Com uma história que remonta aos inícios dos anos 90 e um legado
firmemente assente nas raízes do epic metal, os
gregos Reflection regressam finalmente aos discos, oito anos após o muito
aclamado Bleed Babylon Bleed (2017). Para além de um regresso, The
Battle I Have Won também representa a superação de um período
particularmente atribulado, pautado por adversidades pessoais, mudanças de
formação e uma pandemia que quase deitou tudo por terra. Stathis Pavlantis,
guitarrista, compositor e mentor da banda, falou connosco com a franqueza de
quem viu o impossível tornar-se real, e de quem continua a empunhar a sua
espada musical com orgulho, emoção e honra.
Olá, Stathis, obrigado pela disponibilidade. O vosso novo álbum
está aí, mas já se passaram oito anos desde Bleed Babylon Bleed (2017). Que fatores contribuíram para
este longo intervalo entre os álbuns?
Olá, Pedro! É sempre um
prazer! Sim, finalmente temos um novo álbum! Em primeiro lugar, quero lembrar a
todos que não somos uma banda profissional nem estamos vinculados a nenhum
contrato ou algo do género. Nestes últimos 8 anos, aconteceram muitas coisas,
como a Covid, um novo vocalista e alguns problemas de saúde realmente graves. O
facto de termos conseguido lançar um álbum foi contra todas as expetativas!
Podes partilhar mais algumas perspetivas pessoais sobre esse
período — qual foi a parte mais desafiante?
De longe, a parte mais
desafiante foi quando o meu irmão George fez uma cirurgia e o médico o
aconselhou a não se «mexer» por pelo menos 8 meses. Foi nesse período que já
tínhamos montado a bateria no estúdio e estávamos a gravar as faixas, prontos
para finalizar tudo. Então, paramos de repente. E depois disso, quando ele se
recuperou, sofreu um acidente de carro causado por um idiota que atravessou a
rua em alta velocidade com o carro e nem percebeu o semáforo vermelho. O George
estava com a sua mota e foi atirado para longe. A mota ficou completamente
destruída e o George ficou novamente mais 8 meses sem fazer nada...
Recentemente, os Reflection apresentaram um novo vocalista. Podes
descrever como surgiu essa situação e o que ele traz para a banda em termos de
estilo e emoção?
Depois de o George, o
nosso vocalista anterior, ter deixado a banda, ficámos com um grande dilema
sobre o que deveríamos fazer. Embora tivéssemos as músicas prontas para serem
gravadas, eu não estava de muito bom humor. Mas o meu irmão e o John (o nosso
baixista) insistiam que devíamos continuar. O Kostas é um ótimo cantor e um
ótimo tipo. Somos amigos há muito tempo. Já tínhamos trabalhado juntos em
projetos de estúdio e ele é um ótimo intérprete. Quando ouviu as músicas, ficou
entusiasmado em se juntar à banda. Fizemos algumas demos juntos e a sua capacidade
impressionou-nos. Ele fez uma enorme diferença no álbum! Ele é um cantor de voz
aguda, com uma voz muito emotiva e clara. Deu às músicas uma dimensão diferente
daquela que tínhamos em mente!
Foi uma transição difícil, como disseste, mas como achas que a sua
presença mudou a dinâmica dos espetáculos e a energia em estúdio?
Sempre que um novo membro
entra, traz uma nova aura. Embora o Kostas seja um grande artista, não tivemos
a oportunidade de tocar ao vivo juntos. O nosso primeiro concerto é no dia 30
de agosto no Golden R Festival, juntamente com Rhapsody Of Fire, Old
Man’s Child, Iron Savior, etc.
Durante este intervalo, os Reflection passaram de uma banda de um
quinteto para um quarteto. O que motivou esta mudança? Esta redução afetou o
vosso processo criativo?
