Entrevista: Terror Empire

Das cinzas dos Against e dos Zag.A.Lot nasceram os Terror Empire em 2009 banda que se estreia sob a forma de Face The Terror um EP de puro e duro thrash metal old school. Um bem disposto Rui Alexandre, guitarrista e compositor do coletivo, respondeu a Via Nocturna.

Antes de mais obrigado pela vossa disponibilidade e para começar gostaria que nos contassem um pouco como nasceram os Terror Empire e como tem sido o vosso trajeto até agora.
Nós é que agradecemos esta oportunidade de divulgarmos o nosso projeto. Os Terror Empire começaram em 2009, quando as duas bandas anteriores dos nossos elementos acabaram - os Against (Lousã) e Zag.A.Lot (Arganil). Sentimos que era a altura ideal para tocarmos o tipo de som que nos faz ligar a aparelhagem e ir a concertos e queríamos tocar música original... nasciam os Terror Empire. Ensaiámos, compusemos, demos alguns concertos e finalmente gravámos o nosso álbum de estreia, que tem tido uma boa aceitação por parte da crítica e do público (que é quem mais interessa). Estamos neste momento a divulgar o álbum e a tocar no máximo de sítios possível. Dito desta forma, parece um bocado pervertido, mas é a verdade... hahaha.

Existe alguma razão especial para a escolha do nome Terror Empire. Ouvi dizer que está relacionado com o 11 de setembro. É verdade?
É verdade. O 11 de setembro é um dos motivos pelos quais percebemos que teria de haver uma temática real por detrás do nosso nome, em vez de termos mais um nome genérico envolvendo morte, sangue ou cerveja. Basta filtrar a informação que recebemos todos os dias através dos meios de comunicação, para perceber que algo não vai bem no mundo, e que tudo isto está a acontecer por uma razão. Os países ocidentais sentem-se mais do que polícias do mundo - sentem-se patrões deste. Assim, à falta de um motivo para invadir e atacar países com outras culturas, tradições e (mais importante) recursos naturais, criam-se esquemas para que o domínio ocidental continue a prevalecer, seja a que custo for. Nem que seja com ataques auto-infligidos (se já aconteceu com Pearl Harbour, porque não haveria de acontecer com o 11 de Setembro?)...

Em termos musicais que nomes ou correntes vocês apontam como as principais influências?
Temos algumas influências, mas imensas referências. Todos gostamos de clássicos como Metallica, Megadeth, Pantera, Slayer, Death, Sepultura... e ainda há coisas novas como Warbringer, Havok, The Black Dahlia Murder, etc. Tudo influencia um pouco. O metal (em geral), e o thrash (em particular) corre-nos nas veias, e isso nunca mudará.

Face The Terror é o vosso primeiro trabalho. Era este tipo de obra que ansiavam colocar no mercado?
Nós queríamos lançar um álbum de death-core, mas a editora não deixou... Estou a brincar, nem ouvimos death-core, nem alguma editora quis pegar em nós! Assim, fizemos o tipo de álbum que sempre quisemos fazer: duro, rápido, agressivo, extremo a todos os níveis. Falo por mim, mas está precisamente como sempre sonhei fazer. E a melhor parte de todas foi poder dá-lo de graça para quem o quiser ouvir, através da internet. Minto; a melhor parte foi termos feito tudo isto entre amigos. Se não é divertido, não vale a pena!

Desde 2009 que vocês têm compartilhado o palco com alguns dos nomes mais consolidados do panorama nacional. De que forma é que essa experiência se reflete no vosso processo de composição, nomeadamente na criação deste trabalho?
Não querendo soar pretensioso, mas a resposta é ‘de forma alguma’. Não por não gostarmos do que ouvimos da parte dos outros, mas porque já temos imenso material escrito há 5, 10 anos... Nessa altura, ainda não tínhamos tocado com ninguém! Talvez seja essa a fórmula para termos criado aquilo que a crítica tem considerado como um thrash na linha do clássico, mas com imensos elementos que o permitem ser distinto e fresco. Fora deste âmbito, sempre que tocamos com outras bandas, por maior ou menor que seja a sua experiência/dimensão, tentamos sempre aprender algo para melhorarmos enquanto banda. Há bandas “com nome” que mantêm uma postura de humildade fantástica, o que é sempre de louvar!

A gravação decorreu nos estúdios GMP Recording Studios. Como decorreram as coisas?
Uma vez que já tínhamos feito o “trabalho de casa” (leia-se pré-produção), já sabíamos o que pretendíamos, em termos de composição e estrutura das músicas. Também já sabíamos o tipo de som que pretendíamos ouvir, pelo que o processo foi bastante fluído. O Miguel Seco foi o nosso engenheiro de som e tem uma experiência fantástica, apesar de ser um jovem a entrar nos seus “trintas”. Já trabalhou com todo o tipo de bandas, como Napalm Death, Nicole Scherzinger,  Robert Plant, entre muitos outros. É um tipo que sabe o que faz, além de saber misturar com muita qualidade. O estúdio em si é bastante rico em termos de opções, nunca sentimos qualquer tipo de restrição... recomendamos vivamente os GMP Studios, para qualquer tipo de som. Agora só espero que me façam um desconto, depois deste momento de promoção! Haha.

A capa foi criada por uma designer, Márcia Gaudêncio, certo? Expliquem como isso aconteceu…
A Márcia é uma artista, no verdadeiro sentido da palavra. É artista gráfica, designer, crafter... faz tudo. Ela era minha colega, na altura em que a banda procurava por um artista para materializar o conceito que tínhamos idealizado. O fator que nos levou a optar pela Márcia foi o fato dela realmente querer fazer este trabalho; notava-se vontade em querer fazer um trabalho de qualidade. O resultado está à vista - estamos muito satisfeitos com o trabalho brutal que ela desenvolveu.

Agora que Face The Terror está cá fora, como está a ser o feedback?
O feedback está a ser extremamente positivo. As pessoas dizem-nos que conseguem ouvir em Face The Terror um thrash de qualidade, com alguns fatores de novidade que não retiram coesão ao trabalho, no geral. É muito bom ouvir esse tipo de elogios, ou ler as reviews on-line. Faz-nos sentir que todo o esforço investido neste projeto está a valer a pena. Resta acrescentar que, felizmente, em Portugal existem pessoas como o Joel Costa, da Infektion, que tem um sentido de empreendedorismo fantástico. Além da Infektion Magazine, o Joel lançou a Infektion PR, um serviço de promoção de bandas que permitiu que o nome de Terror Empire tenha circulado muito mais rapidamente entre revistas, blogs e comunidades alternativas. O nosso projeto obteve muito mais visibilidade, foi um excelente investimento... Joel, também quero desconto!

E quais são os próximos passos que a banda projeta dar?
Nós queremos tocar cada vez para mais gente e fazer amigos por todo o mundo. O próximo passo deverá passar pelo lançamento de um full-length de qualidade, apenas não sabemos quando.

A terminar, querem acrescentar mais alguma coisa para os nossos leitores?
Não atravessem a estrada sem olhar para os dois lados! Haha... agora a sério, descarreguem o nosso álbum através do site www.terrorempire.net, é gratuito! Distribuam pelos vossos amigos, ajudem-nos a crescer. De resto, apoiem as bandas que vão tocar à vossa zona. Sem fãs, não vale a pena organizar concertos e a cena morre! Metaleiro que apenas gasta dinheiro para ir ao Rock in Rio não é metaleiro... nem todas as bandas começam no topo! Um forte abraço a todos.

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