Vandroya é,
definitivamente, uma dos nomes mais excitantes do metal atual e um dos segredos mais bem guardados do Brasil.
Conduzidos pela bela e fantástica vocalista Daísa Munhoz, que também participou
na metal opera Soulspell, o coletivo
adiciona algo de diferente ao cenário do metal
melódico por via das suas incursões pelo prog.
Numa entrevista em primeira mão para Portugal, Daísa falou do crescimento de
Vandroya e de One, o novo álbum já
disponível.
Olá Daísa! Antes de mais obrigado por responderes a
Via Nocturna e, em segundo lugar, parabéns pelo vosso excelente álbum. Por
isso, queria perguntar-te como foi preparar e compor One?
Nós é que agradecemos a vocês da Via Nocturna
pela oportunidade de falar em primeira mão ao público de Portugal. Também
agradecemos pelo elogio ao nosso álbum. A preparação e composição de One acabou por ser um processo bem
complexo e cansativo, porém muito gratificante. Quando decidimos que
gravaríamos o álbum, tivemos que sentar e analisar muito material que havíamos
arquivado durante muitos anos de banda. Esse processo juntamente com a
finalização das composições durou aproximadamente três meses e somente após
esse processo entramos em estúdio para iniciar as gravações. A produção do
álbum ficou por conta do nosso guitarrista Marco Lambert, já a mixagem e
masterização Heros Trench (Mr. Som Studio), que também é guitarrista da grande
banda brasileira Korzus, foi o responsável.
Na realidade, verificou-se um longo hiato desde a
vossa estreia através do EP Within
Shadows. Tal ficou a dever-se a algum motivo em especial?
Gravamos o Ep Within
Shadows em 2005, mas no mesmo ano começamos a ter alguns problemas com
mudança de integrantes. Na realidade, esse problema acabou por se arrastar
praticamente até o final de 2009. Estávamos muito cansados e desanimados para
continuar, portanto no inicio de 2010 resolvemos parar para reorganizar as
ideias. Ainda em 2010, Marco Lambert e eu participamos da tournée do segundo álbum da Soulspell
Metal Opera, e no final da tournée
em dezembro de 2010, Heleno Vale, baterista e idealizador dos Souslpell incentivou-nos
muito para voltar com os Vandroya e gravar um álbum, e depois de tanta
insistência, paramos para pensar e resolvemos voltar com os Vandroya para
gravar o One.
Mas começaram a trabalhar em One em 2010, certo? Porque tanto tempo? Tiveram problemas em estúdio?
De forma alguma, na verdade, começamos a
trabalhar com força total em One
somente em janeiro de 2011 e iniciamos as gravações apenas no final de março. A
partir daí, o processo demorou um pouco, pois não tínhamos pressa, afinal já
havíamos esperado tanto tempo, 10 anos para ser exata. Achamos que não seria
nada positivo correr com as gravações e edições, por isso tivemos muita calma e
procuramos estar atentos a todos os detalhes. One estava pronto nas nossas mãos em setembro de 2012, porém
acabamos por ter que atrasar os lançamento em função do contrato de lançamento
que conseguimos com o selo japonês Spiritual Beast e o selo europeu Inner
Wound. Estávamos muito ansiosos para lançar o nosso primeiro álbum o quanto
antes, mas diante da possibilidade de lançarmos o disco para uma maior
quantidade de países não pensamos duas vezes, e esperamos um pouco mais.
Aliás, a banda nasceu em 2001, por isso acaba por ser
um reduzido pecúlio e até não muito vulgar nos dias que correm a estreia em
formato longo surgir apenas 12 anos depois. Suponho que terá havido uma forte
enfase no amadurecimento da banda e dos temas?
