A propósito do novo projecto de Hugo Flores, Factory Of Dreams, conversámos com o próprio multi-instrumentista e com a vocalista sueca Jessica Letho. Aqui ficam as suas opiniões.
Via Nocturna (VN): Desde o início pensaste em criar algo diferente para um projecto novo ou decidiste, durante o processo criativo, que aqueles temas precisariam de um novo nome?
Hugo Flores (HF): Foi logo desde o início que decidi que queria mesmo um projecto novo, um som diferente e uma nova abordagem aos temas. Quando comecei a compor tinha já isso em mente e a estrutura musical foi determinada pelo género que queria construir, assumidamente mais simples e direccionado. Depois de completar a mistura do Dawn on Pyther, de Project Creation, fechei-me no estúdio e durante umas duas semanas gravei coisas aleatórias. Sabes que, inicialmente, o projecto era muito orientado para uma música ambiental e depois evoluiu para uma mistura entre som atmosférico e metal. Não é metal puro e duro, mas Factory incorpora guitarras muito distorcidas que tornam o som poderoso.
VN: Neste trabalho assumes as despesas de todos os instrumentos. Sentes-te confortável nessa posição?
HF: Sim, bastante. Gosto de ter o controlo da música e desde que saiba usar os instrumentos para o fim que pretendo está tudo bem. Sempre que percebo que é necessário algo mais, ou que não domino eficazmente um instrumento, recorro a outros músicos. Factory não é demasiado exigente em termos de instrumentação, temos uma grande percentagem de sintetizadores, guitarras eléctricas e alguma guitarra baixo. Mas, para um próximo álbum, vamos mudar um pouco esta abordagem.
VN: Neste trabalho assumes as despesas de todos os instrumentos. Sentes-te confortável nessa posição?
HF: Sim, bastante. Gosto de ter o controlo da música e desde que saiba usar os instrumentos para o fim que pretendo está tudo bem. Sempre que percebo que é necessário algo mais, ou que não domino eficazmente um instrumento, recorro a outros músicos. Factory não é demasiado exigente em termos de instrumentação, temos uma grande percentagem de sintetizadores, guitarras eléctricas e alguma guitarra baixo. Mas, para um próximo álbum, vamos mudar um pouco esta abordagem.
VN: Porque não recorres a outros músicos?
HF: Porque queria mesmo que Factory fosse somente música minha e com uma voz feminina. Queria respirar e para isso precisava de uma música que surgisse facilmente e que fosse fácil de trabalhar, pelo menos mais fácil do que o meu outro projecto. Para Factory o que queria era uma abordagem simples, por completa oposição a Project Creation onde recorro a mais de 10 músicos e onde todos eles contribuem definitivamente para a atmosfera do álbum. De qualquer forma, em Factory, o Chris Brown tocou Fretless Bass e masterizou o cd. Para um próximo, talvez recorra a alguns convidados, mas o core será eu e Jessica.
VN: O facto de seres tu sozinho nos instrumentos, será, de alguma forma, impeditivo de se apresentarem ao vivo?
HF: Sinceramente não me preocupa muito esse facto. Se pretendesse construir uma banda comum, teria recrutado pelo menos 4 músicos. Quando comecei Factory e Project Creation, sabia que ambos os projectos seriam de difícil execução ao vivo. P. Creation pela quantidade de músicos e Factory pela distância entre os dois músicos. Mas o meu objectivo principal é o de produzir álbuns em estúdio e ter uma história bem desenvolvida e suportada também em boa artwork . De qualquer forma não está posta de parte uma abordagem desta música ao vivo. Vamos ver se se reúnem as condições que precisamos. Até lá, o melhor será desfrutar do álbum Poles e dos de Project Creation.
VN: Porquê Factory Of Dreams? Será pela junção do som maquinal com a voz de sonho de Jessica?
HF: Também, mas igualmente pelo tema que abordamos. O mundo em que vivemos é uma fábrica de sonhos, ou deveria dizer ilusões? Quando se lê este nome, parece que é tudo muito risonho e bonito, mas não é bem assim, esta Factory é mais negra do que parece. Aspecto maquinal, sim, sem dúvida. Tudo o que envolva máquina versus orgânico fascina-me, tal como comprova também a tal libelinha mecânica que habita o Mundo dos dois primeiros álbuns de Project Creation, dominada pela sua vontade em se tornar mais humana e a ganhar emoções. Mecânico também pelos ritmos frenéticos que constroem algumas das faixas do álbum, ritmando as melodias vocais da Jessica.
