Tremor marca a estreia dos Common Fluid de uma forma que surpreendeu muita gente. Emotividade e classe são dois dos adjectivos que se podem aplicar ao quarteto que acaba de conseguir uma editora que os ajude a alcançar ainda mais sucesso. Via Nocturna foi falar com Bruno Martins que explicou tudo. Confiram.
Tremor é o vosso primeiro lançamento. Estão plenamente satisfeitos com o resultado final?
Estamos completamente. Foi algo que a nível de composição demorou mais de dois anos a ser trabalhado, melhorado, alterado, etc. Todos os pequenos pormenores, desde a forma como fazemos uma passagem de estrofe para refrão, até como a voz encaixa com determinada parte da letra, foram amadurecendo durante esse tempo, transformando as músicas em canções. O facto de as tocarmos ao vivo intensivamente foi também uma grande mais-valia, porque víamos o que funcionava ou não. Por isso quando chegámos ao estúdio sabíamos exactamente o que queríamos e não andámos às voltas a perder tempo. A nível da produção do álbum, ficámos satisfeitíssimos porque tivemos a oportunidade e o prazer, de trabalhar com pessoas que entendiam o que queríamos e nos ajudaram a criar um trabalho coeso, muito bem gravado e principalmente com um feeling de som ao vivo que era exactamente o que estávamos à procura. Na altura do alinhamento das músicas, procurámos que elas fizessem sentido entre si. Acho que falta, hoje em dia, essa sensação de ouvir um álbum de uma ponta á outra e deixar-se levar por uma viagem sónica que tem uma corrente constante que passa de música para música. Por isso tentámos fazer isso mesmo. Alinhámos as músicas com se fazia antigamente para os vinis, ou seja, como se houvesse lado A e lado B! Portanto, o lado B começaria com a Nicotine.
Como conseguiram que tanta gente de renome internacional (e indiscutível qualidade) participasse na feitura do vosso disco?
Aqui tivemos a sorte de conhecer as pessoas certas. Ensaiamos, desde sempre, nos Black Sheep Studios, e estes são a casa do Makoto (If Lucy Fell), que já conhecemos há alguns anos. Quando decidimos gravar, ele foi a escolha óbvia porque além de ser nosso amigo, é em primeiro lugar, um produtor fenomenal. Sabíamos que o álbum gravado por ele teria um som forte e com a energia de uma gravação live. Quanto à mistura, também já conhecia o Fernando (f.e.v.e.r.) há alguns anos, e na altura ele estava a gravar com os nossos amigos Madcab nos Black Sheep também. Falámos e ele aceitou misturar o álbum o que para nós foi excelente, porque pensámos que seria bom ter uma visão diferente na mistura, para fazer soar o álbum mais eclético. E foi o que aconteceu. A energia e o som fenomenal captado pelo Makoto, ganharam uma grandeza na visão do Fernando, fazendo o Tremor crescer. A masterização com o Ed Brooks (Pearl Jam) foi uma sugestão do Makoto que já tinha trabalhado com ele diversas vezes (e continua a trabalhar). Falei com o Ed que se mostrou extremamente disponível, e aceitou logo trabalhar connosco. Ficámos obviamente entusiasmadíssimos, visto admirarmos o trabalho dele em bandas que para nós são referências! Por isso quando ouvimos o resultado final, foi logo á primeira que dissemos Está feito! É isto mesmo! Todo o processo de gravação e mistura foi feito num ambiente de muito boa onda, com todo o pessoal a trabalhar num álbum em que acreditavam, sem complicações e todos a quererem melhorar o som geral e final, desde a banda á equipa de produção!O Ed foi a cereja no topo!
Inicialmente, disponibilizaram o álbum para download gratuito. Qual era o objectivo?
O objectivo foi atingir o maior número de pessoas possível num curto espaço de tempo até termos editora. Numa altura em que a Internet é o maior veículo para uma banda mostrar o seu trabalho, achámos que seria uma boa ideia fazer o álbum correr mundo através do Myspace. Sem editora é difícil teres o teu álbum divulgado e não queríamos ficar parados com um álbum nas mãos à espera que alguém pegasse em nós. Por isso disponibilizámos o álbum gratuitamente para download. Outro objectivo era ter mais pessoas nos concertos, porque se não ouves nada da banda, também não tens muito interesse em vê-la ao vivo, mas se conheceres pelo menos três ou quatro músicas que gostes, já és capaz de dar lá um salto quando houver concerto. Teve resultados positivos, a nosso ver, porque em dois meses tivemos mais ou menos trezentos e tal downloads!
Pelo que pude ver no vosso myspace, já estão a trabalhar com uma editora, a Deadly Inc. Soundz. É essa a editora responsável pela edição que está disponível nas FNAC?
