Desde 2002 a produzir excelente música progressiva, Jonas Reingold tem assinado com os Karmakanic (bem como com outras entidades, é certo) álbuns de fino recorte. In A Perfect World é mais uma pérola que o próprio músico sueco dissecou para Via Nocturna.
Viva Jonas! Parabéns pelo teu novo álbum! In A Perfect World mostra que está num fantástico momento de inspiração. Onde se encontra essa inspiração?
Eu não acredito que a inspiração seja algo que simplesmente acontece. Tem que ser conquistada através de trabalho duro. Um atleta famoso aqui na Suécia, disse uma vez: "Quanto mais pratico mais sorte eu tenho". Eu acho que isso é a tradução de inspiração. Se te sentares uma hora provavelmente terás 10 minutos de trabalho inspirado; mas se te sentares 10 horas vais ter 100 minutos de trabalho inspirado.
Como descreverias In A Perfect World?
Este é o álbum mais rápido gravado por nós até agora. Fizemos isso em apenas dois meses, incluindo a mistura. Mas, pelo contrário eu utilizei quase um ano no processo de escrita. Eu perco muito tempo com as letras que são coescritas com uma americana chamada Julia Olsson. Desafia-me a ser mais subtil em termos de nuances, idiomas, etc. Ela desafiou-me a ir um pouco mais fundo em termos linguísticos. E depois, já se sabe, sou um estudante viciado. Tento sempre aprender coisas novas tanto musicalmente como liricamente. Também uma grande mudança foi que tínhamos Nils Erikson a cantar algumas passagens e nos teclados. Ele foi uma grande parte no processo de mistura. É uma pessoa muito talentosa com muita experiência como produtor. Esteve envolvido nas produções mais vendidas aqui na Suécia e foi indicado para dois prémios Grammy aqui. Também foi uma explosão ter o meu velho amigo Marcus Liliequist na bateria. Ele tem um espírito edificante e é um grande músico.
Eu considero este um álbum muito orgânico. Foi o seu objetivo, desde o início criar algo assim?
Eu nunca penso em termos de orgânica ou não. Eu apenas tento criar alguma música boa e sólida. Se uma música ao vivo exige uma sensação orgânica vou tentar produzi-la assim, mas às vezes a música exige um pouco mais de rigor. Eu sou mais exigente com as coisas agora. Tento focar-me nas coisas importantes, como a composição ou a expressão e não na perfeição da produção. Mas claro, vou tentar sempre fazer uma gravação com um som o melhor possível adicionada de quanta emoção for possível. Mas os meus objetivos principais serão sempre as músicas e o conteúdo lírico.
A tua música denota grandes influências dos anos 70. Foram uma época determinante para ti?
Sim, o final da década de 60 e e a de 70 foram grandes momento para a música e arte. As pessoas podiam fazer mais ou menos o que queriam, as grandes corporações ficaram fora do processo criativo e depositaram a sua confiança nos músicos. Sem essa confiança músicas como The Revealing Science Of God ou Close To The Edge ou álbuns como Selling England By The Pound ou Red nunca aconteceriam. Eu sempre ouvi música dessa altura, quando, ainda miúdo, comecei a ouvir bandas como Kiss, Deep Purple, Rainbow, etc. Mais tarde eu descobri Weather Report e Chick Corea e algumas coisas prog como Yes e Rush. Assim, os 70ies têm um enorme impacto em mim como um músico e como produtor.
Tu tens uma agenda muito preenchida com a participação noutros projetos, nomeadamente os The Flower Kings. Como consegues tempo para criar música com tal qualidade?
(risos) Já me fizeram essa pergunta muitas vezes. E minha resposta é que eu faço isso a tempo inteiro, provavelmente no dobro do tempo. Há um monte de horas num ano e eu tento ocupá-las com música. Eu não considero isto um trabalho, acredito que ninguém pode considerar a música como um trabalho. É só acordar e viver o dia.
A respeito dos elementos que gravaram In A Perfect World, como foi feita a seleção?
Goran está na banda desde o início, por isso era óbvio que se mantivesse. Toquei com Krister e Lalle algum tempo e estou muito orgulhoso desses músicos. A grande mudança foi, como já referi, que tivemos Nils Erikson a cantar algumas passagens e a tocar algumas teclas. Ele foi também importante no processo de mistura. Ele é elemento muito talentoso com muita experiência como produtor, como já disse.
Há um tema, sobre o qual eu queria fazer uma pergunta em particular: Can´t Take It With You é uma música brilhante, com muitas influências cruzadas. Deve ter sido uma autêntica diversão criar uma canção tão peculiar…
Sim, foi divertido escrever e gravar esse. Certo dia, senti-me cansado de mim mesmo porque estava a escrever a mesma música várias vezes. Então disse para mim mesmo "Vamos fazer algo que eu nunca fiz antes" ou ainda mais "Vamos fazer algo que o mundo nunca ouviu antes". E se eu pegar num ritmo cubano, colocá-lo em 7/8 com um riff de guitarra pesado em cima, como soaria? Foi isso que eu fiz. Lalle criou alguns backing vocals hilariantes a soar a algo como The Muppet Show. Brilhante!
A propósito, como decorre o processo de escrita nos Karmakanic?
Normalmente eu escrevo todas as coisas básicas, como letra e música. Depois produzo uma demo de todas as músicas e deixo os meus companheiros ouvi-la. Depois apresentam sugestões do que gravar ou não. Depois, os restantes elementos podem adicionar o que quiserem. Penso que ao deixar que as pessoas façam o que quiserem obtemos um maior resultado e todas as pessoas envolvidas se sentem mais inspiradas. O que se vem a confirmar no fim no álbum.
Apesar de serem uma banda composta por vários músicos de diferentes bandas, achas que poderá existir uma tournee para promover este álbum?
Sim, nós, supostamente teríamos uma tournee nos EUA em junho, mas desde que a Nearfest puxou a ficha tivemos que cancelar tudo. Como provavelmente sabes, é muito dispendioso levar 6 pessoas em tournee e foi a Nearfest que financiou tudo. Mas eu tenho algumas propostas e estamos a estudar uma possível tournee em 2012.
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