Já são conhecidos como o
mais emblemático nome do rock
literário nacional. Depois de A Divina
Maldade surge a confirmação com Almas
Envenenadas. Falamos dos Inkilina Sazabra, projeto que nasceu, desenvolveu-se
e apresenta fortes argumentos para se impor definitivamente numa área rockeira não muito usual no nosso país.
Viva! Depois da experiência
com A Divina Maldade que correu muito
bem aí estão de novo os Inkilina Sazabra, com mais um trabalho de rock literário, Almas Envenenadas. Desta vez, houve algumas diferenças na forma de
trabalhar?
Realmente
existem diferenças significativas do Divina
Maldade para o Almas Envenenadas,
dado que no Divina Maldade estávamos
a musicar um livro com todas as suas personagens inerentes ao qual não podíamos
fugir. No Almas Envenenadas já não
existe livro nenhum, é evidente que existe um grande cuidado pela escrita, até
porque a escrita também faz parte do universo de Inkilina Sazabra, não
estivesse o Pedro Sazabra ligado à literatura. Mas no Almas Envenenadas já não estávamos a musicar nenhum livro, digamos
que o Almas Envenenadas é mais o
espirito de Inkilina Sazabra que o Divina
Maldade. É importante referir também que no Divina Maldade primeiro foram feitas as letras e depois a música e,
desta vez o Carlos Sobral compôs primeiro a música e o Pedro Sazabra colocou as
letras por cima da música. Na verdade uma grande diferença na forma de
trabalhar de um álbum para o outro já com um espirito mais apurado do que é
Inkilina Sazabra.
Portanto, as letras voltaram
a estar todas a cargo do Pedro Sazabra ou mais alguém participou desta vez?
As letras
continuaram neste álbum a cargo de Pedro Sazabra. Um dos pontos em que Inkilina
Sazabra foi criado em 2010, foi para o Carlos Sobral dar caminho à sua
musicalidade como compositor e o Pedro Sazabra dar caminho à sua escrita como
pessoa ligado à literatura. No Almas
Envenenadas embora se tenha alterado algumas formas de trabalhar, a composição
continuou totalmente a cargo de Carlos Sobral e a escrita a cargo de Pedro
Sazabra. Ainda não sentimos vontade de alterar esse propósito.
Em Mentes Envenenadas há uma abertura maior, deixando de ser um
projeto a dois para se transformar numa aventura em grupo. Concordas e era essa
o vosso objetivo?
Sem dúvida que
existe uma abertura maior, é importante recordar que os Inkilina Sazabra
começaram por uma ligação de projetos, neste caso Inkilina Morte de Carlos
Sobral e Pedro Sazabra, daí Inkilina Sazabra. Na altura em 2010 não sabíamos
bem no que iria dar isto, tanto que nem nos julgávamos uma banda ainda, mas sim
uma ligação de projetos. Só que as coisas começaram a correr bem, vieram
oportunidades de concerto e, para subirmos ao palco teríamos que recrutar mais
músicos, e dado que precisávamos de um teclista e guitarrista a escolha foi
fácil, por serem nossos amigos e terem bastante talento como músicos, César
Palma na guitarra e Paulo Dimal nas teclas, felizmente eles aceitaram nosso
desafio e sem dúvida têm sido uma mais-valia em prol deste projeto e amizade.
Já quanto à questão se era nosso objetivo o palco quando surgir Inkilina
Sazabra, era uma hipótese que estava e mente e nos agradava, mas era algo que
não pensávamos muito, foi mais no género: vamos compor e escrever, depois logo
se vê.
E é nessa filosofia que se
enquadram os convidados?
Agora que
Inkilina Sazabra já se assume como banda aceitamos o desafio do palco. Neste
novo álbum achamos que para além do quarteto que somos, poderíamos adocicar mais
o álbum ao convidar artistas que admiramos. Felizmente eles aceitaram o nosso
desafio e sem dúvida alguma acrescentaram mais valor a este álbum que muito nos
orgulha. Algo que apreciamos e vamos tentando por em prática é a interação
entre músicos, artistas dos vários quadrantes. Têm sido assim na fotografia,
nos vídeos, folhetos de álbuns e agora também em 4 músicas do Almas Envenenadas. Gostamos disso.