É. A Deadly Inc. Soundz é uma editora independente com uma vontade de aço, e o Pedro Alexandre é uma pessoa com uma vontade de trabalhar que contagia qualquer pessoa! Estamos muito contentes com esta parceria! O nosso objectivo, como o de todas as bandas acho eu, era ter garantida a distribuição do cd e a promoção/ agendamento de concertos. Essa é a parte mais difícil, porque toda a despesa das gravações e produção do cd foi feita por nós. Foi dispendioso mas já tínhamos decidido desde o início que seria assim, por isso estávamos preparados. Agora a parte da distribuição e promoção envolve conhecimentos dentro do meio que para uma editora se torna mais simples, até pelo peso que o selo de uma editora tem a nível de credibilidade no meio. Se fores a uma rádio ou às FNAC entregar o teu cd, dão prioridade aqueles que têm editora.
E como está a ser a reacção do público e da comunicação social?
Os concertos têm corrido bastante bem, com mais pessoas a conhecerem e a aparecerem. Apesar de só termos dado um concerto após estarmos com a Deadly Inc., o da FNAC de Cascais, as pessoas têm mostrado muito interesse em nós, em nos ver ao vivo e em ouvir o álbum. A nível da imprensa também tem sido positivo, a começar pela vossa crítica ao Tremor que gerou uma onda de curiosidade no álbum, que se reflectiu na altura, em bastantes downloads. Temos tido a nível de divulgação o apoio de outros blogs e até o jornal Metro fez um pequeno review ao álbum. Ainda falta muito, como as rádios, as revistas de música e obviamente a tv, mas estamos a trabalhar para tudo isso agora com a Deadly Inc.
Como correu a festa de apresentação do disco?
Correu bem! Estávamos um pouco ansiosos sendo a apresentação oficial com o apoio da editora, mas correu bastante bem. Foi um concerto em que tocámos metade do Tremor, a sala estava bem composta, com amigos e muita gente com bastante curiosidade em ver os Common Fluid no seu habitat natural! Demos um concerto energético, sem poupar nada! Sempre a abrir até ao fim. Queríamos que as pessoas saíssem dali com a sensação de um grande concerto na bagagem. E no fim vieram felicitar-nos e o ambiente geral foi o de missão cumprida.
É notória a vossa sistemática referência aos animais. Sentem que devem passar algum tipo de mensagem especial?
Há uma mensagem a passar, mas não pretendo que seja duma forma ditatorial. Escrevo sobre o que me afecta porque só assim me sinto bem a cantar. E em relação aos Direitos dos Animais, acho que é uma questão que tem sido ignorada ou escondida há demasiado tempo. Acho que se faz muito pouco, ou quase nada, no nosso país a nível político para acabar com estes problemas verdadeiramente chocantes que são as touradas, circos com animais ou qualquer tipo de tortura animal como divertimento para as massas. E o mesmo se passa em relação aos maus tratos a animais no geral. Não existem leis suficiente fortes para impedir as pessoas de cometerem actos de pura maldade para com os animais e isso revolta-me e choca-me, por isso desabafo nas minhas letras. Sou vegetariano, mas não quero obrigar toda a gente a ser também, mas quero que as pessoas saibam que existem outras formas de fazer as coisas, e que pelo menos saibam que os maus tratos a animais são reais, e que todos juntos podemos mudar isso se quisermos.
E essa mensagem está também presente nas letras de Tremor? Mas haverá, certamente, outros tópicos. Quais são?
As letras do Tremor são uma mistura de tudo o que está no meu cérebro e quer sair cá para fora, como se lá dentro sufocasse o pensamento. Além dos Direitos dos Animais, tenho uma grande dor no que diz respeito à forma como estamos a destruir a nossa casa, o nosso planeta. Catástrofes ecológicas como o derrame agora no Golfo do México, são problemas que têm um impacto tão negativo no planeta que nos afecta e vai continuar a afectar por muitos anos. E o problema não se limita a nós, mas também à fauna e à flora perdida neste pesadelo. Todos estes sentimentos se misturam na forma como eu vejo a vida. A apatia das pessoas perante todas estas situações, o poder político que apenas vê lucro ou prejuízo, desconsiderando por completo o impacto emocional que os despedimentos em massa causam nas pessoas, tudo isto está presente nas letras do Tremor. Mas se há algo que tenho, é esperança que as coisas evoluam, e é aí que entra aquilo a que se pode chamar de mensagem principal do álbum, bem demonstrada na Mid-Air Collision: É que podemos ultrapassar tudo isto com Amor. Amor como forma de resolver as nossas diferenças e evoluirmos enquanto seres humanos.
E em termos de concertos, como está a ser preparada divulgação ao vivo de Tremor?
Para já estamos a prepar uma tour pelas FNAC todas do país para divulgar e promover o álbum entre finais de Junho e Julho. Após essa tour, e talvez para Setembro, estamos a planear uma tour pelas salas e bares do país e há possibilidades duma pequena tour europeia como banda de suporte para uma banda americana! O álbum estará sempre à venda ao vivo, assim como o merchandising que estamos a elaborar! Tudo isto está a ser planeado com a Deadly Inc Soundz, por isso o futuro apresenta-se-nos risonho!
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