Entrevista: BionKill

 

O thrash metal nunca perdeu a sua essência combativa, e os BionKill são a mais recente prova disso. Formado em junho de 2023, o duo português – composto por José "Melkor" Marreiros e Rui Vieira – nasce da paixão pela agressividade crua do thrash old school, evocando a intensidade das grandes referências dos anos 80 e 90. Com o seu álbum de estreia, They Must Die, o projeto resgata a essência do género à qual adiciona uma forte mensagem contestatária, refletindo as inquietações do mundo atual. Para saber mais sobre esta nova investida, estivemos à conversa com José "Melkor" Marreiros.

 

Olá, José, tudo bem? Como tens passado? Obrigado pela disponibilidade. Como surgiu a ideia de formar os BionKill e qual foi a motivação por detrás da criação da banda em junho de 2023?

Olá! Está tudo ótimo, obrigado pelo convite e pelo interesse em Bionkill! A ideia de formar a banda surgiu de forma bastante natural. Eu e o Rui já tínhamos um longo percurso dentro do metal, cada um com os seus projetos, e já nos conhecíamos de nos termos cruzado na estrada com outras bandas. No entanto, nunca tínhamos trabalhado juntos diretamente. O convite partiu do Rui, que me desafiou a embarcar nesta jornada. Partilhamos uma paixão em comum pelo thrash metal old school dos anos 80 e início dos 90, e sempre falávamos sobre criar algo nessa linha, com aquela agressividade crua e direta, mas sem abrir mão de variações melódicas e estruturais. Esse acabou por ser o primeiro de muitos projetos que foram surgindo com toda a naturalidade, conforme os nossos vastos gostos musicais. Em junho de 2023, decidimos finalmente avançar com Bionkill. A motivação veio da vontade de resgatar a essência do thrash clássico, mas também de transmitir uma mensagem forte e relevante. O mundo atravessa tempos turbulentos, e sentimos que era o momento certo para canalizar essa revolta em música, denunciando os planos sombrios que estão a ser impostos sobre a sociedade. Bionkill é thrash metal sem filtros, tanto na sonoridade como na mensagem!

 

Porque a opção de um formato em duo?

A opção de um formato em duo deveu-se à nossa experiência em composição e gravação. Tanto eu como o Rui conseguimos materializar a nossa visão para Bionkill sem a necessidade de uma banda completa no estúdio. Trabalhar a dois permitiu-nos ter total liberdade criativa e um processo mais direto. Não houve necessidade de compromissos ou ajustes para acomodar diferentes opiniões, sabíamos exatamente o que queríamos e como queríamos que soasse. Para enriquecer o álbum, convidámos o Pedro ‘D-Void’ para os solos, o que trouxe um brilho extra às músicas. Mas a base instrumental e toda a estrutura foram criadas por mim, enquanto o Rui assumiu a parte lírica e vocal. Esta abordagem permitiu-nos manter o controlo total sobre o som e a mensagem de Bionkill, garantindo que o resultado final fosse exatamente como imaginámos.

 

E como surgiu essa colaboração com Pedro 'D-Void' nos solos de guitarra do álbum?

A colaboração com o Pedro ‘D-Void’ surgiu de forma muito natural. Eu e o Rui já tínhamos a estrutura do álbum bem definida, com os riffs, bateria e baixo gravados, mas sabíamos que os solos precisavam de alguém com a abordagem certa para elevar ainda mais as músicas. O Pedro é um grande amigo da minha adolescência, alguém com quem partilhei muitos momentos dentro e fora da música. Para além disso, ele tem um percurso impressionante no metal, tanto com Re:aktor como com Sirius, e sempre admirámos o seu trabalho. Ele tem uma versatilidade enorme e um feeling que encaixava perfeitamente naquilo que queríamos para Bionkill. Falámos com ele, explicámos o conceito do álbum e o que procurávamos em termos de solos. Ele percebeu de imediato a nossa visão e trouxe algo realmente especial para cada faixa, com solos poderosos, técnicos e cheios de emoção. O resultado ficou brutal e deu aquele toque final que precisávamos para completar o álbum.

 

Quais são as principais influências musicais que moldaram o som de They Must Die?

As principais influências musicais que moldaram o som de They Must Die vêm diretamente da velha escola do thrash metal dos anos 80 e início dos 90. Bandas como Kreator, Slayer, Metallica, Testament e Sepultura foram referências incontornáveis na construção da nossa sonoridade. Queríamos captar aquela agressividade crua e direta, sem comprometer a dinâmica e as variações melódicas que também fazem parte da nossa identidade. Além do thrash, há também influências subtis de outros estilos dentro do metal, nomeadamente do death e até de algumas atmosferas mais pesadas e sombrias que ajudam a dar mais profundidade ao álbum. No fundo, procurámos manter a essência do thrash clássico, mas com um toque próprio, adaptado ao que sentimos e queremos transmitir com Bionkill.

 

Podes descrever o processo de composição e gravação do álbum?

