Entrevista: Rainy Days Factory

Aproveitando um período de stand-by dos Diva, três elementos continuaram a trabalhar e o resultado surgiu na forma de Rainy Days Factory, coletivo que se dedica a misturar sons, letras, emoções, sentimentos e até, redenção. Ocean Of Tears é o primeiro longa duração do projecto e esse foi o tópico principal da entrevista que Pedro Solaris nos concedeu.

Viva, obrigado por despenderem algum tempo com Via Nocturna. Os Rainy Days Factory já estão no ativo há alguns anos. Como tem sido a vossa existência neste tempo?
Os RDF dedicam-se a misturar sons e letras, emoções, sentimentos e por vezes a redenção quando tocamos ao vivo alguns dos temas. Temos repartido o tempo entre ensaios, gravações e espetáculos. As músicas ao longo do tempo foram sofrendo metamorfoses, são seres vivos com vontade próprias e, cada vez que as tocamos, surpreendemo-nos e surpreendemos quem nos escuta.

Na altura do início ainda eram membros dos Diva? O que vos fez iniciar esta caminhada?
Ainda somos membros dos DIVA, banda que se encontra em stand-by. O surgimento dos RDF teve em conta este estado de alma e uma estratégia terapêutica. Três elementos continuaram a encontrar-se na sala de ensaio para continuarem a fazer misturas de sons e ideias. Quando os sons começaram a apresentar uma nova identidade surgiu a vontade de gravar. Foi nesta altura que surgiram os Rainy Days Factory 

Que nomes ou movimentos mais vos influenciam?
Toda a música que se faz em Portugal. No entanto, sabemos que o nosso som está muito identificado com a “Factory Records” e com a 4AD.

Em 2011 gravaram o primeiro EP de 4 temas em formato live. O que vos fez optar por esse formato?
A simplicidade do processo. As possibilidades de captar as músicas tal e qual como elas iriam ser ouvidas ao vivo. Sem aditivos nem conservantes.

De que forma descreveriam a vossa sonoridade?
Gostamos de pensar que conseguimos fazer sons atmosféricos, carregados de nuvens, chuva e electricidade.

Entretanto, chegam à Ethereal Sound Works. Como se processou essa ligação?
De uma forma muito simples. Bastou uma pequena conversa com o Gonçalo para todo o processo da edição do EP e LP ficarem acordados. A política editorial seguida pela ESW convenceu de imediato os RDF.

Agora surge o primeiro longa duração que acaba por recuperar esses temas do EP. Esses temas têm uma nova roupagem?
Os 4 temas do EP foram ligeiramente retocados pela mão do Amândio Costa Bastos, excelente produtor dos dois registos, no intuito de dar a todos os amigos que compraram o EP e o Oceans Of Tears, a possibilidade de ouvirem duas versões diferentes. Para além disso, foi lançado pela ESW um EP de promoção ao Oceans Of Tears onde consta uma versão de garagem do tema Shame.

Para além de vocês os três, têm alguns convidados neste disco. Querem apresenta-los?
Os convidados ficaram a dever-se ao facto de querermos, numa primeira fase, vestir com novas roupagens o tema Oceans Of Tears. O intuito era criar outros espaços atmosféricos para além daqueles a que estávamos habituados a concretizar. A opção das cordas (violino e violoncelo) foi muito bem recebida pela banda. Os nomes escolhidos, Viviena Tupikova e Sandra Martins foram uma enorme honra para os RDF. Depois de ouvirmos o arranjo de cordas para o Oceans Of Tears foi fácil pedir a estas excelentes executantes que tocassem noutros temas. O Felt ficou enorme com o arranjo de cordas. O Lost Boys é uma interessante remistura da autoria do Amândio Costa Bastos com base no original Oceans Of Tears. A Ana Teresa Santos, nossa terceira convidada, foi uma enorme surpresa, uma vez que revelou ter uma excelente voz para as nossas ambiências atmosféricas. De tal maneira, que a banda decidiu que para além da participação no Oceans Of Tears, a Ana Teresa Santos ainda cantasse a solo o tema Lost Boys.

Que papéis tiveram na criação dos temas onde esses convidados se inserem?
Os convidados tiveram liberdade total para proporem novos arranjos musicais.

No caso da Ana Teresa Santos, depois da sua participação no álbum esteve também no concerto na Caixa Económica Operária. Pode já ser considerada como membro efetivo dos RDF?
A Ana Teresa Santos (ver curriculum aqui) para além de uma enorme amiga, tem estado mais ligada à área do cinema e do teatro enquanto atriz. No entanto, não descartamos futuras participações uma vez que se revelou como uma das boas vozes da cena musical portuguesa

Já fizeram a apresentação do álbum em algumas FNAC’s. Como tem sido a recepção?
As FNAC’S servem sobretudo para promover o Oceans Of Tears. É gratificante ver a aceitação que a banda recebe por todos os amigos que ali se deslocam propositadamente para rever os temas, bem como, os outros, que desconhecendo o evento e a banda escutam os temas.

E há planos para uma tour mais longa, por exemplo?
Ainda não existem planos nesse sentido, embora a banda tenha vontade de tocar um pouco mais ao vivo.

E que outros objetivos vocês delineiam para o futuro mais próximo?
Continuar a misturar sons e letras.

A terminar, mais uma vez obrigado e dou-vos a oportunidade de acrescentar algo mais ao que já foi abordado nesta entrevista?
Deixar aqui o nosso grande apreço por quem, com alguma teimosia, continua ligado à música feita em Portugal. Dar os parabéns a todos os amigos que continuam em bandas ou a solo, DJs, editoras, produtores, técnicos de som, agenciamento, promotores de espetáculos, a contribuir para o enriquecimento cultural deste país, como é o caso de: UNI_FORM, Supreme Soul, Alma Fabrica, Priscilla Devesa, Bruno Broa (MAR), Paulo Coimbra Martins (Archétypo 120), Yggdrasil, Nuno Varudo (Persona Project), Cindy Kat, PunkSinatra, Márcia Santos, Samuel Úria, a Jigsaw, Minta, We Trust, Noiserv, Amândio Costa Bastos, Nuno Santos, David Hinrichs, Paula Casanova, Gonçalo João, Bruno Cordeiro (A Comissão) e tantos, tantos outros. Obrigado!

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