Os Vandroya formaram-se realmente em 2001, éramos
apenas adolescentes, reuniamo-nos aos domingos para trocar experiências, trocar
cd´s e tocar músicas das bandas que admirávamos. Foi assim que a banda surgiu,
fazendo covers de diversas bandas,
tais como Iron maiden, Helloween, Gamma Ray, Dream Theater, Angra e etc. Com o
passar do tempo, percebemos que tocar apenas músicas de outras bandas não fazia
sentido, queríamos tocar nossas próprias músicas, e começámos a compor, e isso
foi em 2005. Então,
saiu Within Shadows e Why Should We Say Goodbye. Quando pensamos a
respeito do álbum só ter sido lançado em 2012/2013, vemos que foi a melhor
coisa que poderia ter acontecido, pois todos os músicos amadureceram mais, a
banda amadureceu, enfim, todos evoluíram, não há dúvidas de que ainda vamos
amadurecer e evoluir para o segundo álbum, mas consideramos One um álbum maduro. Contudo, se
tivéssemos lançado One em 2006, 2007
ou 2008, acreditamos que ele seria apenas só mais um álbum de Heavy Metal mal produzido. Nas faixas do
Ep de 2005 tivemos muita sorte, pois são músicas boas, tanto que as regravamos,
mas temos certeza absoluta de que não teríamos essa sorte no álbum todo.
Realmente, para este álbum recuperaram alguns temas do
EP. Conferiram-lhe alguma nova roupagem?
Para One
resolvemos regravar as duas faixas que estavam no Ep, à faixa título Within Shadows e Why Should We Say Goodbye. Essas duas músicas foram muito
importantes para os Vandroya, pois foi com elas que começamos a ter maior
visibilidade e credibilidade. Na ocasião, vendemos todas às copias do Ep,
realmente ficamos muito surpresos com a aceitação. Mas o principal fator de
termos regravado essas duas músicas, foi o sentimento acima de especial que
temos por elas. Acho que ninguém nos convenceria a não colocar Why Should We Say Goodbye em One, sendo assim, seria injusto não colocarmos Within Shadows também. Houve
pouquíssimas mudanças nas regravações, eu diria que apenas a Within Shadows ficou um pouquinho
diferente em função da genialidade de Gabriel Magioni (Ex-Soulspell) que foi o
responsável por gravar os teclados do nosso álbum. Deixamo-lo bem à vontade
para colocar arranjos não só nessas duas faixas, mas no disco todo. O Gabriel é
um génio no que faz, é um dos melhores teclistas que temos aqui no Brasil sem
dúvida alguma, e esperamos poder repetir essa parceria com ele no próximo
álbum.
Falando mais detalhadamente da música de One, como descreverias aquilo que os fãs
poderão ouvir?
Sempre que nos perguntam sobre qual é o estilo de
Vandroya, costumamos dizer que é simplesmente Heavy Metal, pois não gostamos muito de rotular o que nós somos.
Talvez a melhor definição seja mesmo Power
Metal Progressivo, porém, ainda assim preferimos não rotular, pois não
sabemos o que será feito no segundo álbum, não gostamos de ficar presos a um
rótulo. Mas falando de One ele é um
disco que contém todos os elementos que gostamos. Faixas como The Last Free Land, Change The Tide e This World
of Yours são velozes e ao mesmo tempo pesadas, bem ao estilo do Power Metal, já em faixas como No Oblivion For Eternity, Anthem (For The Sun) e Solar Night, a velocidade já não é o
elemento principal, o que predomina nelas são os riffs de guitarra, mudanças de harmonia, de andamento, mais ao
estilo do Progressivo. Contudo, não é um álbum difícil de ouvir, muito pelo
contrário. Alguns temas reencontram-se no decorrer das faixas para que
realmente “Tudo se torne Um” (All Becomes
One).
O disco foi primeiramente editado no Japão. Como foram
as primeiras reações de lá?
Estávamos muito ansiosos para este lançamento,
pois sabemos muito bem o quanto os japoneses gostam e entendem de heavy metal. Recebemos muitas mensagens
de apoio e carinho vindas da Ásia e da Oceania, e isso dá-te mais vontade de
continuar, entendes? As reações têm sido incríveis.
Neste álbum contam a colaboração de Leandro Caçoilo
num dueto contigo em Change The Tide.
Como se proporcionou esse momento?
