Entrevista: Lacuna Coil

Cruzar as velhas sonoridades com as novas tendências seguidas a partir de Shallow Life foi o objetivo dos transalpinos Lacuna Coil. Por isso Dark Adrenaline é um passo em frente na carreira do sexteto. Cristiano Migliori, o pizza e guitarrista dos italianos conta-nos o que andaram a fazer nestes últimos três anos e sobre as expetativas para esta nova obra.

Dark Adrenaline marca o retorno dos Lacuna Coil três anos após Shallow Life. Porque demoraram tanto tempo para editar este novo álbum?
Porque nós somos um bando de italianos preguiçosos! (risos) Estava a brincar. A tournée de Shallow Life foi bastante longa o que não nos deixou muito tempo para trabalhar em novo material para o novo álbum. Infelizmente, nós não somos o tipo de banda que consegue escrever enquanto está em tournée. Nós precisamos estar concentrados o que não é realmente possível quando se está na estrada e por isso tivemos que esperar para estarmos em casa para começar a trabalhar a tempo inteiro no novo material. Depois, claro que é um longo processo na gravação e mistura porque nós damos muita atenção a cada detalhe.

Na minha opinião, este novo trabalho é um pouco diferente do Shallow Life: é mais escuro e potente. Houve alguma mudança no processo de escrita para provocar isso?
Eu não acho que algo de especial tenha acontecido. É apenas uma nova fase nas nossas vidas e carreiras, penso eu. Se olhares para todos os nossos álbuns anteriores vais perceber que o som é sempre algo diferente. Quando escrevemos, não pensamos em como as músicas irão soar. Limitamo-nos a registar apenas o que vem à nossa mente e, então, trabalhamos sobre esses registos e escolhemos o que achamos que soa melhor. Dark Adrenaline, por acaso veio mais pesado e mais escuro...

Vocês voltaram a trabalhar com Don Gilmore. Sem dúvida, fazem uma equipa vencedora?
Nós achamos que sim. Fizemos muitos álbuns com Waldemar Sorychta e foi ótimo. Depois, decidimos que queríamos tentar algo um pouco diferente e Don realmente parecia ser a pessoa certa e realmente funcionou muito bem. É por isso que decidimos trabalhar com ele novamente, porque nós pensamos que ele nos ajudaria a tirar o melhor partido das novas músicas que tínhamos escrito. Ele realmente é alguém que te escuta e tem um talento em levar-te para onde queres ir.

Existe algum conceito neste novo álbum? Que assuntos são tratados na parte lírica?
Não, realmente não. Uma vez que geralmente começamos a escrever a música antes mesmo de começar a escrever as letras, achamos que a maioria das coisas que havíamos composto soavam mais escuras e mais pesadas, por isso as letras seguiram o mesmo caminho. Quando à segunda parte da questão, não te posso dizer exatamente o que é abordado, uma vez que são o Andrea e a Cristina que escrevem todos as letras, mas posso adiantar que todas elas são sobre experiências pessoais ou inspiração que recebem de tudo o que acontece ao nosso redor, seja um filme ou um livro ou uma música.

Portanto, nas tuas próprias palavras, como descreverias Dark Adrenaline?
Eu diria que é o melhor dos dois mundos entre os “velhos” e os “novos” Lacuna Coil com Shallow Life. Trata-se uma abordagem das estruturas musicais e das letras mais direta cruzado com as partes mais sinfónicas do passado. Estamos cientes das coisas boas e ruins que fizemos e tentamos combiná-las o melhor possível. Acho que Dark Adrenaline é realmente um grande álbum e, a julgar pelas reações ao novo single, parece estar a resultar!

Um dos momentos mais altos deste álbum é a cover de Losing My Religion dos REM. Como surgiu a ideia de fazer uma cover deste tema?
Quando fizemos Enjoy The Silence uma das outras músicas que estavam na nossa lista de candidatas era realmente Losing My Religion de forma que tem estado na nossa mente há já algum tempo. E era natural para nós tentar fazê-lo e essa cover realmente acabou melhor do que esperávamos. Tem uma vibração diferente de Enjoy The Silence e isso é exatamente o que nós gostamos nele.

A escolha para primeiro single foi Trip The Darkness. É um tema que resume o álbum inteiro? Porque a sua escolha?
Porque, como tu próprio disseste, é uma canção que muito bem representa a vibração geral do álbum. É escura e poderosa, mas, ao mesmo tempo, sinfónica e melódica. É uma das últimas músicas que escrevi para o álbum e pensamos que seria a canção perfeita para mostrar às pessoas o que este novo álbum vai ser.

Este disco terá várias edições especiais. Podes falar sobre isso?
Nós apenas queríamos dar aos nossos fãs algo realmente especial, porque nós não queremos que seja "apenas mais um álbum". Nós sentimo-nos muito felizes como ele saiu e trabalhamos muito duro para dar aos nossos fãs algo fora do comum. Sabemos que os nossos fãs gostam destas coisas e adoram colecioná-las! Eu acho que muitas pessoas se vão surpreender com o que decidimos incluir em algumas versões.

Agora, estão a preparar outra tournée mundial, certo? Que está a ser planeado neste caso?
Bem, como em qualquer outro momento, vamos tentar fazer uma tournée, para pudermos chegar a todos os nossos fãs em todo o mundo. O que parece é que nunca parece haver tempo suficiente para ir a todo o lado e é difícil fazer todo a gente feliz, mas vamos tentar! A primeira tournée será nos EUA, com Megadeth, Motorhead e Volbeat, que vai ser um grande começo. O resto ainda está a ser trabalhado, mas estamos com o objetivo de ir à América do Sul, Europa e esperemos que no próximo ano para a Austrália e Japão. Vamos ver o que vai acontecer!

Comentários

DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #47 VN2000: White Lies (INFRINGEMENT) (Crime Records/We Låve Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)