Reviews NV2000: NIGHTINGALE; VERITAS; THE RED CROWN; GODSLAVE; LYSERGIC

 


Alive Again (NIGHTINGALE)

(2025, InsideOut Music)

Mais de duas décadas após a sua estreia, Alive Again, o aclamado quarto álbum de estúdio dos Nightingale, regressa numa reedição especial que celebra o legado da banda sueca. Originalmente lançado apenas em CD em 2003, o álbum é agora apresentado numa versão remasterizada pelo frontman, compositor e produtor Dan Swanö, disponível nos formatos Ltd. Digipak 2CD (com 10 faixas mais 20 faixas bónus) com O-card e, pela primeira vez, em vinil de 180g (10 faixas). Alive Again, que traz como subtítulo The Breathing Shadow, Part IV, marca o capítulo final da saga conceptual de The Breathing Shadow, iniciada com o álbum homónimo em 1995. Este trabalho foi também o primeiro a contar com Erik Oskarsson (baixo, vocais) e Tom Björn (bateria), completando a formação clássica com os irmãos Dan e Dag Swanö, à qual se juntpou, como convidado, Arjen Lucassen (Ayreon, Star One) no tema Falling. O álbum representa a transição da sonoridade da banda, explorando uma fusão entre o rock dos anos 70, AOR, prog e metal. Entre as faixas de destaque encontram-se Shadowman, The Glory Days, Shadowland Serenade e a épica Eternal, com mais de 11 minutos. Esta reedição revive um marco essencial da discografia dos Nightingale, oferecendo aos fãs uma experiência ampliada através do vasto conjunto de faixas bónus. Um capítulo obrigatório para qualquer apreciador de rock progressivo e metal melódico. [89%]



 

Silent Script (VERITAS)

(2024, Wormholedeath Records)

Os Veritas nasceram em 2012 em Kansas City e já contam com três trabalhos lançados: o EP homónimo (2029, Independente), Threads Of Fatality (2020, Independente) e Silent Script (2023, Sliptrick Records). Recentemente a banda assinou pela Wormholedeath Records e, como é prática comum na label italiana, o primeiro passo foi promover uma nova prensagem do seu último álbum. Assim, Silent Script surge numa nova versão, apresentando 12 faixas que evidenciam a mestria da banda em fundir elementos de heavy, power e metal progressivo, mas que não acrescenta nada à primeira prensagem. Ritmicamente temos uma base sólida e dinâmica; no campo vocal, nota-se uma fluência fácil entre vocais limpos e tons mais agressivos; ao nível da guitarra, os riffs e solos são os pontos maior em destaque. No entanto, sendo certo que deve ser reconhecida a qualidade técnica do álbum, sente-se que faltam momentos de verdadeira memorabilidade. E será necessário esperar pela segunda metade, com Oxygene, More That I Can Say e, principalmente Modulate, para sentir empolgamento. Silent Script traz uma mistura de influências de hard rock e heavy metal dos anos 80 com uma abordagem moderna e marca uma evolução artística significativa na carreira dos norte-americanos, o que faz deste coletivo um nome a olhar com atenção para um próximo lançamento de originais. [70%]



 

SpellBound (THE RED CROWN)

(2025, Independente)

Com raízes no Brasil e um presente firmemente estabelecido em Portugal, os The Red Crow lançam-se na cena stoner metal com Spellbound, o seu álbum de estreia. Este é um disco com 10 temas que solidifica a identidade sonora da banda, misturando os riffs graves e esmagadores e os grooves hipnóticos do stoner metal com atmosferas psicadélicas e letras que evocam um universo sombrio de existencialismo e figuras fantásticas, enveredando por territórios assombrados por zombies, extraterrestres e demónios. Influenciados por nomes como Red Fang, Wolfmother e Queens of the Stone Age, os The Red Crow fazem de Spellbound uma jornada onde o peso do metal encontra a energia bruta do rock alternativo, proporcionando uma experiência densa e carregada de fuzz. As linhas de baixo retumbantes e uma produção suja, amplifica a sensação de um transe hipnótico e poderoso. Desde hinos de fazer tremer os ossos a faixas assombrosamente atmosféricas, Spellbound capta a energia crua e a mística negra que definem o som dos The Red Crow, revelando uma banda disposta a explorar os limites do stoner metal com autenticidade e intensidade. [71%]



 

Champions (GODSLAVE)

(2025, Metalville Records)

Os Godslave celebram 15 anos de carreira com Champions, um álbum tributo que presta homenagem às bandas e canções que mais os influenciaram ao longo do seu percurso. Champions é trabalho que marca uma viagem às raízes musicais do grupo, revelando a paixão que os mantém unidos e ativos no cenário do thrash metal. O seu conceito distingue-se pela diversidade de estilos abordados. Embora o thrash metal seja o pilar da banda, o alinhamento inclui surpresas inesperadas, como versões de temas punk de Pennywise, NOFX e The Offspring, ao lado de clássicos do heavy metal de Judas Priest, Motörhead, Iced Earth, Twisted Sister e Whiplash. Ainda mais surpreendente é a inclusão de Full Nelson, dos Limp Bizkit, uma escolha ousada que os Godslave transformam por completo, deixando apenas traços subtis do original. Além disso, há espaço para incursões pelo gótico e industrial, com Nepenthe dos Sentenced e Rain dos Samael, bem como momentos de pura nostalgia com Nightrocker, de David Hasselhoff. O punk germânico também marca presença com Seelentherapie, dos Die Toten Hosen, enquanto o hardcore ganha voz através de Rocky, dos Dog Eat Dog. Com o coletivo germânico a preparar o terreno para um novo álbum de originais, prometido para o início de 2026, Champions serve, ao memso tempo, de celebração e de exercício de nostalgia. [79%]



 

Black And Blue (LYSERGIC)

(2025, Independente)

Os Lysergic são uma banda portuguesa criada por João Corceiro, guitarrista conhecido pela sua passagem por bandas como W.A.K.O. e Okkultist. Depois de dois singles da segunda metade de 2024, surge o álbum que traz como título Black And Blue e que vem acompanhado de composições onde a experimentação se alia a uma base de peso imponente. A fusão de elementos progressivos revela-se na complexidade rítmica e na abordagem das guitarras, que, apesar da sua riqueza, não perdem a acidez abrasiva. O álbum constrói-se sobre uma atmosfera densa e melancólica, sustentada por linhas de piano e orquestrações subtis, que reforçam o lado mais introspetivo da banda. No entanto, há momentos em que a estrutura musical adquire um caráter maquinal, impondo uma rigidez mecânica que contrasta com a emotividade das melodias. Por outro lado, a maior dose de agressividade surge no campo vocal, a remeter para tendências metalcore. E acaba por ser este equilíbrio entre técnica, peso e atmosfera que confere ao álbum uma identidade própria, onde a força bruta e a melancolia coexistem num diálogo dinâmico e intenso. [78%]

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