Entrevista: Haven Denied

Ao terceiro álbum, os baracarenses Haven Denied, voltam a surpreender, baralhando as suas influências e continuando a sua evolução musical. A atingir um notável estado de maturidade, Illusions – Between Truth And Lie acaba por ser o primeiro trabalho da banda com edição através de uma editora, prova cabal do crescimento que a banda tem demonstrado. Ricardo Caldas e Henrique Pinto explicaram tudo isso a Via Nocturna

Qual a sensação de uma banda quando se atinge o 3º álbum?
Falando por nós, é uma sensação de maturidade e definição daquilo que somos. Com este mesmo álbum conseguimos um contrato de edição discográfica, referente ao mesmo e isso veio a provar a nossa opinião quando à nossa evolução musical. Durante as composições e as gravações, ainda que nada do que tenha sido feito tivesse sido propositado, sentimos que este trabalho seria crucial no percurso da banda.

Neste álbum volta a notar-se a tendência de aumento de peso e agressividade que já se notava em Symbiosys. No fundo, como surge nos Haven Denied esta evolução/processo de transformação?
Sim, é um facto que pode ser comprovado por quem conhecer os dois álbuns anteriores. A mudança em Symbiosys deveu-se em grande parte ao facto do nosso teclista se ver forçado a abandonar o projeto por questões profissionais e também à paragem da banda durante um ano, período no qual o baterista Ricardo Caldas teve de se ausentar para concluir os seus estudos fora do país. Com esses dois fatores a banda deparou-se com um novo cenário. Havia uma certa indefinição em relação ao futuro e à possibilidade de continuarmos. Contudo, nenhum dos quatro elementos (Luís, Simão, Henrique e Ricardo) desistiu do projeto. Algumas ideias já estavam definidas e já tinham surgido duas músicas, antes de tudo suceder. Seguidamente e durante esse período de paragem, que foi somente a nível de ensaios, os membros continuaram a compor e quando o Ricardo regressou para Portugal, voltamo-nos a juntar e finalizamos esse álbum em mês e meio. Foi então, que deparados com a mudança nas composições, decidimos convidar o Miguel para integrar a banda. Posto isto seguiram-se alguns concertos e uma formação definitiva. Com a ajuda do Miguel nos back vocals, novos temas foram compostos ajustando-se à formação e ao gosto comum que partilhamos. Sentimos ser este o nosso caminho e arriscamos assim este 3.º álbum. Mas achamos que já em Symbiosys se poderia adivinhar algo semelhante para este álbum, ainda que o facto de conhecermos ainda melhor as potencialidades do Miguel a nível vocal e contarmos com dois guitarristas tivesse este impacto no novo álbum e nas músicas que o constituem.

Mas, é um facto assente: os Haven Denied estão cada vez mais embrenhados no thrash metal?
Essa é uma questão à qual continuamos sem dar uma resposta concreta. É certo que o heavy, o gótico, o thrash, o metalcore e o progressivo se encontram presentes nos três trabalhos. O heavy e o gótico desapareceram em Symbiosys, sendo o thrash o estilo predominante, mas agora incidem influências de metalcore. O progressivo, embora não sejamos uma banda que o pratique evidentemente, foi algo que sempre nos acompanhou nos gostos pessoais de cada elemento, sendo talvez essa a parte que permite ligar os três álbuns da banda. Para nós, continuamos e continuaremos a ser uma banda que o estilo é definido de várias maneiras, consoante as opiniões. Não nos associamos a um só e todas as nossas composições não seguem um caminho óbvio. Compomos de maneira intuitiva, daí o facto de aparecerem muitas nuances nas nossas músicas. Para rematar esta questão, terminamos definindo-nos como pensamos, somos os Haven Denied, e essa é a melhor designação para a banda.

Ainda assim, um tema como Deadly Memories parece ser o cordão umbilical que vos liga à estreia homónima. É assim que vêm esse tema?
Nós se calhar não diríamos Deadly Memories, mas sim “a balada”. A parte mais sentimentalista e o gosto por sons mais calmo fizeram e continuam a fazer parte de nós. Parece-nos uma associação lógica, mas não deixa de ser engraçada pelo facto de esse tema ter sido composto pelo Miguel, membro não presente nas composições em Haven Denied e Symbiosys, sendo assim um tema muito particular e não muito associado ao passado. A inclusão de teclados talvez leve a essa associação, mas de uma maneira geral, achamos que o Luís será a parte da banda que mantém a ligação mais forte em todo o percurso discográfico dos Haven Denied.

