A comemorar 15 anos de carreira, os algarvios Mindlock assumem-se como um dos nomes mais importantes do cenário de peso da zona sul do país. Com Enemy Of Silence, o seu segundo trabalho, a banda volta a mostrar que não conhece nem tréguas nem concessões, assinando um dos mais fortes lançamentos do metal nacional deste ano. Para nos contar tudo, Via Nocturna contactou com Francisco Aragão e Carlos Vilhena.
Após 15 anos de carreira, como vêm esta edição do vosso segundo álbum, 7 anos depois de Ego Trip?
Não podia ser melhor. Percorremos um longo caminho até chegar ao resultado deste novo álbum. Foi uma caminhada difícil e nunca estivemos realmente parados. Muita gente não se apercebe das dificuldades que as bandas nacionais passam para se conseguirem manter activas e gravar algo que não seja apenas mais um conjunto de temas. Este álbum é o reflexo da experiência que tivemos enquanto banda para alcançar este tão aguardado trabalho. Foram precisamente as vivências ocorridas nesses 7 anos que serviram de inspiração para Enemy Of Silence. Estamos muito contentes com o resultado final, e temos a certeza que não fica atrás do que se faz por outros paises. Este album é 100% gravado, produzido e masterizado em Portugal.
E há alguma sensação especial por se tratar do primeiro lançamento da Rastilho Metal Records?
Claro que sim. A Rastilho foi a nossa primeira aposta para a edição deste álbum, logo, ficámos muito satisfeitos com o feed-back que tivémos. O facto de Enemy Of Silence inagurar a Rastilho Metal Records foi uma surpresa para nós e algo que acolhemos com muita satisfação. É sempre bom ter o reconhecimento do nosso trabalho, e pela primeira vez em 15 anos conseguimos o apoio de uma editora de renome em que, de certa forma, nos revemos, pois acompanhámos a sua evolução e sabemos que batalhou muito para chegar ao nivel em que se encontra. Por esse motivo sentimo-nos compreendidos e também respeitados pela Rastilho. É uma editora em que acreditamos e que está bem por dentro da realidade nacional a nível do mercado musical em que nos inserimos.
De que forma é que Enemy Of Silence demonstra a evolução da banda desde Manifesto, passando por Ego Trip?
Amadurecemos muito como músicos e como pessoas desde o nosso primeiro lançamento. Já nos conhecemos muito bem dentro e fora da sala de ensaio e sabemos até onde cada um pode chegar a nível tecnico e o que tem para dar a nível creativo.
Então, em “Enemy Of Silence”, decidímos sair do nosso ponto de conforto onde poderíamos ter feito um disco à imagem daquilo que tínhamos feito anteriormente, mas optámos por outra via. As batidas são mais rápidas, os riffs mais agressivos, o groove mais tenso e a mensagem mais directa e real. É um disco muito mais agressivo que os anteriores mas mais maduro. Achamos que conseguimos alcançar maior coesão e coerência ao nivel de composição e da mensagem que queremos transmitir. É disco com uma sonoridade mais dura criando mais momentos de tensão, sem desfazer a melodia e alguns momentos mais atmosféricos.
Afinal, porque Enemy Of Silence?
Tal como o nome indica, a escolha do título sugere uma questão meramente estética mas esconde uma outra interpretação. O título surgiu depois de ouvirmos as músicas e de tentarmos chegar a um nome que ligasse todos os temas gravados. Chegámos a Enemy Of Silence por ser para além de uma associação ao nível da caracterização sonora do grupo, uma metáfora para quem diz e faz o que quer e se recusa a ser silenciado no meio musical. Por outro lado é um álbum bastante agressivo e uma metalada pura. Como se costuma dizer entre a comunidade metaleira o metal é para se ouvir bem alto e este nosso trabalho não é excepção.
E em termos líricos, que tópicos são abordados pelos Mindlock?
