Entrevista: Levities

Os Levities são uma banda lisboeta que faz da sua honesta abordagem ao rock ‘n’ roll e ao punk rock a sua principal virtude. Bruno Machado, vocalista e guitarrista do quarteto explica precisamente em que setor a banda se insere.

Olá! Obrigado pela vossa disponibilidade. Para começar, quem são os Levities?
Olá, nós é que agradecemos a oportunidade. Os Levities são Bruno Machado na voz e guitarra, Sofia Nunes na guitarra, Joana Cardoso no baixo e André Joaquim na bateria.

O que vos motivou a erguerem um projeto como este?
A ideia começou por volta de 2008/2009 de uma forma mais séria, com alguns concertos e pequenas gravações e a motivação foi simplesmente fazer e tocar música dentro do gosto pelo punk rock que era comum a todos os elementos da banda.

Quais são as vossas principais influências?
Aquelas que serão talvez as mais notórias no álbum passam principalmente pelos Stooges, Black Flag, Damned, Pixies, Sex Pistols... mas somos influenciados por várias bandas sem nos limitarmos a um chamado “género musical” ou categoria. Um imaginário à volta de uma banda pode ser uma influência, um livro, um filme... e isso pode aparecer de forma diferente, numa letra ou numa música, mas aquilo que acreditamos ser o punk rock é uma grande base para nós, que pode passar por bandas como os Buzzcocks até aos Bad Brains.

Já tiveram outras experiências anteriores?
Em relação a experiências anteriores, as que há a assinalar são principalmente a passagem da Joana por uma banda ligada a um universo que pode ser entendido como surf rock chamada Thee Rumble Bees e claro, aos Club Sin. O André tem muita experiência, e não só passou por algumas bandas, como criou essas mesmas bandas, como Dr Frankenstein, Santa Apolónia, Phantom Vision, Red Headed Men, Capitão Fantasma... A Sofia e eu fomos tocando com pessoas diferentes à volta daquilo que viria a tornar-se nesta banda, mas nada de muito sério.

Dead Bouquet navega em ondas do punk rock, mas acaba por ser um punk rock um pouco diferente do habitual, nomeadamente dos vossos companheiros de editora. Surgem incursões pelo grunge e até pelo dark rock. Concordam com esta visão? É assim que vêm o vosso disco ou não?
Concordamos que pode ser entendido como um punk rock diferente daquele que habitualmente as bandas apresentam, exatamente  porque temos uma visão mais abrangente daquilo que pode ser entendido como punk, e acho que as bandas que são entendidas como punk – ou pelo menos as que ouvimos – sempre exploraram coisas diferentes. Podes ouvir Ramones e considerar punk, Talking Heads e considerar punk, ou VKTMS, Germs, Avengers... mas compreendemos o que dizes porque há, normalmente, uma forma mais comum de encarar este “estilo”, embora consideremos que temos um elo com as bandas que partilham as nossas editoras, com certeza ouvimos muita da mesma música.  Não sei se passamos especificamente pelo grunge ou pelo dark rock. Talvez o dark rock possa estar presente nas guitarras mais sujas... há várias influências completamente desprendidas de géneros musicais, embora inconscientemente possam estar elementos ligados a sons que passaram pela nossa adolescência, nomeadamente o grunge, talvez... e se reparares algumas das bandas que foram consideradas grunge, principalmente os Mudhoney, vão buscar muito a Stooges também, daí alguma afinidade.

Este é um lançamento assinado por duas editoras. Como se proporcionou esta parceria e de que forma pensam que isso vos poderá beneficiar?
Em primeiro lugar, a oportunidade de chegar à Raging Planet devemos ao Ricardo Bravo, que não só – juntamente com o José Sarrufo – gravou, misturou e ajudou na produção do álbum, como nos apoiou numa altura em que a banda ficou reduzida a metade levando uma cópia ao Daniel Makosch que nos recebeu muito bem. A partir da Raging Planet, chegámos também à Ethereal Sound Works, que através do Gonçalo João nos tem apoiado. De qualquer forma pensamos que ainda é cedo para fazer um balanço relativamente aos benefícios de duas editoras, mas simplesmente o facto de estarmos de alguma forma a ser apoiados tanto em Lisboa como no Porto é já uma grande ajuda.

Os créditos do CD apresentam Tiago Marques como baixista e Tiago Sérgio como baterista. Mas recentemente o vosso line-up sofreu algumas alterações…
Sim, ambos participaram na gravação do disco, tendo saído após a conclusão da mesma. Hoje somos dois rapazes e duas raparigas com uma grande motivação para fazer música e não podíamos estar mais felizes com o que temos enquanto banda e relações pessoais. A entrada do André e da Joana abriu o caminho para um som diferente, mais trabalhado, que acho que vai ser percetível no futuro, embora já seja bem notório na forma como tocamos as músicas do Dead Bouquet.

O processo de gravação decorreu nos míticos estúdios Crossover. Como decorreu o processo?
Foi excelente gravar nos estúdios Crossover onde já foram gravados muito bons álbuns. Do processo, recordamos principalmente o profissionalismo e a amizade do Bravo e do Sarrufo que nos fizeram sentir muito bem a gravar, deram-nos um grande conforto. Eles tiveram um papel muito importante em levar este álbum para a frente. Foi um processo muito rápido, qualquer coisa como dois dias para captar o essencial, mais um pouco para outros pormenores – como o teremim pelo T.D. na Metal Chain, por exemplo –, e depois sim, o processo de produção mais demorado. São estúdios onde gostávamos de voltar e que aconselhamos para quem pensa gravar.

Têm já algum vídeo para este álbum? Há previsões para mais algum?
Gravámos um vídeo para a Little Do They Know, que foi realizado, produzido, filmado e editado pelo André e pela Ana Maria Ferreira que nos tem ajudado muito também, desde fotografia a conceitos para promoção como as nossas t-shirts, etc. Em princípio deveremos gravar mais um vídeo, está em aberto.

Como estamos de apresentações ao vivo? Próximas datas?
Esperamos conseguir tocar ao longo do mês de julho, mas não temos nada em concreto para divulgar ainda.

E outros projetos? Têm alguma coisa em vista?
Estamos a trabalhar num novo set, e em princípio daqui a pouco tempo voltamos ao estúdio.

Obrigado. Queres acrescentar mais alguma coisa para os nossos leitores ou para os vossos fãs?
Só queremos agradecer a todos aqueles que nos têm apoiado, e mais uma vez agradecer esta entrevista, review do álbum, assim como a inclusão na vossa playlist.

Comentários

DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #48 VN2000: My Asylum (PARAGON)(Massacre Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)