Discórdia
(Alice)
(2014, Independente)
(5.8/6)
Um
nome Alice para um grupo de rock não é muito vulgar. Mas neste álbum
nada é vulgar: a introdução apenas com vocais à capela, as mudanças rítmicas, a existência de dois vocalistas; as
letras, a capacidade de recuperarem letras e melodias de temas anteriores e os
incorporarem em temas seguintes. É tudo isto, adicionado de uma criatividade
fora de série que o torna Discórdia
um disco espetacular. Como já vimos a curta introdução vocal alerta-nos para o
que de grandioso poderá estar para vir. De facto: os dois primeiros temas a sério (o tema título e Diabo na Mão) apresentam interessantes mudanças
rítmicas, uma perfeita interação entre os dois vocalistas, uma secção rítmica
marcante e personalizada e uma dupla de guitarras com um trabalho sensacional –
reparem naquele metralhar ao minuto
2:16 de Diabo na Mão! Gato Morto e Império Intendente são dois temas a entrar por campos de blues (a harmónica também ajuda no
segundo!), muito gingões e cheios de
ritmo. Gato Morto, tema escolhido
para primeiro single, é simplesmente
fora de série, sendo ainda de destacar os arranjos vocais polifónicos. Curioso
e genial é o facto de Império Intendente
ir buscar parte da letra e melodia do tema anterior! O mesmo acontece em O Corpo a recuperar parte da letra do
refrão de Diabo na Mão. Homem Nobre, tema de fecho é outro dos
momentos altos: a melodia dos teclados é divinal, os leads de guitarra memoráveis e a introdução do hip hop de Malabá
absolutamente brutal. Não haja dúvidas que o rock português tem produzido ultimamente grandes propostas. Esta é
mais uma delas – Alice é um nome que
assina um dos melhores álbuns da história do rock feito em Portugal e que tem capacidade para ombrear com o que
de melhor se faz por esse mundo fora. Apenas se pede que lhes sejam dadas as
merecidas oportunidades, porque Discórdia
merece ficar nos anais da história do rock.
Tracklist:
1.
Premissa
2.
Discórdia
3.
Diabo na Mão
4.
Gato Morto
5.
Império Intendente
6.
O Corpo
7.
Homem Nobre
Line-up:
Afonso Alves – vocais
Bernardo Neves – vocais
Guilherme Baptista – guitarras
Diogo Borges – guitarras
António Santos – baixo
Vítor Martins - bateria
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