Embora fôssemos uma banda
de cinco integrantes, nunca tocamos como tal. Isso deveu-se às obrigações
familiares e profissionais do nosso teclista. Desde então, nos nossos
espetáculos usamos backing tracks com todos os teclados e arranjos. Mas Iraklis
Loukakis não conseguiu acompanhar, portanto o meu melhor amigo e maestro Kostas
Rekleitis foi chamado para ajudar. Embora ele more em Los Angeles,
conseguimos trabalhar juntos e concluir a tarefa. Não, isso não afetou o nosso
processo criativo de forma alguma. Pelo contrário, uma banda de quatro
elementos é mais fácil de viajar e fazer digressões!
Em 2017, partilhaste uma entrevista abrangente connosco. Olhando
para trás, o que mais se destacou daquele momento e como achas que cresceram
desde essa altura?
Claro, lembro-mo bem!!!
Crescer nos nossos tempos parece mais um privilégio do que um padrão físico. Em
termos de banda, fizemos uma infinidade de coisas incríveis. Alguns ótimos
espetáculos na Europa, uma minitournée na Rússia, etc. Em termos de
família, foi a Covid, com certeza. A minha esposa é enfermeira da linha de
frente e todo esse período de Covid foi muito stressante para nós e para os nossos
filhos.
O título do novo álbum sugere uma narrativa conceptual. Podes
explicar melhor este conceito? É baseado na história, mitologia ou lutas
pessoais?
(Risos), tudo isso!
Algumas músicas são histórias pessoais ocultas. Mas como a mitologia grega é
quase infinita, nós usamo-la a nosso favor! O tema-título fala sobre um velho
rei que se senta cansado e relembra todas as suas batalhas e levanta a taça
para brindar àqueles que morreram pela sua espada. E saúda-os. Esta é uma
música para as lutas diárias de todos. Para quem luta pela sua vida, pela sua
família, pelos seus amigos. Para todos nós...
Podemos notar alguns riffs
épicos com sabor mediterrânico e oriental. Como é que abordaram a mistura
dessas influências regionais com o vosso estilo epic metal já
estabelecido?
Boa pergunta! A Grécia
tem uma grande história musical. Estando no meio do Mediterrâneo, é impossível
não ser afetado. Crescemos a ouvir música folclórica tradicional nativa.
Isso faz parte da nossa cultura. Ainda o fazemos. Acho que é muito natural para
nós misturar influências tradicionais com riffs pesados. Também é
preciso ter bons estudos musicais (risos)!
Em álbuns anteriores colaboraram com convidados como Mats Leven
e Albert Bell. Há alguma participação especial ou colaboração de destaque em The Battle I Have Won?
Além da colaboração com Kostas
Rekleitis, não há nenhuma outra. Isso deve-se principalmente à pressão do
tempo. Depois de todos os obstáculos que enfrentámos, tivemos de terminar
rápido e com eficácia! Portanto, não tivemos o privilégio de lidar com
convidados. Mas adoramos ter convidados! Provavelmente no próximo álbum!
Depois de um intervalo tão longo, quais são os vossos objetivos
para este novo lançamento? Tournées,
festivais, planos de apresentações especiais?
Para ser sincero, não
temos objetivos específicos. Estamos no processo de cancelar espetáculos e
apresentações em vez de agendar, devido às nossas obrigações familiares.
Infelizmente, temos de ser mais seletivos, pois não temos tempo disponível.
Isso não significa, é claro, que não nos iremos apresentar! Já agendamos alguns
festivais e espetáculos muito fixes. E, claro, esperamos poder lançar outro
álbum em menos de 8 anos!!!
Mais uma vez, obrigado, Stathis. Queres enviar alguma mensagem
aos vossos fãs ou aos nossos leitores?
Quero agradecer-vos, pois
estão sempre entre os primeiros a apoiar a banda, e quero agradecer a todos que
nos encorajaram durante estes 8 anos a continuar e nunca deixaram de nos
apoiar! Deus vos abençoe a todos!



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