Já agora, queres
apresentá-los?
Rui Sidónio
(Bizarra Locomotiva) participou no tema Almas
Envenenadas, Nuno Flores (The Crow) participou no tema Cala-me Essa Boca, Fernando Abrantes (produtor de Luís Represas etc)
participou no tema Viver, Morrer e
Irina Monteiro (membro da Orquestra Filarmónica de Grândola) participou no tema
Predador Mental.
De que forma se tornou
possível conjugar o vosso trabalho com estas colaborações dignas de realce?
Foi uma fase
simples, foram convidados e como são todos pessoas humildes e acessíveis
tornou-se fácil conjugar todo o processo. Embora com o Nuno Flores e o Fernando
Abrantes o convite tenha sido para gravar uns takes sem certeza que seria utilizado neste disco, o Carlos Sobral
(que havia feito os convites) é que acabou por estruturar e editar esses takes e usá-los em Inkilina Sazabra.
Apesar de se tratar de um projeto
que deve muito ao campo literário, desta vez a componente musical foi mais
trabalhada, parece-me…
Sem a mínima
duvida, por várias razões. Já temos uma perspetiva mais segura de quem são os
Inkilina Sazabra. Neste álbum o Carlos Sobral compôs como quis musicalmente sem
haver letras ainda, embora tivesse alguns cuidados com a caraterística vocal de
Pedro Sazabra. Não teve de seguir os textos já feitos e as suas estruturas como
no disco de estreia e assim pôs em prática um processo de composição mais à sua
maneira pois o A Divina Maldade foi
feito de propósito para ser mais curto e simples de modo a musicar um livro já
escrito.
Desta vez há também uma
editora a assinar o lançamento do álbum, no caso a Infektion Records. Como
aconteceu esta associação?
Tivemos
algumas conversas com editoras, e a Infektion Records foi a que nos disse
precisamente o que poderia fazer, onde nos podia ajudar dentro das suas
limitações e sem oscilações de discurso.
Em termos promocionais, já
está disponível o primeiro vídeo, certo?
Sim o primeiro
vídeo foi lançado um mês antes do lançamento do álbum e felizmente têm tido uma
boa aceitação. A música que escolhemos como videoclip
de apresentação do álbum é o Almas
Envenenadas que conta com a participação de Rui Sidónio e no vídeo contamos
com as colaborações da Eva Plaisir, Fernando Nilo, Pedro Teixeira, e um grande
trabalho do César Palma. Foi filmado num ambiente de festa entre nós todos por
Bucelas, Graça, Vialonga e Grândola. Foi bastante divertido com entre gentes de
bem.
E em termos de concertos,
como estão a decorrer as coisas e o que está planeado para os próximos tempos?
Os concertos
estão a correr bem (com as limitações e problemas que todos os artistas e
bandas inseridos no meio underground
têm de enfrentar). A ideia é correr o país inteiro em concertos, pausadamente e
com tempo para respirar, gostamos de dar um concerto por mês, dois no máximo,
mas a ideia é chegar a público que não chegamos com o disco de estreia.
A terminar, querem
acrescentar mais alguma coisa ao que já foi aqui abordado?
Queremos
agradecer a todos os "malditos" que têm apoiado o percurso de
Inkilina Sazabra, tem sido um caminho muito prazeroso. Estamos muito orgulhosos
deste novo álbum, há pessoas já a saberem as letras todas de cor, e a dizerem
que é dos melhores discos portugueses que já ouviram o que nos deixa muito
felizes e queremos partilhar a nossa obra cada vez mais com todos os
"malditos". Gostávamos de pedir a toda a gente que pelo menos de uma chance às bandas portuguesas para serem
ouvidas; oiçam e analisem não excluam logo à partida por ser português como
ainda acontece muitas vezes. Parabéns também a Via Nocturna pelo excelente
trabalho que vai desenvolvendo.
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