E agora vamos falar de um álbum que tem apenas 4 músicas. Não sendo EP, e embora também não sendo inédito, o que é certo é que não é muito vulgar. Dois desses temas aproximam-se da meia hora de duração. Logo, claramente estamos a falar de um álbum de metal/rock progressivo. Nem mais. E estamos a falar de um senhor chamado Neal Morse, o homem que formou os Spock’s Beard e que com eles conviveu 10 anos e o homem que ajudou os Transatlantic a crescer. Depois de se converter ao Cristianismo, Morse achou que lhe faltava qualquer coisa para completar a sua existência como músico e lançou-se em nome individual. E em boa hora o fez. Sola Scriptura, o sexto álbum de originais, é um manifesto de bom gosto como o haviam sido os seus antecessores. Partindo de uma base claramente influenciada pelo rock sinfónico dos anos 70, Neal Morse, constrói um mundo à parte no que toca ao rock de inspiração progressiva. Apontamentos que vão desde os Dream Theater aos Pink Floyd, tudo aqui pode ser encontrado (até flamenco, jazz, blues ou bossa-nova!!) num pacote muito bem arranjado pelo mestre. Por entre devaneios instrumentais e belas melodias os longos minutos dos temas não são de forma alguma notados, pela forma escorreita e fluida como Morse os compôs para que eles se desenvolvam e cresçam de forma natural e espontânea, havendo sempre pontos de contacto entre as diversas partes da canção. Independentemente da controvérsia que tem sido gerada pelo conteúdo lírico, o que aqui nos traz é, de facto, a grande qualidade de Neal Morse como compositor e o excelente trabalho que nos apresenta neste início de ano. Tecnicamente irrepreensível, Mike Portnoy e Randy George dão o mote com uma secção rítmica no limite da perfeição. Por outro lado a participação do guitarrista Paul Gilbert transporta os temas para outra dimensão. É, aliás, nas longas partes instrumentais que todo o esplendor vem ao cima. São notáveis os duelos guitarra/teclados ora num tom calmo ora num tom mais aceso e acalorado. O piscar de olhos à exposição radiofónica chega-nos pela mão do tema mais curto do álbum (cerca de 5 minutos) de uma balada (Heaven In My Heart) com uma melodia que chega a arrepiar.
Nota VN: 18,67 (1º)
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