As relações inter-pessoais e o que elas podem desencadear de negativo ou positivo em nós são o tema central de Enemy Of Silence. As desilusões, os momentos de angústia, a incapacidade de procurar soluções e toda a frustração que isso nos possa ter provocado estão expressas ao longo do álbum como uma forma de exorcizar toda essa energia negativa que sentimos. Por outro lado, temos as letras que surgiram como forma de fortalecer o espírito do grupo em alturas em que determinadas relações se perderam. São por isso autênticas ensaboadelas ao ego da banda e acreditamos que podem ter o mesmo efeito a nível pessoal para cada ouvinte, o que abre uma nova dimensão à mensagem que transmitimos. Passamos pontualmente por temas como o alcoolismo extremo e a depressão nervosa tentando calçar os sapatos de pessoas que conhecemos e com quem todos nós acabamos por conviver no dia-a-dia. São os males de uma sociedade cada vez mais inconsciente e anestesiada que ninguém gosta de referir, daí ser também um tema interessante para nós que vem apimentar a parte lírica do álbum e se enquadra perfeitamente com o título. Escrevemos sobre experiências ou testemunhos reais e não sobre fantasias. Conferimos-lhes um abordagem mais sentimental que crítica ou descritiva, de forma a dar mais ênfase aos sentimentos propriamente ditos que aos factos ou acontecimentos que possam ter inspirado a mensagem. Apenas um tema no álbum Pleasure Meets Flesh foi inteiramente criado com base na ficção, inspirado no tema Diário de um Serial Killer. Uma excepção que nos dá bastante prazer em interpretar.
Como decorreu o processo de escrita e gravação para este Enemy Of Silence?
Foi um álbum inteiramente escrito em casa e aperfeiçoado na sala de ensaio. Algumas letras foram compostas em conjunto através de chat rooms na internet, o que foi uma estreia para os Mindlock. Todo o álbum já tinha sido gravado e produzido por nós antes da sua gravação definitiva. Sabíamos exactamente o que queríamos gravar e por onde queríamos ir, o que facilitou bastante o processo. A nossa relação com o Miguel Carvalho (Dalma Productions) veio confirmar o que já tínhamos em mente em termos de produção, sendo que ele foi o veículo para obtermos a sonoridade que pretendíamos e foi bem sucedido na sua tarefa. Foi um trabalho sempre fluído que nos levou cerca de um ano a finalizar, com algumas interrupções pelo meio, uma vez que fizemos alguns espetáculos durante esse período.
Por esta altura já o álbum foi apresentado ao vivo num dos mais importantes festivais nacionais dedicados ao undergroud, o Metal GDL. Pergunto como foi a reacção do público aos novos temas e como esses mesmos novos temas funcionam ao vivo?
No festival GDL só tocámos músicas novas e a resposta do público foi bastante positiva. Reparámos que muita gente já sabe as músicas novas de cor e interagiram connosco. A reacção do público não podia ser melhor. Sentimos que, mesmo sem estarmos a tocar ao vivo há mais de um ano e sem gravar nada há sete, as pessoas ainda tem bem gravado na mente como é um concerto de Mindlock e apoiaram-nos com a mesma intensidade. Os novos temas ganham extra-força ao vivo, tal como é habital naquilo que fizemos até à data. É um prazer muito maior poder tocar para os outros que só para nós e acreditamos que o público nos prefira ver ao vivo que ficar a ouvir em casa.
Depois do GDL, e também de Leiria e Faro, como está a ser preparado o assalto à estrada para promoção deste trabalho?
Estamos a trabalhar com uma empresa de management (Algarfest) que valoriza o nosso trabalho e está a organizar a Enemy Tour a nível nacional e isso dá-nos alguma segurança em relação ao futuro, mas sabemos que é sempre um trabalho permanente de equipa e de cooperação entre ambas as partes. Para já, queremos apresentar um trabalho de qualidade com um espetáculo de qualidade, e nestes primeiros tempos quase que temos pagar para tocar pois o investimento é muito grande e o retorno financeiro nem sempre é compensatório. Mas acreditamos que estamos a plantar para depois colher e estamos mais empenhados que nunca. É ser preciso trabalhar muito e planear bem cada passo. Estamos a preparar uma tour nacional à semelhança do que fizemos para Manifesto e Ego Trip, mas queremos chegar a palcos maiores e experimentar o estrangeiro.
E para além de Mindlock e Enemy Of Silence, que outros projectos/objectivos estão a ser preparados por vocês?
Temos muita coisa em mente, desde a edição de um dvd até à gravação de videoclips. Esses projectos já estão em fase de preparação e esperamos poder divulgá-los em breve. Queremos também preparar uma tour a nível europeu e esse é o nosso objectivo mais ambicioso, pois todo o resto parece estar encaminhado. Sair de Portugal é sem dúvida um passo que precisamos de dar para vingar como banda e realizarmos os nossos sonhos. Alguns dos elementos da banda abraçam ainda outros projectos que vão desde a música ao teatro, o que acaba sempre por ser uma mais valia para o grupo pela experiência e influência que isso trás para os Mindlock.
