Olá,
malta! Os Mindfeeder começaram em 2003, como Inertia mas aquando da gravação da
primeira demo já eram Mindfeeder. Porque esta mudança de nome?
Henrique: Bem, primeiro que tudo em nome dos Mindfeeder, quero agradecer a tua
review ao nosso álbum e também a oportunidade para esta entrevista.
Em relação à pergunta,
nós mudámos de nome porque descobrimos que existia outra banda com o nome de
Inertia, que era, se bem me lembro, uma banda de música eletrónica, daí que
achámos melhor alterar o nome e após um "brainstorming" chegamos à
conclusão que Mindfeeder seria o nome ideal para a banda.
Curioso foi que este nome
foi retirado de uma música dos Iron Savior, banda do nosso amigo Piet Sielck
que acabou por ser o sétimo elemento neste novo álbum.
E
desde os tempos dos Inertia, como tem sido a história dos Mindfeeder?
Piri: A história dos Mindfeeder tem sido cheia de peripécias e alguns momentos
fantásticos, sempre levamos este projeto com base na amizade, sem muitas
ilusões e com os pés bem assentes na terra, com muita serenidade mas também com
muito entusiasmo e acima de tudo com o intuito de nos divertirmos e
desfrutarmos ao máximo, depois tudo o que vier por acréscimo é bónus. Temos
muitas histórias interessantes, algumas até hilariantes, ao longo dos anos
temos tocado de norte a sul do país, conhecemos bons músicos e pessoas muito
prestáveis por esse país fora.
Durante todos estes anos
há um momento que jamais esquecerei e que para mim foi um dos momentos mais
importantes na história dos Mindfeeder, o primeiro concerto que demos no Porto
no festival Velha Guarda, fomos muito bem recebidos por um publico fantástico e
muito caloroso. Acho que nesse momento tivemos o clique, ganhamos ânimo extra
para continuarmos a trabalhar e a divulgar o nosso Power Metal.
Pelo
caminho, têm tido alguns momentos históricos, nomeadamente o 7º lugar entre 40
bandas em 2005 no Heavy Metal Eurovision Contest. Como sentiram esse momento e
que influência teve na vossa projeção?
Leo: Esse foi de facto um momento determinante para a nossa aventura musical.
Nessa altura tínhamos em mãos uma demo – Rise from the Flames – que nem por
isso nos agradou no seu resultado final. Fazíamos concertos aqui e ali mas nada
de muito significativo. O HMEC teve o mérito de nos acordar para tentarmos dar
um passo em frente e acreditarmos que podíamos ter alguma coisa a acrescentar
no cenário musical e começamos de facto a pensar em ter um trabalho mais a
sério e daí nasce o nosso EP de 2006 Mind Revolution que iria ser muito bem
recebido por todos e obteve excelentes críticas. A partir daí temos a noção que
o nome Mindfeeder começou a ser falado com respeito no nosso underground e com
uma projeção muito maior.
Piri: Bem, para falar a verdade foi uma surpresa. O evento é organizado pelo
site www.esckaz.com , é necessário a banda ter uma página criada no
Metal-Archives com uma ou mais musicas em mp3, página essa que pode ser criada
por um fã ou amigo. No caso dos “8 grandes” (Reino Unido, Alemanha, Suécia,
Finlândia, Itália, Dinamarca, Holanda e Rússia) os participantes são sugeridos
pelos internautas, enquanto que as bandas que representam os restantes 32 países,
são selecionadas pela organização, os Mindfeeder reuniam todas as condições
para participar no evento e tivemos o privilégio de ser escolhidos para
representar o nosso país na segunda edição deste evento, o que para nós foi e
sempre será motivo de grande orgulho.
Para
além deste momento, sei que venceram alguns outros concursos e até apareceram
na Televisão. De que forma isso ajudou a consolidar o vosso nome?
Henrique: Quando tu tens uma banda, tudo o que "vem" é bom. E nessa altura
nós estávamos no inicio, e aproveitávamos o que surgia, festivais, festas da
terra, concursos, de modo a divulgar o nome dos Mindfeeder e a nossa música.
Fizemos por exemplo
muitos concertos no Alentejo, e foi ai que tivemos a nossa primeira
"legião de fans".
