Nome
incontornável da cena gothic/doom, os
britânicos Paradise Lost regressam com o seu décimo terceiro álbum e fazem-no
em grande estilo. Tragic Idol
recupera toda aquela envolvência que já não se ouvia desde os míticos álbuns Icon e Draconian Times. Greg MacKintosh, guitarra solo do coletivo, não se
coibiu a responder a Via Nocturna sobre o presente e passado da banda, numa
entrevista marcada pela simplicidade e humildade de um grande músico. No fim,
ficou a ideia de podermos ter os Paradise Lost de regresso ao nosso país no
outono.
Obrigado
por aceitares responder a Via Nocturna. Tragic
Idol é o álbum mais metal dos
últimos tempos. Foi sempre esse o vosso objetivo?
Sim. Eu queria encontrar o som típico dos
Paradise Lost, sem frescuras e, para mim, esta era a única maneira de o fazer.
Também fizemos uma tournée durante o
processo de escrita em homenagem ao tempo do álbum Draconian Times e, de alguma forma, acho que isso também influenciou
o estilo de escrever.
Então,
alteraram o estilo de escrita para este álbum?
Não, nós escrevemos praticamente sempre da
mesma maneira. Começo sempre com uns riffs
e umas linhas melódicas de guitarra. Depois passo ao nosso vocalista que
acrescenta algumas melodias vocais e assim por diante até estarmos satisfeitos
com o resultado.
Podemos
então dizer que este é o álbum que os fans de Icon/Draconian Times têm
estado à espera?
Acho que não. Este álbum tem mais em comum com
esses dois álbuns do que com muitos dos nossos outros lançamentos, mas a música
é muito subjetiva e as pessoas devem decidir por si o mérito do álbum.
De
alguma forma sentiram necessidade de voltar às origens? Se sim, quando?
Não houve necessidade como tal. Sempre que
começamos a trabalhar num novo álbum, fingimos que somos uma banda nova, sem outros
lançamentos. Desta forma, conseguimos gravar 100% o tipo de música que nos
identifica num dado momento. Os álbuns são como snapshots.
Adrian
Erlandsson já costumava tocar com os Paradise Lost, mas este é o seu primeiro álbum,
certo?
Sim, ele juntou-se à banda algumas semanas
antes de gravarmos o álbum anterior, mas já tínhamos vindo a trabalhar com um
baterista de sessão para aquele álbum, portanto Tragic Idol é o seu primeiro álbum connosco independentemente de
ele ter estado na banda nos últimos três anos.
Como
foi trabalhar com Jens Brogren? Trabalharam na Suécia e Inglaterra?
Ele é muito meticuloso. Nós gravamos todas as
músicas na Inglaterra com o engenheiro do Jens, o Johan, que é uma pessoa
fantástica para se trabalhar. Em seguida, os vocais foram feitos na Suécia com o
Jens.
A respeito
do nome do álbum, Tragic Idol tem
algum significado?
Não se refere a nada especificamente.
Refere-se a qualquer pessoa ou qualquer coisa. Basicamente é uma referência ao
ditado "nem tudo que reluz, é ouro"
Desta
vez, fizeram um vídeo para o tema Honesty
In Death. Como correram as coisas? Iremos ter mais controvérsia?
Recorremos ao realizador Matt Green, que
trabalhou comigo no meu projeto Vallenfyre. Foi tudo ótimo e acho que o
resultado final é impressionante. E penso que volta a ser um pouco polémico,
pois contém cenas de suicídio.
Com
uma carreira de 20 anos, como vês a atual cena metal (e da música em geral), comparando com a altura em que
começaram?
Pessoalmente acho que hoje em dia existem
muitas bandas que não seguem o caminho da originalidade. Há alguns anos, na
cena do metal extremo, havia apenas
uma mão cheia de bandas em cada subgénero
e por isso era fácil decidir o que gostavas e o que não gostavas. Penso que,
atualmente, todas essas cenas estão um pouco saturadas e diluídas.
Como
te sentes olhando para trás para a vossa carreira e para as coisas que construíram?
Se fosse possível voltar atrás mudarias alguma coisa?
Não. Diverti-me muito. Tivemos altos e baixos,
mas tudo o que fizemos trouxe-nos para onde estamos agora. Não concordo com o pesar.
Acho que é uma bonita mas inútil emoção.
Nesta
altura andam em tournée pela Europa.
O que podem os fãs podem esperar?
Estamos a tocar 4 ou 5 músicas do novo álbum
juntamente com um par de músicas de cada álbum que nós pensamos ser os que melhor
representam o nosso estilo na atualidade.
Em
setembro irão estar nos EUA com Devin Townsend e Katatonia. Quais são as tuas
expectativas?
Eu nunca tenho expetativas com nada.
Especialmente nos EUA. Tudo o que podemos fazer é tocar o nosso melhor e ver o
que acontece. Todavia, eu gosto muito dos Estados Unidos e vai ser bom voltar
lá.
Como
uma história recheada de grandes álbuns e temas deve ser difícil escolher o setlist. Como é vosso procedimento neste
caso?
Sempre que fazemos um álbum tentamos um bom
número das faixas ao vivo e é, geralmente, bastante claro após os primeiros espetáculos
que canções funcionam bem ao vivo e as que não funcionam tão bem.
Alguma
vez paraste para pensar em toda a influência que os Paradise Lost tiveram em muitas
bandas e até mesmo no cenário musical?
Eu nunca paro para pensar nisso. Tenho orgulho
da cena em que crescemos e que ajudamos a ganhar forma, mas só se é bom no último
álbum.
A
terminar há algo mais que queiras dizer aos nossos leitores e fãs portugueses?
Eu gostaria de dizer obrigado pela vossa
paciência para nos verem aí. Com um pouco de sorte devemos ir aí no Outono.
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