Após 15 anos de carreira, como vêm esta edição do vosso segundo álbum, 7 anos depois de Ego Trip?
Não podia ser melhor. Percorremos um longo caminho até chegar ao resultado deste novo álbum. Foi uma caminhada difícil e nunca estivemos realmente parados. Muita gente não se apercebe das dificuldades que as bandas nacionais passam para se conseguirem manter activas e gravar algo que não seja apenas mais um conjunto de temas. Este álbum é o reflexo da experiência que tivemos enquanto banda para alcançar este tão aguardado trabalho. Foram precisamente as vivências ocorridas nesses 7 anos que serviram de inspiração para Enemy Of Silence. Estamos muito contentes com o resultado final, e temos a certeza que não fica atrás do que se faz por outros paises. Este album é 100% gravado, produzido e masterizado em Portugal.
E há alguma sensação especial por se tratar do primeiro lançamento da Rastilho Metal Records?
Claro que sim. A Rastilho foi a nossa primeira aposta para a edição deste álbum, logo, ficámos muito satisfeitos com o feed-back que tivémos. O facto de Enemy Of Silence inagurar a Rastilho Metal Records foi uma surpresa para nós e algo que acolhemos com muita satisfação. É sempre bom ter o reconhecimento do nosso trabalho, e pela primeira vez em 15 anos conseguimos o apoio de uma editora de renome em que, de certa forma, nos revemos, pois acompanhámos a sua evolução e sabemos que batalhou muito para chegar ao nivel em que se encontra. Por esse motivo sentimo-nos compreendidos e também respeitados pela Rastilho. É uma editora em que acreditamos e que está bem por dentro da realidade nacional a nível do mercado musical em que nos inserimos.
De que forma é que Enemy Of Silence demonstra a evolução da banda desde Manifesto, passando por Ego Trip?
Amadurecemos muito como músicos e como pessoas desde o nosso primeiro lançamento. Já nos conhecemos muito bem dentro e fora da sala de ensaio e sabemos até onde cada um pode chegar a nível tecnico e o que tem para dar a nível creativo.
Então, em “Enemy Of Silence”, decidímos sair do nosso ponto de conforto onde poderíamos ter feito um disco à imagem daquilo que tínhamos feito anteriormente, mas optámos por outra via. As batidas são mais rápidas, os riffs mais agressivos, o groove mais tenso e a mensagem mais directa e real. É um disco muito mais agressivo que os anteriores mas mais maduro. Achamos que conseguimos alcançar maior coesão e coerência ao nivel de composição e da mensagem que queremos transmitir. É disco com uma sonoridade mais dura criando mais momentos de tensão, sem desfazer a melodia e alguns momentos mais atmosféricos.
Afinal, porque Enemy Of Silence?
Tal como o nome indica, a escolha do título sugere uma questão meramente estética mas esconde uma outra interpretação. O título surgiu depois de ouvirmos as músicas e de tentarmos chegar a um nome que ligasse todos os temas gravados. Chegámos a Enemy Of Silence por ser para além de uma associação ao nível da caracterização sonora do grupo, uma metáfora para quem diz e faz o que quer e se recusa a ser silenciado no meio musical. Por outro lado é um álbum bastante agressivo e uma metalada pura. Como se costuma dizer entre a comunidade metaleira o metal é para se ouvir bem alto e este nosso trabalho não é excepção.
E em termos líricos, que tópicos são abordados pelos Mindlock?