A partir de 2006, com a
gravação do EP Mind Revolution, é que expandimos os horizontes ao resto do
país, onde tocámos de norte a sul, o que nos deu experiencia de estrada.
Recordamos especialmente um concerto de 2007 no Porto, no Teatro Sá da Bandeira
com grandes bandas, onde tivemos uma noite fantástica, com um público
extraordinário que nunca nos tinha ouvido e nos recebeu de braços abertos,
antes, durante e depois do concerto.
A ida à televisão, não
sei se nos promoveu grande coisa porque o programa dava às 2h da manha (risos) mas acabou por ser uma experiencia engraçada que serviu para nos divertirmos e
ter um pouco a ideia de como funciona o "teatro" televisivo.
Para
este novo trabalho, socorreram-se de Piet Sielck. Como se processou o contacto
e que influência teve ele na sonoridade geral?
Ricardo: Inicialmente iria ser tudo feito por nós até porque o nosso orçamento era
muito pouco ou nenhum, mas com o passar do tempo e o evoluir das gravações a
certa altura decidimos que seria uma mais-valia ter alguém com créditos
firmados no meio a fazer a mistura e masterização do álbum.
Quando começamos a pôr
hipóteses de produtores o nome do Piet Sielck foi consensual, ninguém melhor
que o "pai" do nome MINDFEEDER e um dos pioneiros do Power Metal que
para além de excelente músico é também um excelente produtor.
Iniciamos contactos com o
Piet via email, dissemos-lhe que era o pai da criança e que tinha que
assumir!
O Piet é uma pessoa muito
acessível e divertida e mostrou-se sempre muito interessado no nosso projeto o
que nos levou a dar-lhe total controlo sobre o Álbum.
A influência do Piet na
sonoridade foi imensa e superou inclusive as nossas expectativas, ele recebeu
todas as gravações em "crú", guitarras e baixo por exemplo fez o
re-amp com os amplificadores dele, decidiu das dezenas e dezenas de pistas por
música que recebeu (o Memories por exemplo tinha perto de 100 pistas) o que era
uma mais valia para a música e o que seria para "deitar fora", o
nosso som ficou muito à imagem do Piet, mas a contribuição dele não se ficou
por aí, o Piet envolveu-se no nosso projeto por completo tornando-se o 7º
elemento dos MINDFEEDER, complementou alguns dos coros que lhe enviamos com os
coros dele e acrescentou-os noutras partes o que deu outra dinâmica a algumas
das músicas. Como se não fosse suficiente deu-nos também o prazer de tocar
alguns solos de guitarra no nosso álbum, para nós foi um sonho tornado
realidade!
Nuno: É muito difícil descrever todo o processo de gravação em curtas palavras.
Foi um trabalho muito exigente e demorado desde a sua conceção até ao produto
final. Sendo um trabalho produzido pela banda, tivemos de ultrapassar vários
obstáculos como a nossa própria inexperiência para um trabalho desta dimensão e
com o qual crescemos muito. Questões relacionadas com a nossa vida pessoal e
outras tornaram a realização do álbum ainda mais demorada. Quando a determinada
altura pensamos que seria uma missão quase impossível o nosso espírito de união
prevaleceu e só tivemos olhos para o nosso objetivo. Não podíamos voltar atrás,
por nós e por todos que nos têm em consideração não podíamos desistir. Temos de
agradecer a todos os que nos apoiaram ao longo desta jornada e em particular ao
Ricardo que criou as condições necessárias e cuja infindável paciência nos
permitiu registar este trabalho.
E
depois têm um conjunto de convidados. Querem falar deles e contar como foi a
sua participação em Endless Storm?
Leo: Devo confessar que para além do objetivo comum de termos um álbum de que
nos orgulhássemos eu tinha um objetivo pessoal que era fazer do Endless Storm
um álbum vocalmente superior. Os arranjos, as melodias e tudo o que diz
respeito à voz teriam de estar absolutamente acima da média.
Dito isto e tendo aqui em
Portugal a matéria-prima necessária para fazer um grande disco com grandes
vozes não é difícil prever que tivéssemos convidado nomes como Artur Almeida
dos Attick Demons, Hugo Soares (ex-Artworx e Ethereal), Paulo Gonçalves
(Shadowsphere), Célia Ramos (Mons Lunae), Mena (ex-Tearful) e o Tiago Ribeiro
que são apenas algumas das vozes mais fantásticas que conheço a nível mundial e
que temos o prazer de ter como amigos. Todos eles se disponibilizaram imediatamente
para nos ajudar e fizeram da sua participação algo memorável como vão ter a
oportunidade de ouvir no álbum.
