O baixista Antoine Fafard está de
regresso em Ad Perpetuum com uma
lista mais reduzida de músicos mas a mesma intensidade jazzística que resulta numa hora de música de fusão desenvolvida
sobre espetros de muito groove a
passagens atmosféricas. Quisemos saber o mudou e o que se manteve nesta
terceira aventura do baixista canadiano.
Olá Antoine! Tudo bem desde a
última vez que falamos?
Estou muito bem, obrigado! Tenho composto muito... Acho que estou
numa fase de muita inspiração!
Novo álbum cá fora. Quais são os teus
sentimentos nesta altura?
Muito bons... A reação foi realmente ótima! As opiniões e
comentários são muito positivos e estou muito feliz com o álbum como um todo.
Terceiro álbum e, mais uma vez, com
algumas diferenças em relação aos anteriores. Sentes isso…
Espero que existam diferenças, porque de outra forma sentiria que
me estava a repetir demasiado. E acho que isso é algo a ser evitado. Estou
sempre a tentar melhorar todos os aspetos da minha criatividade e só espero que
cada álbum que lance seja superior ao anterior em todos os aspetos.
O semelhante é a manutenção de um
título em latim... Algum significado em particular para Ad Perpetuum?
Ad Perpetuum significa simplesmente eterno... Usei esse título para enfatizar
que uma obra de arte, como um álbum permanecerá, em teoria, para sempre.
E também números nos títulos das
músicas (PolySeven, Five Course Meal)…
Muitas vezes tento incorporar um número relevante no título quando
uma peça contém uma certa assinatura de tempo estranho. Simplesmente dá uma
pequena dica sobre o que a música contém...
Desta vez mantiveste esse forte
sentimento de jazz/fusão mas com um menor
número de músicos. Porque decidiste trabalhar apenas com dois músicos e alguns
outros (poucos) convidados?
De forma deliberada, quis manter o mesmo pessoal em todas as
faixas, a fim de criar mais unidade durante todo o CD. Acho que é interessante
quando um álbum tem um certo som que envolve o álbum no seu todo. Quando ouvires
qualquer uma das músicas, podes dizer claramente que é uma faixa de Ad Perpetuum.
Falando doesses convidados, como surgem
eles no álbum? Isto é, quando começas a trabalhar numa música já tens a ideia
de incluir um solo de sax, bateria ou teclas ou isso só aparece mais tarde?
Normalmente sei a meio do processo de composição e estruturação de
uma peça que instrumentação quero para aquela peça em particular. Por exemplo,
sabia que quando estava a compor D-Day
que o solo seria executado num sax e tinha o Jean-Pierre Zanella em mente para
essa parte. Mas, por vezes, também, mudo de ideia nos solos de algumas peças.
Por exemplo, na música chamada Eternal
Loop Jerry queria fazer o solo onde eu originalmente planeei ter um solo de
sintetizador. Apenas troquei os dois e que tens no álbum é o resultado!
Vinnie Colaiuta e Jerry de Villiers
Jr estão envolvidos neste álbum desde a sua concepção?
Agendei a sessão com Vinnie ainda antes da música deste álbum estar
composta, porque sabia que ele iria tocar na totalidade do CD. Jerry também
concordou em se envolver desde o início do projeto, portanto tive, definitivamente,
estes dois músicos a bordo desde o início.
No campo dos convidados, Gary
Husband desempenha um incrível dueto de bateria em D-Day. De onde te surgiu essa ideia?
É a terceira experiência no conceito de dueto de bateria. Cada um
dos meus dois álbuns anteriores tinha uma peça com dupla bateria. Faço isso
como desafio... e trabalho duro para o tornar tão divertido e musical quanto possível
e, geralmente, algumas surpresas interessantes saem disso!
Estiveram os dois bateristas juntos
em estúdio? Deve ter sido uma experiência verdadeiramente fantástica...
Não, infelizmente, foram duas sessões separadas. Mas estive presente
durante a sessão com Gary e foi uma experiência incrível! Gary acabou por
gravar duas peças adicionais que estou a guardar para o próximo álbum.
Podes quantificar, em percentagem,
o nível de improvisação neste novo álbum?
Como podes encontrar no jazz,
todas as melodias foram compostas e todos os solos foram improvisados... Jerry gravou
uma quantidade enorme de takes e, por
vezes, foi muito difícil escolher um solo de final.
Podes, então, descrever-nos como
decorreu o processo de gravação e produção?
Como costumo proceder. Gravei as minhas pistas no meu estúdio em
casa, enquanto Jerry fez o mesmo a partir do seu. O desempenho do Vinnie foi
gravado no Stagg Street Studios em Los Angeles e a sessão foi produzida por
Jimmy Haslip. O álbum foi misturado no estúdio de Jerry enquanto a masterização
foi feita por Richard Addison que, como Jerry, está sediada em Montreal, no
Canadá.
Recentemente criaste a tua própria
editora. O primeiro lançamento é precisamente um álbum do teu guitarrista,
Jerry de Villiers Jr. Como descreves esse lançamento?
Jerry tinha esse conjunto maravilhoso de músicas que nunca tinham sido
lançadas em CD no passado. Simplesmente ofereci-lhe a oportunidade de a lançar
numa editora que eu iria criar – a Timeless
Momentum - e com ele estava tudo ok.
Até agora tem sido uma experiência muito positiva! Quero ajudá-lo o máximo que
puder, porque acho que ele é um músico maravilhoso.
Tens projetos para outros
lançamentos no futuro? Sempre na área do jazz/fusão?
Por agora estou a fazer planos sempre na área do jazz/fusão. Mas não me importo de gravar
faixas de baixo em outros estilos, mas a música que eu criar para mim é
principalmente de fusão. Definitivamente tenho planos para gravar um outro
álbum em 2015 com Jerry e Gary Husband. Também irei ajudar Jerry com a produção
de um álbum de música nova que será lançado pela minha editora.
Até agora, o único vídeo de Ad Perpetuum é um minidocumentário do making of. Estás a planear filmar algum vídeo
oficial do álbum?
Atualmente estou a planear filmar no meu estúdio alguns novos
solos de baixo alternativos de canções de Ad
Perpetuum. Não tenho ideias de gravar um vídeo da música, no entanto... Tenho
que pensar em algo original que possa fazer!
E sobre tours, tens alguma coisa agendada?
Nada planeado ainda. É muito difícil - primeiro para encontrar músicos
que tenham capacidade e disponibilidade para tocar este tipo de música... É também
é muito difícil encontrar oportunidades para a tocar. Mas nunca se sabe!
Obrigado Antoine, mais uma vez foi
um prazer conversar contigo. Queres acrescentar mais alguma coisa para os teus
fãs ou para os nossos leitores?
O prazer é meu! Fico feliz que tu e o teu público tenham tempo
para ouvir a minha música e ler esta entrevista. É um verdadeiro privilégio
para mim poder responder às tuas questões e espero que tenhamos mais
oportunidades no futuro!
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