Entrevista: Choque em Cadeia

São jovens. Mas os argumentos que apresentam são de peso. Falamos dos Choque em Cadeia e do seu refrescante álbum de estreia Pés na Estrada. Mais uma interessantíssima revelação neste ano de 2014. Por isso, quisemos conhecer um pouco melhor o quarteto lisboeta que se reuniu para nos saciar a curiosidade.

Olá pessoal! Obrigado pela vossa disponibilidade. Quem são os Choque em Cadeia?
Luís Lança de Morais na bateria, João Costa na guitarra solo, Manel Parreira no baixo e Carlos Noronha na voz e na guitarra.

O que vos motivou a criar este projeto?
Decidimos criar a banda quando tínhamos 13 anos porque queríamos fazer a nossa própria música, no fundo, a música que gostávamos de ouvir mas que achávamos que ainda não existia. Por outro lado, desde cedo que nos apercebemos que era coletivamente que o poderíamos fazer da melhor maneira e por isso juntámo-nos, começámos a tocar e fomos gostando cada vez mais e banda foi se tornando cada vez mais importante para nós.

Que nomes ou movimentos mais vos influenciaram ou influenciam nesta vossa caminhada?
Musicalmente, as nossas influências assentam muito no movimento Rock‘n’Roll, que tem como pais os Rolling Stones e que tem sido passado de geração em geração através de bandas como os Black Crowes ou os Strokes, que também são influências importantes para nós. No fundo, é o lado do Rock mais groovie, mais cru e com um toque de Blues muito importante. Em termos de letras, neste disco, está muito presente a influência do ambiente da estrada do Dylan, da viagem sem destino, da boémia e da festa. Mas também está presente o espírito da denúncia e da crítica social, muito influenciado pela vida quotidiana e pelas notícias.

Já tinham tido outras experiências noutros projetos? Dentro da mesma linha musical orientadora?
Ao longo do tempo fomos tocando com outras pessoas e alguns de nós já fizeram parte de outras bandas mas nunca foram projetos comparáveis a este que temos agora com os Choque em Cadeia. De qualquer maneira, e ainda que tenhamos aprendido muito uns com os outros e tenhamos limado melhor o nosso som, já tínhamos definido, antes de começarmos a tocar juntos, que a melhor maneira de nos expressarmos era o Rock. Sendo todos autodidatas, acabámos por encontrar no espírito do Rock’n’Roll a melhor forma de nos expressarmos, e no fundo foi isso que nos juntou.

Porquê Choque em Cadeia! Algum significado?
Não existe grande história por trás do nome, simplesmente surgiu essa ideia e foi ficando. Agora já nos habituámos…

Recentemente lançaram o primeiro longa duração, Pés na Estrada. Como o descreveriam?
É sempre difícil para nós descrever música, mas podemos dizer que é um bom álbum de Rock’n’Roll, com bastante groove, com um toque importante de Blues e, sobretudo, muito sentido e espontâneo. Quando nós estamos a escrever ou a gravar músicas tentamos sempre preservar a sua essência, porque achamos que isso é que é realmente importante. Outro aspeto importante no disco são as letras, que acabam por ser uma parte muito importante das músicas e às quais achamos que vale a pena dar atenção porque transmitem mensagens que mostram bem a forma de estar e atitude da banda.

Precisamente, é interessante a abordagem lírica, em jeito de contar histórias, numa linha Jorge Palma. É uma referência para vocês?
O Palma é sem dúvida uma referência para nós, sobretudo no que diz respeito às letras. Até porque achamos que ele é um dos melhores letristas portugueses. Mas as semelhanças que possam existir entre o nosso estilo e o dele também têm a ver com o facto de termos algumas influências em comum: desde o Dylan ao Lou Reed…

Um dos temas mais curiosos é Rockinho Mandado. Podem contar-nos como surgiu a ideia para desenvolver esse tema? A quem é “dedicado”?
Esse tema é o único do disco que não é original, é uma cover dos Sheiks. Gostámos dele pelo ambiente Rock’n’Roll que tem e pela letra, que é dedicada aos Rock doutores. Ou seja, aos críticos que dão muitas opiniões e se acham donos da verdade, mas que na maior parte dos casos não trazem nada de novo ao Mundo porque o que importa é a opinião do público. Parafraseando a letra da música, a única coisa que temos a dizer a todas essas pessoas é “Vão dar leis para outro lado!”.

Sendo ainda bastante jovens, acredito que tenham sido afetados por toda a crise vivida em Portugal. Pés na Estrada é uma resposta ao convite do Primeiro-ministro para se emigrar?
Não, até porque não damos assim tanta importância ao primeiro-ministro. A única relação que se pode fazer em todo o disco com esse “convite” é uma das frases do Deixa Rolar: “E o teu país não te deixa ficar”. De facto, achamos que esta vaga de emigração forçada não é justa e a nossa geração tem de fazer alguma coia contra isso rapidamente.

Deixa Rolar é o primeiro vídeo retirado do álbum. Porque a escolha deste tema?
Foi o tema que nos pareceu mais indicado para primeiro single por ter uma boa energia e uma boa letra. Achamos que define bem o estilo da banda e, mais importante que tudo, achamos que é uma boa música. De qualquer maneira já está na altura de lançar mais um single com vídeo e fá-lo-emos brevemente.

Sim, o álbum tem outros temas bastante fortes. Há, portanto, ideias para mais algum vídeo…
Sim, por enquanto estão pensados mais 3 vídeos, que iremos gravar dentro de pouco tempo e que esperamos que estejam disponíveis brevemente.

Este é um lançamento iPlay. Como se proporcionou o contacto com a editora?
Esta relação com a editora resultou de um acaso. Nós estávamos a gravar um EP e um dia apareceu no estúdio o nosso atual manager, que ainda não nos conhecia, que nos ouviu a gravar e ficou interessado na banda. Mais tarde, fez-nos uma proposta para trabalharmos com ele e para gravar um disco com mais temas do que um EP e com uma produção “a sério”. Depois a Iplay gostou do resultado do disco e decidiu editá-lo.

Que projetos e ambições têm para os Choque em Cadeia na música, mesmo que em outros projetos?
Nós agora queremos tocar o Pés na Estrada pelo país inteiro. Ainda estamos na fase de promoção e por isso é que ainda não começámos a tocar ao vivo. Estamos muito ansiosos para que cheguem os concertos e para ver a reação do público a este nosso primeiro disco. Achamos que vai resultar bem ao vivo, até porque somos uma banda muito virada para o palco e gravámos o disco a tentar que ele soasse ao máximo como o que soa nos concertos.

Então ainda não há muito agendado para os próximos tempos?
Brevemente vamos anunciar o concerto de apresentação do disco e a ideia é, depois disso, fazer uma digressão pelo país.

Mais uma vez obrigado! Querem deixar alguma mensagem?
Obrigado nós! Queremos dizer a toda a gente que ainda não nos conhece, que nos procure nos locais habituais e que oiça o nosso disco, de preferência bem alto!

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