VN: De certa forma, desta vez fugiste um pouco à temática científica. Foi devido a todo o enquadramento do novo projecto?
HF: Sim, fugi do tema típico de fantasia ou ficção científica pura, mas a verdade é que Poles, apesar de falar em coisas das quais todos devemos estar familiarizados, aborda tais temas através de um princípio ficcional. Poles é um local ou um planeta dividido em dois lados, com uma máquina que produz ilusões, e isto acaba por entrar na área da ficção. Mas quando escrevi as letras, não tinha propriamente um conceito de base, foi mais escrever o que me surgia e depois agregar tudo numa temática única. Quando se escreve um álbum em poucas semanas é natural que as letras que daí surjam tenham na sua essência um único conceito, pois é o que preocupa nesse dado momento quem escreve. Se, contrariamente, o álbum é escrito durante muito tempo, os temas podem dispersar-se mais, a não ser que conscientemente o levemos para um único tema.
VN: Em alguns temas nota-se muito positivismo. É essa a principal mensagem de Poles?
HF: Talvez, não sei bem sinceramente. A principal mensagem é mostrar que tanto o mal como o bem fazem parte da nossa natureza, por isso porquê evitar o mal quando este está presente nas nossas vias quotidianas? Isso seria o caminho para a hipocrisia que tanto já domina este Mundo. Eu diria que é 50% positivismo e 50% negativismo o que o álbum pretende mostrar, mas acima de qualquer conceito confesso que para mim a música talvez seja o mais importante no final de contas. Mas o cd acaba em suspenso, quase sem fôlego. Quando o personagem principal chega ao lado positivo, acaba por apenas ficar a conhecer esse lado. Quando se desconhece o mal, e apenas o bem, o Bem deixa de fazer sentido. O negativismo é necessário para que o conceito de positivismo exista. Este conceito está também relacionado com um planeta dividido em duas zonas, como referi, uma povoada pela ganância e a maldade e outra onde abunda a bondade. E como deves ter visto pela música Stream of Evil, estas duas áreas estão separadas por um tipo de mediador e canalizador de emoções, um rio de emoções, mas que é influenciado sobretudo pelo lado obscuro.
VN: Com o surgimento de FOD em que pé ficam ou estão Sonic Pulsar e Project Creation?
HF: Boa questão e posso adiantar que Project Creation é tanto uma prioridade como Factory, pois pretendo concretizar a trilogia brevemente. Em relação a Sonic Pulsar acho que terminou, por uma razão muito simples: Sonic é Project Creation, ou melhor, Project Creation é um Sonic Pulsar mais elaborado e complexo, daí eu estar a pensar em adaptar o conceito e composições que tinha idealizado para o terceiro Pulsar num outro álbum de Project Creation, mas após completar a trilogia inicial.
VN: Estás a pensar dar seguimento aos FOD ou esta foi uma aventura isolada? E será, de novo, com a Jessica?
HF: Desde que a magia continue a surgir, e por magia quero dizer aquela sensação ou arrepio que se sente quando se produz música e se fica envolto por esta, Factory irá continuar. Portanto, para já pretendo começar as gravações do segundo Factory of Dreams, pois já tenho algumas ideias e letras; estou entusiasmado com este segundo album. Poles foi um warm up, por assim dizer, e este segundo cd vai entrar por outros géneros estando a tornar-se mais forte e complexo. E sim, a Jessica faz parte de Factory, por isso pretendo continuar a trabalhar com ela. Sinto-me muito confortável e somos amigos, mesmo que à distância.
VN: Jessica, já conhecias o trabalho de Hugo Flores antes deste projecto?
Jessica Letho (JL): Não tinha ouvido nenhum dos seus projectos até à altura em que ele me contactou. Foi a primeira vez que tive contacto com a sua música e realmente gostei. Ele é um músico muito talentoso e o tipo de música que escreve não é similar com nada que tenha ouvido. Boa e refrescante música de uma pessoa simpática é algo que está garantido portanto fiquei muito feliz por me ter convidado.
VN: Como surgiu a hipótese da tua participação neste projecto?
JL: O Hugo Flores descobriu-me no meu myspace, decidiu contactar-me e, em poucos dias já tinha gravado algumas linhas vocais para Transmission Fails. Aí ele pode ver como a minha voz soava na sua música. Então, a colaboração começou.