O processo de composição e gravação de They Must Die foi ágil e direto, sem grandes obstáculos. Trabalhámos à distância na fase de composição, trocando ideias constantemente sobre os temas, as estruturas das músicas e as letras. Eu fui gravando a parte instrumental no meu estúdio (Studios13), criando a base com guitarras ritmo, baixo e bateria, sempre com um equilíbrio entre agressividade, peso e variações melódicas. O Rui foi desenvolvendo as letras e ajustando as linhas vocais para que a mensagem tivesse o impacto necessário. Depois de termos tudo bem estruturado, o Rui veio até ao Studios13 para gravar as vozes. Queríamos garantir que tudo encaixava na perfeição e que a interpretação vocal transmitia a energia e a força que o álbum exige. Quando as gravações estavam finalizadas, o Pedro ‘D-Void’ gravou os solos no seu próprio estúdio, trazendo um toque especial às músicas. A sua abordagem técnica e criativa acrescentou uma nova camada de intensidade ao álbum. A mistura e masterização ficaram a cargo de Paulo Vieira em conjunto comigo e com o Rui Vieira. O objetivo foi garantir que o álbum tivesse o peso, a clareza e a agressividade necessários para transmitir a mensagem e a atmosfera que queríamos criar. No final, conseguimos um trabalho que reflete perfeitamente a essência do Bionkill: puro thrash metal com garra, autenticidade e uma mensagem que não pode ser ignorada.

 

Quais foram os maiores desafios que enfrentaram durante a produção do álbum?

A produção de They Must Die trouxe alguns desafios, como acontece em qualquer projeto sério e ambicioso. Um dos principais foi a logística de trabalhar à distância. Durante a fase de composição, eu e o Rui trocámos ideias remotamente, ajustando as músicas e letras até estarmos completamente satisfeitos. Só depois passámos à gravação nos Studios13, o que exigiu um planeamento rigoroso para garantir que tudo fluía sem imprevistos. Outro aspeto desafiador foi alcançar o equilíbrio certo entre agressividade e dinâmica. Queríamos um som cru e direto, mas com espaço para variações melódicas e estruturais que tornassem o álbum mais interessante e intenso. Cada música foi trabalhada para manter essa essência sem perder impacto. Além disso, coordenar a participação do Pedro ‘D-Void’ exigiu alguma organização, já que ele gravou os solos no seu próprio estúdio. No entanto, tudo correu dentro do esperado, e os seus contributos acrescentaram uma dimensão extra ao álbum. Apesar destes desafios, o resultado final reflete exatamente a visão que tínhamos para Bionkill: um thrash metal poderoso, sem concessões e com uma mensagem forte.

 

Quais são os próximos passos para os BionKill após o lançamento de They Must Die?

Após o lançamento de They Must Die, o foco imediato para os BioNKill será na promoção do álbum. Queremos garantir que a mensagem e o som do disco cheguem a tantos fãs de thrash metal quanto possível. Vamos concentrar-nos em divulgar o álbum através de plataformas digitais, redes sociais e também com entrevistas e media especializados. A ideia é fazer com que o público conheça o trabalho que fizemos e a visão por trás de Bionkill. Além disso, continuamos a trabalhar noutros projetos musicais, sempre com o intuito de expandir a nossa expressão artística e manter a nossa presença no cenário do metal. O objetivo é consolidar o nome da banda e manter a relevância, sempre com o foco na intensidade e na mensagem que queremos passar.

 

Para além dos BionKill, tens estado envolvido em outros projetos musicais. Como equilibras essas diferentes facetas? Há alguma influência mútua entre eles?

Sim, estou envolvido em vários projetos além dos BionKill, como Necro Algorithm, Vehemence Abyss e Eerie Resonance, que exploram estilos bem diferentes, como thrash metal, death metal, black metal e música ambiental. Além destes, tenho muitos outros projetos, cada um com a sua própria abordagem e sonoridade. Embora as influências se cruzem, a diversidade de estilos mantém a minha criatividade sempre em movimento. Adaptar as minhas ideias de um projeto para outro, respeitando as especificidades de cada estilo, enriquece o meu trabalho de forma única.

 

Com o lançamento de They Must Die, existem planos para uma digressão ou concertos de apresentação?

Neste momento, não temos planos para uma digressão ou concertos de apresentação de They Must Die. A nossa principal prioridade é focar na promoção do álbum, divulgando-o o máximo possível e garantindo que a mensagem por trás do trabalho chegue aos fãs. A dinâmica do projeto, sendo um duo, torna as apresentações ao vivo mais desafiadoras, mas por agora estamos concentrados em expandir a visibilidade do álbum através de outras formas de promoção, como entrevistas e outras ações de marketing.

 

Obrigado pela entrevista, José. Queres deixar alguma mensagem final?

Obrigado pelo apoio e pelo interesse em They Must Die! Este álbum representa muito para nós, não só a nível musical, mas também pela mensagem que transmite. Esperamos que quem o ouvir sinta a energia e a intensidade com que foi criado. A música nacional tem um enorme valor, com bandas excecionais que merecem mais reconhecimento. Apoiem a cena nacional, descubram novas bandas e mantenham viva a chama do metal. Continuaremos a fazer o que gostamos, sempre com a mesma garra e dedicação.

Comentários

DISCO DA SEMANA VN2000 #16/2025: Polaris (NACHTSCHATTEN) (Bleeding Nose Records)

MÚSICA DA SEMANA VN2000 #17/2025: Incarnadine (TRIBUNAL) (20 Buck Spin))

GRUPO DO MÊS VN2000 #04/2025: All Against (Raging Planet Records)