Para além disso a
participação do Piet Sielck que já falamos anteriormente e que é uma voz mais
conhecida do nosso meio, também foi absolutamente determinante para alcançar
excelentes momentos vocais e solos de guitarra fabulosos.
Tivemos ainda a
participação no The Call de 4 dos melhores amigos e fans da banda em estúdio o
que foi um momento fantástico porque nos permitiu partilhar com eles esta
experiência e fazer com que também os fans fizessem parte do álbum. O meu
agradecimento ao Geiras ao Nuno Oliveira e às Inês Mishas!
Para além disso quero
referir o trabalho fantástico do nosso grande amigo Augusto Peixoto da Irondoom
Design e baterista dos Head:Stoned e da Diana Fernandes pelas nossas fotos
promocionais. São talentos como estes que fazem de nós um pais riquíssimo!
Qual
o significado de um tema como 1628?
Nuno: É um tema que transporta uma enorme carga emocional e que fala sobre uma relação
amorosa que contra todas as adversidades e expectativas prevaleceu. Muito
metal, portanto,
É uma mensagem de crer e
de esperança.
A
25 de abril será o concerto de apresentação. Estão a preparar algo especial?
Sérgio: Como concerto de apresentação do 1º álbum, teríamos que preparar algo
especial e inesquecível quer para nós, quer para quem nos acompanhou, acompanha
e irá acompanhar. Acima de tudo queremos que não seja somente um concerto, mas
uma grande festa! Quanto a pormenores, é surpresa! (risos) Há certas coisas que
não podemos levantar o véu... Queremos surpreender o nosso público, os nossos
amigos e os nossos fãs! O local escolhido (se me permitirem a publicidade, é o
Live Act Lounge -www.facebook.com/liveactlounge), é um bar que se tem vindo a
tornar um local de culto no mundo da música, onde muitos projetos (covers e
originais) têm tocado, por onde grandes nomes da música nacional já passaram e
acima de tudo, por ser uma casa que vive e respira da música em geral! O
ambiente não podia ser melhor para poder receber o nosso público e os nossos
amigos! Nós sabemos que nos vamos sentir em casa e isso é imprescindível para
que o espetáculo se torne isso mesmo: um espetáculo!
O
power metal parece meio esquecido no nosso país. Vocês próprios em algumas
entrevistas têm citado esse desinteresse. Acham que as coisas têm mudado um
pouco ou não?
Ricardo: Infelizmente não é só no nosso país que anda meio esquecido e creio que no
fundo está tudo ligado. Há alguns anos atrás apareciam novas bandas de Power
Metal / Metal Melódico todas as semanas, era como que o género em moda dentro
do metal. O ponto negativo dessa massificação foi que muitas dessas bandas nada
traziam de novo ao género enquanto outras eram efetivamente más o que
contribuiu para a saturação do género e também infelizmente para a colagem de
alguns "rótulos" menos apropriados e injustos que ainda hoje afastam
algumas pessoas.
No nosso país acho que o
Power Metal nunca chegou a "dar o salto" necessário, talvez devido à
falta de divulgação, em muitos concertos temos pessoas que vêm ter connosco e
dizem que não sabiam sequer que havia bandas a praticar este tipo de som em
Portugal.
Concluindo, não acho que
as coisas tenham mudado muito no entanto cabe-nos também a nós bandas
contribuir para que essa mudança aconteça apostando na qualidade e
originalidade, hoje em dia a Internet torna possível chegarmos a cada vez mais
pessoas e conquistar novos fãs, nós estamos a tentar fazer a nossa parte com
este trabalho e olhando para o panorama nacional vejo que temos poucas mas boas
bandas de Power Metal portanto há esperança!
Para
além dos Mindfeeder, alguns de vocês participam em algum outro projecto?
Leo: Eu sou quem tem a vida mais agitada nesse capítulo. Vocalizei e escrevi as
letras do 3º álbum dos Scar for Life – 3 Minute Silence, vou gravar as vozes
principais no novo álbum de Fantasy Opus e para além disso tenho uma banda de
covers com nomes bem conhecidos do metal nacional que deve estar quase por ai a
“rebentar” e outra surpresa com elementos dos Mindfeeder que também esta na
calha.