Bom, antes de qualquer coisa, temos que voltar lá
no começo dos Vandroya, para dizer que éramos grandes fans do Leandro, víamo-lo
a cantar nos Eterna e admirávamos muito o trabalho dele. Quando fizemos a tournée com a Souspell, que o Leandro
também fez parte acabando por nos aproximar dele e criar uma amizade muito
grande. Change The Tide é uma música
que foi gravada pelos Vandroya e lançada tanto em One quanto no terceiro álbum dos Soulspell (Hollow´s Gathering), porém, no álbum dos Soulspell eu faço esse
dueto com o Micheal Vescera (Ex-Malmsteen). Sendo assim, precisávamos de uma
pessoa pra fazer esse dueto em One, e
foi aí que fizemos o convite ao Leandro. Ficamos muito honrados por ele ter
aceitado o convite, uma vez que todos nós somos muito fans dele, e de repente
ele está no nosso álbum. O Leandro é uma pessoa maravilhosa, com um talento
incrível, e sem dúvida alguma, é um dos melhores vocalistas do mundo.
Falando agora da tua carreira pessoal, tens tido alguma
preponderância no projeto Soulspell, que aliás já referiste algumas vezes. Que
papel tens desempenhado na história do Heleno e como analisas o teu desempenho?
Sentiste necessidade de alguma preparação especial pelo facto de, embora apenas
em termos vocais, representares uma personagem?
A minha personagem chama-se
Judith e ela evoluiu muito desde o primeiro disco: ela passa de menina sem
graça a uma mulher que deve tomar decisões difíceis na sua vida. Judith começa
na historia como a namorada do personagem principal e só. Apenas a partir do
segundo disco é que ela ganha algum destaque, gera um filho, descobre tramas,
até que no terceiro disco ela está em seu auge, ligada a todos os personagens
de alguma forma. Ela morre nesse disco. O trabalho vocal dessa personagem foi
construído por mim e por Heleno Vale. Heleno soube tirar de mim o que queria
exatamente para a construção de Judith, como ela soaria. Ela tem momentos
suaves e tristes, bem como momentos de raiva e explosão. Acho que juntos,
Heleno e eu, soubemos passar todas essas emoções no disco. Fora isso, nenhuma
preparação especial: somente captar o momento da personagem e tentar exprimir
na gravação.
Também já vimos que tens tido oportunidade de atuar
com o projeto Soulspell? Como tem sido?
Apesar de todas as dificuldades em fazer shows de Heavy Metal aqui no Brasil, tivemos oportunidade, Marco Lambert,
Rodolfo Pagotto e eu, de fazermos a tournée
do segundo álbum da Soulspell (The Labyrinth
of Truths). Essa tournée ocorreu
de agosto de 2010 a fevereiro de 2012 e passamos por diversas cidades
brasileiras, incluindo grandes capitais como São Paulo, Porto Alegre, Curitiba,
Brasília, Fortaleza, Natal, Teresina entre outras. Foram shows memoráveis, a banda tem uma energia, um clima muito gostoso
para se trabalhar e tentamos passar isso nos shows para o público. Os Souslpell também foram a banda de apoio de
Zak Stevens (Ex-Savatage) aqui no Brasil, para uma sequência de cinco shows pela região Nordeste do país, e
essa foi outra parte incrível de nossas carreiras, pois éramos grandes fans de
Zak também, e ter a honra de dividir o palco com ele foi inesquecível.
E já agora, para One
têm já alguma coisa planeada para sair para a estrada?
Como já comentei acima, aqui no Brasil, realmente
é bem difícil, principalmente para bandas de menor porte, fazer uma tournée grande. Algumas impossibilidades
como falta de apoio e de organização, acabam por atrapalhar o agendamento de
uma tournée maior. Porém, já estamos
com alguns shows agendados e é claro
que queremos fazer a maior quantidade de shows
possível, para a maior quantidade de pessoas possível, e estamos muito ansiosos
para o início dos shows.
Obrigado Daísa! Um beijo e deixo-te a possibilidade de
dizeres mais qualquer coisa para os vossos fans e para os nossos leitores…
Em primeiro lugar, agradeço a vocês da Via
Nocturna por finalmente uma entrevista em português (risos). Muito obrigada
pela oportunidade de falar um pouco mais sobre a história de Vandroya, assim
como de One, e pelo apoio que temos
recebido: isto tem sido realmente muito gratificante. Espero podermos encontrar-nos
em breve, numa possível tournée! Um
grande beijo a todos! Muito obrigada!!!
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