As relações inter-pessoais e o que elas podem desencadear de negativo ou positivo em nós são o tema central de Enemy Of Silence. As desilusões, os momentos de angústia, a incapacidade de procurar soluções e toda a frustração que isso nos possa ter provocado estão expressas ao longo do álbum como uma forma de exorcizar toda essa energia negativa que sentimos. Por outro lado, temos as letras que surgiram como forma de fortalecer o espírito do grupo em alturas em que determinadas relações se perderam. São por isso autênticas ensaboadelas ao ego da banda e acreditamos que podem ter o mesmo efeito a nível pessoal para cada ouvinte, o que abre uma nova dimensão à mensagem que transmitimos. Passamos pontualmente por temas como o alcoolismo extremo e a depressão nervosa tentando calçar os sapatos de pessoas que conhecemos e com quem todos nós acabamos por conviver no dia-a-dia. São os males de uma sociedade cada vez mais inconsciente e anestesiada que ninguém gosta de referir, daí ser também um tema interessante para nós que vem apimentar a parte lírica do álbum e se enquadra perfeitamente com o título. Escrevemos sobre experiências ou testemunhos reais e não sobre fantasias. Conferimos-lhes um abordagem mais sentimental que crítica ou descritiva, de forma a dar mais ênfase aos sentimentos propriamente ditos que aos factos ou acontecimentos que possam ter inspirado a mensagem. Apenas um tema no álbum Pleasure Meets Flesh foi inteiramente criado com base na ficção, inspirado no tema Diário de um Serial Killer. Uma excepção que nos dá bastante prazer em interpretar.
Como decorreu o processo de escrita e gravação para este Enemy Of Silence?
Foi um álbum inteiramente escrito em casa e aperfeiçoado na sala de ensaio. Algumas letras foram compostas em conjunto através de chat rooms na internet, o que foi uma estreia para os Mindlock. Todo o álbum já tinha sido gravado e produzido por nós antes da sua gravação definitiva. Sabíamos exactamente o que queríamos gravar e por onde queríamos ir, o que facilitou bastante o processo. A nossa relação com o Miguel Carvalho (Dalma Productions) veio confirmar o que já tínhamos em mente em termos de produção, sendo que ele foi o veículo para obtermos a sonoridade que pretendíamos e foi bem sucedido na sua tarefa. Foi um trabalho sempre fluído que nos levou cerca de um ano a finalizar, com algumas interrupções pelo meio, uma vez que fizemos alguns espetáculos durante esse período.
Por esta altura já o álbum foi apresentado ao vivo num dos mais importantes festivais nacionais dedicados ao undergroud, o Metal GDL. Pergunto como foi a reacção do público aos novos temas e como esses mesmos novos temas funcionam ao vivo?
No festival GDL só tocámos músicas novas e a resposta do público foi bastante positiva. Reparámos que muita gente já sabe as músicas novas de cor e interagiram connosco. A reacção do público não podia ser melhor. Sentimos que, mesmo sem estarmos a tocar ao vivo há mais de um ano e sem gravar nada há sete, as pessoas ainda tem bem gravado na mente como é um concerto de Mindlock e apoiaram-nos com a mesma intensidade. Os novos temas ganham extra-força ao vivo, tal como é habital naquilo que fizemos até à data. É um prazer muito maior poder tocar para os outros que só para nós e acreditamos que o público nos prefira ver ao vivo que ficar a ouvir em casa.
Depois do GDL, e também de Leiria e Faro, como está a ser preparado o assalto à estrada para promoção deste trabalho?
Estamos a trabalhar com uma empresa de management (Algarfest) que valoriza o nosso trabalho e está a organizar a Enemy Tour a nível nacional e isso dá-nos alguma segurança em relação ao futuro, mas sabemos que é sempre um trabalho permanente de equipa e de cooperação entre ambas as partes. Para já, queremos apresentar um trabalho de qualidade com um espetáculo de qualidade, e nestes primeiros tempos quase que temos pagar para tocar pois o investimento é muito grande e o retorno financeiro nem sempre é compensatório. Mas acreditamos que estamos a plantar para depois colher e estamos mais empenhados que nunca. É ser preciso trabalhar muito e planear bem cada passo. Estamos a preparar uma tour nacional à semelhança do que fizemos para Manifesto e Ego Trip, mas queremos chegar a palcos maiores e experimentar o estrangeiro.
E para além de Mindlock e Enemy Of Silence, que outros projectos/objectivos estão a ser preparados por vocês?
Temos muita coisa em mente, desde a edição de um dvd até à gravação de videoclips. Esses projectos já estão em fase de preparação e esperamos poder divulgá-los em breve. Queremos também preparar uma tour a nível europeu e esse é o nosso objectivo mais ambicioso, pois todo o resto parece estar encaminhado. Sair de Portugal é sem dúvida um passo que precisamos de dar para vingar como banda e realizarmos os nossos sonhos. Alguns dos elementos da banda abraçam ainda outros projectos que vão desde a música ao teatro, o que acaba sempre por ser uma mais valia para o grupo pela experiência e influência que isso trás para os Mindlock.
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