De qualquer das formas, de que forma olham para Illusions? De que forma sentem este disco?
Sentimo-nos realizados quando finalizamos as gravações e tivemos um sentimento comum, de que se fosse hoje, não alterávamos rigorosamente nada. Sendo um trabalho nosso e tendo ele sido editado, é certo que há um sentimento de satisfação, caso contrário não teríamos avançado com ele. Pode ser algo não muito credível, uma vez que é um trabalho nosso, mas o interesse e posterior edição do mesmo pela SG Records, veio-nos comprovar que melhoramos. Este álbum tem uma edição mundial, foi um passo muito bom para nós e para a projeção da banda. Atingimos um novo patamar e os nossos objetivos ficaram mais arrojados. Era algo que queríamos já ter alcançado e que queremos manter. Temos um maior feedback por parte do público e também uma agenda que começa a ficar bem composta, tudo isto acompanhado de várias reviews vindas de fora. Deparados com esta mudança e termos uma maior atividade, faz-nos perceber que fizemos bem em arriscar e que queremos continuar a dar o nosso melhor.

Suponho que o facto de manterem o mesmo line-up possa trazer vantagens no processo criativo e artístico. Qual a vossa opinião?
Sim, só o Miguel é que não está desde a edição do primeiro álbum, entrou aquando do processo de finalização do Symbiosys. Conhecemo-nos bem e é mais fácil compor quando conheces as pessoas com que trabalhas, sabendo o que podes fazer e como tens de mudar algo se tal for necessário. Mais do que isso, é a estabilidade que isso transmite a todo o grupo, mantendo uma relação sólida, não só enquanto banda, mas também como amigos.

Como decorreu o processo de escrita desta vez?
O processo de escrita vai decorrendo de uma maneira constante, mas primeiramente nós compomos a parte instrumental. Depois, há uma seleção das letras e uma conjugação das mesmas com as músicas respetivas. Já nos aconteceu também de alterar uma ou outra parte instrumental para se ajustar melhor à letra. Nada fica finalizado sem nos soar bem, mas a parte instrumental e escrita são inicialmente feitas de maneira independente.

Tem algum convidado a colaborar convosco neste trabalho?
Sim, mas apenas no tema Deadly Memories, o qual contou com a participação do compositor Tiago Monteiro que produziu os arranjos instrumentais de âmbito eletrónico.

Também, pela primeira vez, um disco vosso tem uma edição por uma label, no caso a italiana SG Records. Como aconteceu essa ligação e é para prolongar para próximos trabalhos?
Após a finalização do Illusions enviamos o trabalho para algumas editoras, cuja metodologia e processo de trabalho nos agradava. Após a análise das propostas que nos chegaram optamos pela proposta da SG Records. A ideia para a edição dos nossos futuros trabalhos passa, obviamente, pelo diálogo com a SG Records e, salvo se houver uma proposta que represente uma mais valia para a banda, tencionamos manter esta relação com a SG.

De qualquer forma, essa internacionalização tem-vos permitido a abertura de novos horizontes além fronteiras ou nem por isso?
Sim, tal como já referimos anteriormente, vieram-nos críticas positivas do estrangeiro e entrevistas de blogues, revistas ou rádios. Esperemos que isso nos possa projetar mais a nível internacional e quem sabe, abrir novos caminhos.

A terminar, o que poderemos esperar dos Haven Denied nos próximos tempos?
Nos próximos tempos planeamos divulgar Illusions ao máximo. Queremos percorrer o número máximo de locais no país e se surgir alguma proposta, também o queremos fazer fora. Haverá concertos e uma continuidade no trabalho de composição, ainda que este não se fixe em nada concreto, pois iremos pensá-lo melhor a partir do próximo ano. É tempo de darmos a conhecer os Haven Denied em concerto a todas as pessoas possíveis.

Comentários

  1. Também sou de braga e ja vos vi varias vezes, continuem com o bom trabalho, voces sao simplesmente espectaculares, continuem nao desistam ;)

    ResponderEliminar
  2. Vi esta banda pela primeira vez na Amorosa num bar chamado Pé na areia...Lembro-me que actuou uma banda antes mas peço desculpa por nao ter conseguido decorar o nome tal foi estrondoso o espetaculo que esta banda nos proporcionou!Descobri que o concerto que deram nada tem a ver com o estilo de musica que criam...Ou seja naquela noite tocaram em Unplugged...meus amigos ja vi concertos em registos pesados que nao chegaram ao publico como esta banda chegou.A energia do vocalista estava nitidamente a contagiar toda a gente que mesmo a chover eu olhava para o meu lado e via gente a cantar as musicas com um sorriso na cara de quem esta a dar valor ao que esta a ver...Fiquei parvo com o ambiente que se criou ali...pensava eu que ia ser mais um dia de Karaoke´s com pessoal que nao faz a minima do que é cantar e tenho provavelmente uma das melhores supresas do ano!Parecia que estava nos anos 90...cheirava a grunge...como é que esta banda toca metal e faz um unplugged com aquela categoria.Prestem atençao ao que se faz em Portugal e quem tiver alguma coisa a dizer que olhe para estes senhores.Cumps Fabio

    ResponderEliminar
  3. Obrigado pelas vossas palavras e incentivos à banda. São vocês e os que nos acompanham que nos fazem continuar a olhar em frente no nosso percurso musical. Obrigado a todos vocês e ao Pedro, por uma vez mais, dedicar parte do seu blogue aos nossos trabalhos. Cumprimentos!

    ResponderEliminar

Enviar um comentário