death metal Edge Of Sanity. Esta coleção inclui demos promocionais, de ensaios e de estúdio, como Euthanasia (1989), The Immortal Rehearsals (1990), kur-nu-gi-a (1990), The Dead (1990) e Dead But Dreaming (1992). Todas as faixas foram remasterizadas por Dan Swanö, vocalista, compositor e produtor da banda. Além disso, 13 faixas das demos Euthanasia, kur-nu-gi-a e The Dead receberam remixes especiais para um disco bónus. A compilação estará disponível em diferentes formatos, incluindo um duplo LP em vinil preto, um duplo LP em vinil verde transparente (limitado a 500 cópias) e uma edição deluxe em duplo CD com capa especial. Esta coleção oferece aos fãs uma oportunidade única de explorar as raízes dos Edge Of Sanity, apresentando uma visão aprofundada da evolução da banda no cenário do death metal sueco. Para os entusiastas do género e colecionadores, Elegy - Chapter I representa uma adição valiosa, capturando a essência do som cru e inovador que definiu os suecos nas suas fases iniciais. [83%]
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