A individualidade
Pedro Adriano Carlos deu lugar ao coletivo Heart Invaders e esta nova entidade
prepara-se para começar a sua conquista. Para já, está aí próxima a sua
apresentação no Hard Club numa noite
que se prevê memorável. O próprio Pedro Adriano Carlos falou a Via Nocturna
desta transfiguração mas nada adiantou a respeito da noite de 2 de agosto. O
melhor será mesmo passar mítica sala portuense e descobrir…
Olá Pedro! O
que tens feito desde a última vez que conversamos?
Tenho feito a única coisa que sei
fazer, Música. Nos intervalos, tenho pensado na minha Música, e quando deixo de
pensar nela, estou a ouvir Música dos outros! A sério, a minha vida é muito
interessante e desinteressante ao mesmo tempo.
A grande
novidade destes últimos tempos parece ser a “transformação” de Pedro Adriano
Carlos, em nome individual, nos Heart Invaders, nome coletivo. Quando e de que
forma sentiste essa necessidade?
Na altura em que estava a acabar as
misturas do álbum já tinha havido uma conversa entre mim e dois dos membros,
numa noite de rock ‘n’ roll, e foram
eles os primeiros a sugerir que devíamos formar uma banda. Na altura, eu torci
o nariz, talvez por estar a pensar demasiado nos contras, mas depois percebi
quem é que me estava a fazer tal sugestão: apenas os melhores músicos de
Portugal. Lancei o álbum e fui falar com eles. Eles disseram logo que sim, mas
só quando ouviram o álbum e se apaixonaram pelas músicas é que começámos a
trabalhar de coração e alma no que viria a tornar-se nos Heart Invaders.
E como foi
essa evolução?
Demos dois grandes concertos na
Avenida dos Aliados e no Noites Ritual
Rock, tornámo-nos amigos, e a partir daí temos pensado no futuro, que passa
por tocar em todo o lado, dar a conhecer a banda e a sua música. Porque isto só
resulta se chegarmos aos sítios que interessam, ou seja, ao público que gosta
deste género de música e que se identifica com a nossa mensagem. Esse público
existe, mas ainda não sabe que existimos, muito provavelmente. Estamos a pensar
num álbum novo, ao mesmo tempo.
Assim sendo,
quem mais faz parte destes Heart Invaders?
Ricardo Cavalera, um grande
guitarrista, multi-instrumentista, que desempenha talvez o papel mais
importante na banda a par com o Pedro Martins, um baterista com anos de
estrada, que põe o coração no seu trabalho sempre. Não é por acaso que lhe
chamam de “melhor baterista de Portugal”. Concordo! No baixo temos a “grande
máquina” que é o Miguel Barros. Consegue dar-nos segurança, mesmo quando ele
próprio está inseguro. São todos músicos de Pedro Abrunhosa, que passaram por
Parkinson, GNR, WC Noise, Zen. Lembro-me sempre que há muitos anos atrás eu
olhava para os Zen e pensava que um dia queria estar a esse nível. Mal eu sabia
que viria a trabalhar com o seu baixista. A vida é sempre surpreendente.
Sendo que os
Heart Invaders já têm temas novos, ainda se baseiam no teu álbum The Heart Attacks?
Ainda estamos a saborear e a celebrar
estas canções do the Heart attacks
porque, como disse anteriormente, ainda não chegámos a toda a gente. Achamos
que estas canções merecem tornar-se de toda a gente, até porque a mensagem que
elas trazem é muito importante.
Parece que é
já este ano que irão gravar esses temas. Qual o ponto da situação neste
momento?
No outro dia estivemos a ouvir as 25 demos que fiz, e já temos 5 preferidas,
que vão fazer parte do álbum com certeza. Mas chegamos à conclusão que ainda é
preciso criar mais, para chegarmos a um som específico. Queremos que soe a
Heart Invaders. Mas ainda não há certezas quanto a prazos, acho que vamos
gravar no timing indicado, de uma
forma natural. Talvez daqui a uns tempos faça mais sentido falar sobre o álbum!
Então, para
já não se podem prever datas? Mas esse lançamento será apenas em formato
digital ou também haverá uma prensagem física?
Também estamos à espera que o boom do grande álbum do Pedro Abrunhosa
acalme, para termos espaço para lançar o álbum e podermos estar todos
concentrados nisto a 100%. Desta vez vamos fazer tudo à “antiga”, vamos gravar,
pensar no formato físico e tentar colocar o disco à venda nas lojas. Porque
sejamos honestos: a mente das pessoas funciona assim. Se eu colocar um disco em
formato digital on-line, as pessoas
vão gostar da banda, mas no dia seguinte esquecem-se, porque têm demasiada
informação disponível. Se fizermos um disco que as pessoas podem ter na mão, já
é algo que fica para sempre na sua posse, com o seu devido valor.
De que forma
essas músicas se aproximam ou afastam do que fazias em formato individual? O
que podem os teus fãs esperar deste coletivo em termos musicais?
Eu faço música sempre da mesma forma.
Cada canção que faço tem sempre uma abordagem diferente, o que pode tornar as
coisas interessantes, na perspectiva dos fãs. Mas este álbum será coletivo,
nunca irá soar como Pedro Adriano Carlos a solo. E é isso que queremos, soar a
banda e tornar as boas canções novas em grandes canções. Só com o contributo
deles é que isso será possível!
Tem havido oportunidades
para se apresentarem ao vivo? Como têm corrido as coisas?
Na realidade, não existem muitas
oportunidades. O mercado está cheio. Temos que ser nós a procurar cultura,
porque a única cultura que nos bate à porta é a arte do marketing, a arte de saber vender, a arte da lavagem cerebral.
Ninguém dá nada a ninguém com boas intenções. Temos que ser nós a ir buscá-lo.
Mas nós, nas oportunidades que já tivemos, soubemos aproveitar. E agora estou a
soar a jogador de futebol. Só me faltava dizer “estávamos à beira do abismo mas
demos um passo em frente”.
Mas,
recentemente tiveram que adiar um concerto, não foi? O que se passou?
Tivemos que cancelar, na hora. Existe
muito profissionalismo por aí, mas também existem aquelas organizações “au
portuguaise” em que as pessoas não fazem a mínima ideia do que estão a fazer. E
os Heart Invaders exigem condições, porque quando dão um concerto querem dar
essas condições ao público. Achamos que é uma atitude que deve ser tomada em
massa, por parte de todas as bandas, porque só assim levarão as novas bandas a
sério, e só assim farão um trabalho sério. Lembro-me de um episódio que
aconteceu aos QOTSA em que, num festival, queriam revistar os sacos de cada um.
Sabes o que é que o Josh Homme disse? “Não tocamos”. Estas situações existem em
toda a parte do mundo.
No entanto,
está para breve a vossa aparição no Hard
Club. Queres falar um pouco sobre isso? Estão a preparar alguma coisa em
especial para esse dia?
Sim, estaremos no dia 2 de agosto no Hard Club, com mais duas bandas de covers do rock dos anos 90 (Hungerdogs e Stone Dogs do Nuno Norte). É uma
noite de celebração em que contamos com toda a gente. É uma noite nossa, porque
estaremos entre amigos e vamos ser nós a organizar tudo. O que estamos a
preparar de especial tem que permanecer em segredo! Mas definitivamente, não
será uma noite previsível.
Obrigado
Pedro, mais uma vez. Queres acrescentar mais alguma coisa para os nossos
leitores ou para os vossos fãs?
“Stay Human”é o que costumo dizer. Fiquem
atentos ao que aí vem! Muito obrigado, Pedro. Vemo-nos por aí.
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