VN: A tua participação foi a que nível? Limitou-se a colocar voz nos temas do Hugo ou pudeste criar algumas linhas melódicas e trabalhar vocalmente as estruturas já existentes?
JL: Criei muitas das linhas vocais. As estruturas estavam lá, as linhas de texto diziam quando deveria cantar, mas, na maioria doas canções, criei as melodias e harmonias.
VN: De que forma é que este projecto se enquadra na tua carreira enquanto vocalista?
JL: Não considero que tenha uma carreira enquanto cantora simplesmente porque ter a minha voz em algumas gravações que estão, actualmente, a serem editadas ainda parece um pouco surreal para mim (risos). Poles é o primeiro álbum editado por uma editora onde se pode encontrar a minha voz e por isso é um disco especial para mim. Ainda não sei como isso poderá influenciar o meu futuro como vocalista mas espero que muitas pessoas oiçam e gostem deste trabalho quer ao nível instrumental como musical.
VN: Fala-nos um pouco do teu projecto principal, Once There Was.
JL: Once There Was é o meu projecto. Escrevo todas as músicas e tenho algumas pessoas a ajudar nas misturas que é uma coisa que eu não consigo fazer sozinha porque não sou boa nisso e não tenho muita paciência para aprender. Gravei os vocais e usei muito software sintetizado e alguns plug-ins para a bateria e linhas de baixo. Até agora fiz três demos e estou a trabalhar em mais duas. Na minha quinta demo terei alguns músicos convidados e Hugo Flores será um deles.
JL: Criei muitas das linhas vocais. As estruturas estavam lá, as linhas de texto diziam quando deveria cantar, mas, na maioria doas canções, criei as melodias e harmonias.
VN: De que forma é que este projecto se enquadra na tua carreira enquanto vocalista?
JL: Não considero que tenha uma carreira enquanto cantora simplesmente porque ter a minha voz em algumas gravações que estão, actualmente, a serem editadas ainda parece um pouco surreal para mim (risos). Poles é o primeiro álbum editado por uma editora onde se pode encontrar a minha voz e por isso é um disco especial para mim. Ainda não sei como isso poderá influenciar o meu futuro como vocalista mas espero que muitas pessoas oiçam e gostem deste trabalho quer ao nível instrumental como musical.
VN: Fala-nos um pouco do teu projecto principal, Once There Was.
JL: Once There Was é o meu projecto. Escrevo todas as músicas e tenho algumas pessoas a ajudar nas misturas que é uma coisa que eu não consigo fazer sozinha porque não sou boa nisso e não tenho muita paciência para aprender. Gravei os vocais e usei muito software sintetizado e alguns plug-ins para a bateria e linhas de baixo. Até agora fiz três demos e estou a trabalhar em mais duas. Na minha quinta demo terei alguns músicos convidados e Hugo Flores será um deles.
VN: Como consegues gerir a participação em dois projectos tão afastados fisicamente?
JL: A distância não é um problema desde que mantenhas o contacto e não tenhas medo de ir perguntando o que não está tão claro. Na realidade, eu nuca trabalhei face a face com ninguém até agora, se exceptuarmos o trabalho nos Once There Was, obviamente. Mas eu espero que um dia eu e o Sr. Flores nos encontremos. Seria fantástico.
JL: A distância não é um problema desde que mantenhas o contacto e não tenhas medo de ir perguntando o que não está tão claro. Na realidade, eu nuca trabalhei face a face com ninguém até agora, se exceptuarmos o trabalho nos Once There Was, obviamente. Mas eu espero que um dia eu e o Sr. Flores nos encontremos. Seria fantástico.
VN: Vislumbras alguma hipótese de continuar a trabalhar com Hugo Flores neste ou noutro projecto?
JL: Continuarei a trabalhar com o Hugo enquanto for possível. É bom trabalhar com ele pois proporciona muita liberdade naquilo que fazes embora mantendo o rumo das suas ideis e projectos. Ele já tem algumas ideias para o segundo cd de Factory Of Dreams e eu continuarei a cantar com ele. E também cantarei algumas partes no próximo album de Project Creation.
JL: Continuarei a trabalhar com o Hugo enquanto for possível. É bom trabalhar com ele pois proporciona muita liberdade naquilo que fazes embora mantendo o rumo das suas ideis e projectos. Ele já tem algumas ideias para o segundo cd de Factory Of Dreams e eu continuarei a cantar com ele. E também cantarei algumas partes no próximo album de Project Creation.
Ótimo post. Não posso esperar para ler as próximas:)
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