Para além disso o Nuno
Carranca já fez parte dos Tearful, o Sérgio fez parte dos extintos Lostland e
Arentius e passou pelos Drakkar e o Ricardo foi recrutado aos extintos Fireball.
Naturalmente
que a prioridade número um agora é a promoção de Endless Storm. Já há concertos agendados?
Leo: Estamos a preparar outra tour bem composta. Para além do lançamento a 25
de Abril, que desde já ficam convidados a aparecer, temos o March of Metal Fest
que é organizado por mim a 4 de Maio no Side B com grandes bandas nacionais e
com uma banda italiana.
Temos a 1 de Junho o
aniversário dos nossos grandes amigos Attick Demons onde vamos ter a honra de
tocar e partilhar o palco da Republica da música em Alvalade com eles e com
outros grandes amigos nossos os Head:Stoned.
Estamos também já
confirmados para o Hard Metal Fest em Mangualde em Janeiro de 2014.
Entretanto estamos também
a preparar uma ida ao Porto que será anunciada e a participação em outro
Festival de Metal que será anunciado na nossa página
www.facebook.com/mindfeeder em breve.
Se houver promotores que
nos queiram a tocar no vosso evento contactem-nos para a nossa pagina de
facebook.
Sérgio: Bom... Creio que como elemento mais novo desta fantástica irmandade posso
demonstrar certamente que o desejo é comum... Foi uma longa batalha (para mim
mais curta, uma vez que entrei a meio do processo de gravação), mas foi uma
jornada dura que nos serviu para aprender com os muitos erros de principiante
que cometemos e que, felizmente, foram corrigidos. Os planos para o futuro
passam muito por colher os frutos deste álbum, sejam eles bons ou maus,
aprender com os erros cometidos, e continuar a batalhar... Há alguns temas
novos na manga, que ainda não tivemos oportunidade de os trabalhar, devido à
preparação e planeamento da tour, mas que a seu tempo serão colocados em cima da
mesa e trabalhados, desta vez, com outra perceção e com outro tipo de foco e
maturidade...
A
terminar, querem acrescentar mais alguma coisa que não tenha sido abordado
nesta entrevista? Ou deixar uma mensagem para os nossos
leitores?
Leo: Muito Obrigado pelo apoio do Via Nocturna e deixem dar-vos os parabéns
pelo trabalho fantástico de apoio que têm realizado.
A todos os leitores quero
dizer-vos que podem seguir-nos na nossa página de Facebook e fiquem atentos
pois ainda há muitas surpresas reservadas. Se gostam de
Metal embarquem connosco nesta aventura! Keep
feeding your Minds!
Nuno: O que mais desejamos é mostrar o nosso trabalho em palco, onde nos
sentimos bem. O nosso agradecimento a vós e a todos os leitores. Apareçam nos
concertos e tornem a Endless Tour inesquecível! Apoiem sempre o
metal nacional!
Piri: É muito importante que continuem a apoiar os projetos e músicos nacionais,
sem apoio e divulgação os projetos perdem-se e os músicos acabam por ser
“engolidos” pela necessidade de ganhar alguns euros para sobreviver. Uma palavra de apreço ao
excelente trabalho desenvolvido pelo Via Nocturna e pela divulgação do que se
faz por cá.
Henrique: Oiçam e divulguem a nossa música, comprem o nosso album e apareçam nos
nossos concertos.
Ricardo: Apoiem o metal nacional, encham os concertos e demonstrem o vosso apoio,
seja comprando os CDs seja apenas com umas palavras de apreciação ou mesmo só
estando presente, não há nada mais gratificante para uma banda que ver o seu
trabalho reconhecido e nada mais desolador que uma sala vazia.
Sérgio: O que eu queria efetivamente dizer e foi uma coisa que me deixou
extremamente chateado foi que eu queria chamar a esta tour de
"tour-neira", mas o quórum não me foi favorável... Agora a sério, apoiem o
metal nacional. Há muita qualidade aí "escondida" e que permanece
como underground por não ser apoiada! Há que espevitar e cultivar as pessoas
para abrirem as suas "pequenas" mentes às coisas novas e boas da vida!
Keep feeding your minds with heavy metal!
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