Uma
Casa de Bonecas (Igor)
(2013, Independente)
(4.5/6)
Uma Casa de Bonecas é o segundo álbum de Igor Freitas e sucedendo a Circo
dos Horrores, refina-se a estratégia. Igor
volta mais mordaz, mais teatral, mais provocante. Uma Casa de Bonecas é um disco conceptual com uma história que tem
tanto de romantismo e paixão como de decadência e perversão. Musicalmente, Igor não impõe limites à sua composição
e por isso, este um álbum que tanto tem de pop,
como de rock, como de industrial/techno, como de darkwave, como de cabaret
e até big band! Uma interessante
diversidade estilística que acaba por encontrar paralelo na diversidade vocal
de Igor Freitas, como se ele próprio vestisse a pele de diversas personagens
nesta história contada em tons de cor-de-rosa
com bolinha no canto superior direito.
Portanto, este é um disco de difícil catalogação e de nada easy-listening, e até sem grande possibilidade de comparação no
panorama nacional. Mão Morta, a
espaços, Bizzarra Locomotiva noutros
momentos, mas essencialmente, até pelo arrojo, decadência e humor negro, La Chanson Noire. Grande Abertura da Volúpia é a faixa introdutória e a primeira de
um conjunto de cinco pequenos trechos curtos e narrados, entrando por campos do
spoken-word, que servem para irem
situando o ouvinte em termos de história. No entanto, verdadeiramente brilhante
é a escolha de três temas bem conhecidos do nosso cancioneiro (O Corpo é Que
Paga, de António Variações; Ele e Ela, de Madalena Iglésias; e Nini dos
Meus Quinze Anos, de Paulo de
Carvalho) para cobrir. Brilhante não só porque a temática de cada uma delas
encaixa na perfeição no rumo que a história leva, mas também porque a roupagem
criada por Igor se revela uma
mais-valia que transmite a sensação de terem sido criados para este álbum. Mas
há outros momentos de interesse: o formato de musical em Bailarina Sem Vestido, o blues
decadente com guitarras fortes de Barbie
Modelo-Cabaret (o melhor tema, na nossa opinião); a grande musicalidade de Olhos de Porcelana ou a pop à Delfins de Circo dos Amores.
Todavia, fica a sensação que a integral perceção deste conceito e trabalho só
será conseguida ao vivo. Ainda assim, regista-se a criação de uma obra
diferente, com qualidade e desafiadora dos standards
estabelecidos.
Tracklist:
01
Grande Abertura da Volúpia
02
Can-Can dos Horrores
03 O
Despenar das Plumas
04
Bailarina Sem Vestido
05
Circo dos Amores
06 O
Corpo é Que Paga
07
Barbie Modelo-Cabaret
08
Cubos de Letras Desarrumados
09
Olhos de Porcelana
10
Almofada em Forma de Coração
11 Nini
dos Meus Quinze Anos
12
Quarto em Pantanas
13 Ele
e Ela
14
Trágica Hora do Chá
Line-up:
Igor Freitas – vocais e teclados
Nuno Cardiga – guitarras
Ricardo Silva – baixo e acordeão
Siul Soarez – bateria
Internet:
Comentários
Enviar um comentário