Review: The Labyrinth Of Truths (Soulspell)

The Labyrinth Of Truths (Soulspell)
(2010, Inner Wound Recordings)

As metal operas conheceram um período áureo por volta do inicio do novo milénio especialmente com os trabalhos de Aina, Nikolo Kotzev’ Nostradamus e as duas partes do projecto Avantasia. Também alguns dos trabalhos de Arjen Lucassen podem ser incluídos neste segmento. Mais recentemente, este é um campo que têm vindo a ser abandonado, como provam mesmo as mais recentes propostas de Avantasia e Ayreon, com diversos vocalistas, é certo, mas sem aquele carácter de representação de personagens. Heleno Vale é um baterista brasileiro que volta à carga com este conceito. O tema da história anda à volta dos conflitos nas emoções humanas, tentando demonstrar que tanto um pequeno rapaz de 15 anos, como um poderoso maléfico dragão podem interferir nas vidas de todos os seres em qualquer dimensão, simplesmente porque existem. Para a criação desta obra, Vale recorreu a diversos músicos e vocalistas sendo de destacar Jon Oliva, Zak Stevens e Edu Falaschi, que encarnam as diferentes personagens da história. Musicalmente, esta opera metal anda próximo do que Tobias Sammet fez com a sua Metal Opera nos Avantasia, ou seja, maioritariamente, temos aqui power metal de inspiração sinfónica e melódica. No entanto, a duração dos temas permite que eles se desenvolvam, cresçam e se desenvolvam, por vezes em volta de outras influências, sendo Angra (ao nível instrumental) e Sonata Arctica (ao nível dos excelentes jogos vocais) as mais notórias. A destacar a forma como o músico brasileiro explora diferentes estruturas rítmicas e melódicas existentes em cada tema o que os torna verdadeiramente ricos e cheios de momentos inesperados. E é neste particular, bem como na capacidade de utilizar todo o tipo de recursos de uma forma superiormente inteligente, que faz deste The Labyrinth Of Truths uma verdadeira obra prima do metal. A forma como Heleno Vale consegue cruzar o power metal com metal progressivo, rock ou mesmo pop é deveras excitante. E ao nível vocal, é de uma qualidade assombrosa. Todos os elementos têm uma prestação extraordinária, quer nos vocais mais agrestes, agudos e fortes (oiçam The Labyrinth Of Truths), quer nos momentos mais calmos e com vocalizações mais quentes e graves (Amon’s Fountain, Into The Arc Of Time ou Adrift), quer nos coros (Amon’s Fountain) ou nos já citados jogos vocais (em especial o final Savatagiano de Into The Arc Of Time, a faixa onde Oliva na voz e com o seu inconfundível piano brilha a grande altura). A tudo isto acresce um exemplar desempenho ao nível de todos os instrumentos com fantásticos solos, brilhantes harmonias, sensuais texturas de piano e uma secção rítmica coesa, poderosa e versátil. Tudo pormenores que fazem deste trabalho, o segundo na carreira dos Soulspell depois de A Legacy Of Honor, de 2008, uma obra fundamental em qualquer discografia e uma das referências obrigatórias deste ano.

Tracklist:
1. The Entrance
2. The Labyrinth Of Truths
3. Dark Prince’s Dawn
4. Amon’s Fountain
5. Into The Arc Of Time (Haamiah’s Fall)
6. Adrift
7. The Verve
8. Forest Of Incantus
9. A Secret Compartment

Line up:
Vocais: Alex Voorhees, Carlos Zema, Daisa Munhoz, Dan Rubin, Edu Falaschi, Germán Pascual, Gui Antonioli, Iuri Samson, Jefferson Albert, Jon Oliva, Leandro Caçoilo, Lucas Martins, Manuela Saggioro, Mário Pastore, Maurício del Blanco, Nando Fernandes, Rafael Gubert, Raphael Dantas, Tito Falaschi, Zak Stevens
Guitarras: Rodolfo Pagotto, Leandro Erba, Cleiton Carvalho
Baixo: Tito Falaschi, Fernando Giovannetti
Teclados: Gabriel Magioni, Maurício del Blanco
Bateria: Heleno Vale

Internet:
www.myspace.com/soulspellmetalopera
http://www.soulspell.com/

Edição:
Inner Wound Recordings

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