Numa
espantosa mistura de rock e
teatralidade, os canadianos New Jacobin Club continuam a assumir-se como um dos
mais importantes nomes do seu indescritível campeonato. E com Soldiers Of The Mark regressam em
grande. The Horde – vocalista e guitarrista – conta-nos tudo em redor desta
criação.
Viva! Tudo bem?
Obrigado pelo teu tempo despendido com Via Nocturna. Vocês já cá andam há uns anos,
mas esta é a primeira vez que nos cruzamos, por isso quem são os New Jacobin
Club? Podes contar-nos um pouco da vossa história até agora?
Haha - estamos muito bem! O dezembro
mais quente dos últimos anos – está tudo a derreter! Para a maior parte do mundo somos uma banda - mas as artes
performativas, contar histórias e o espetáculo visual são uma grande parte do
que fazemos. Muito da nossa direção artística vem de recontar e expandir eventos
históricos e lendas que moldaram a civilização humana, para melhor ou para
pior. Começamos na década de 1990 como um trio, e no primeiro concerto tocamos
covers de Misfits e Pink Floyd, que foi uma indicação interessante do que viríamos
a ser 10 anos mais tarde. Vestíamos coletes e bowties juntamente com um esquelético
make up. Muita gente nos odiava e não entendia o que estávamos a fazer.
Ao longo dos anos temos mantido esta
atração por músicos e artistas performativos, até que nos tornamos neste grande
grupo que junto criou This Treason, um álbum conceptual e um espetáculo
teatral sobre a queda do Rei Edward II e o infame o Senhor da Guerra medieval, Sir
Hugh Despenser. Naquela época, éramos uma banda de 7 elementos (com sintetizador,
violoncelo elétrico e theremin) e 5 artistas de performance teatral, embora nem
todos conseguissem atuar em cada concerto. Lançamos o álbum duplo com a
totalidade do set e com um DVD que tinha um espetáculo ao vivo completo, de 2009.
Não há muitas mudanças desde a década de 1990 - as pessoas ou nos amam ou nos
odeiam (haha)!
Atualmente, o grupo tem um line-up sólido de 6 elementos e trabalhamos cerca de dois anos na escrita e produção deste novo
álbum, e agora as faces teatrais e musicais da banda tornaram-se inseparáveis.
E quem são os
membros dos NJC? Podes apresentá-los e falar um pouco do seu papel neste "teatro"?
Mistress Nagini e eu participamos mais
como componentes teatrais do espetáculo; ela tem anos de experiência com teatro
de fogo e como instrutora de dança. Depois tornou-se a nossa teclista
permanente durante o processo de gravação do novo álbum.
Poison Candi começou primeiro connosco
como ajudante de palco, há uns anos atrás. Juntou-se à banda no nosso último
álbum para tocar theremin e, depois, assumiu os vocais em cerca de um terço do
nosso novo álbum. Ela é a nossa cabeça artístico-visual e é a responsável pela
maior parte do exótico e cultish artwork que podes ver a adornar os nossos
cartazes e merchandise.
The Luminous é o nosso violoncelista
e, ao vivo, usa um violoncelo elétrico armado com uma variedade de efeitos
surpreendentes. O violoncelo elétrico sola e torna as melodias numa das partes
mais importantes e definidoras do nosso som.
Rat King e The Ruin, bateria e baixo,
são amigos desde a infância, portanto acho que não podes ter uma seção rítmica mais
unida – a sua entrega é enorme e estrondosa. Rat King tem, também, tarefa
adicional de ajudar as acrobacias de fogo de Mistress Nagini, pois muitas vezes
alguns truques piro-explosivos muito fixes, envolvem os pratos da sua bateria!
Soldiers Of
The Mark é o vosso regresso, depois de quatro anos sem qualquer lançamento. O
que aconteceu no reino dos New Jacobin Club?
Em 2011, um ano após o nosso último
álbum, fizemos um novo show chamado Moral Adventures, que estreou cerca de um
terço das músicas que acabariam por estar incluídas no nosso novo álbum. No
verão seguinte, lançamos o Left Behind, EP que era suposto ser um teaser para o
próximo longa-duração. Devido a mudanças de membros da banda e outros redutores
de velocidade acabamos a regravação do primeiro single (My Smile) e abandonando
a ideia do EP. Para tornar curta uma longa história, tocamos muito na zona oeste
do Canadá nos dois anos seguintes e fomos agilizando os nossos espetáculos ao
escrever novas músicas. Começamos a gravar no final de 2013 e esperamos pacientemente
até o outono deste ano antes de voltar a palco para o seu lançamento.
Mas agora, têm
um regresso com um álbum muito forte. Sentem isso? É o vosso melhor álbum de
sempre na tua opinião?
Absolutamente. Nós pensamos isso, os
nossos fãs também acham, e até mesmo alguns nossos ex-colegas de banda disseram
que é o seu álbum favorito de NJC. O trabalho e a espera valeu a pena. Nós
nunca tínhamos tido uma receção assim para um novo álbum. Tu sentes que estás a
criar impacto quando no dia em que o álbum é lançado recebes uma pequena
enxurrada de e-mails de fãs animados. Foi realmente espetacular.
Para quem não
conhece a vossa música, como a descreverias?
Sou muito mau a fazer isso. Tão mau,
de facto, que as pessoas ficam nervosas e discordam sempre do que tento
descrever. Goth dos anos 80, punk horror e cabaret psicodélico? Recentemente,
ouvi um programa de rádio do Reino Unido que nos toca, de vez em quando, e
usaram o termos GASP - Gothic Rock/Alternativ/Steampunk/Prog Metal. A nossa
música cai em algum lugar entre todas essas coisas. Gasp soa sexy e diz tudo ao
mesmo tempo, não?
Como foi o
processo de criação e gravação deste novo álbum?
Começamos no final de 2013 depois de
gravar demos de todo o álbum ao longo de 2012 e a seguir a uma tournée no verão
de 2013. Até fizemos um álbum completo só com as pistas de guitarra e bateria
antes de entrar no estúdio do produtor Matt Facca na nossa cidade natal de
Saskatoon para refazer tudo a partir do zero. Fizemos da mesma forma do que com
os nossos álbuns Wicked City e Retake The Throne - todas as baterias e pistas
de guitarra ritmo ao vivo. Assim parecem-se muito com o que fazemos no palco
que é o que realmente queríamos depois de gravar um álbum (This Treason, 2010),
que tem música que é quase impossível de recriar ao vivo. Depois, dedicamos algum
tempo à parte vocal - este álbum é sobre contadores de histórias, dinâmicas e
emoção.
Há, então, algum
conceito subjacente a Soldiers Of The Mark?
Os Soldiers Of The Mark são uma
sociedade secreta vitoriana, situada algures entre uns Hellfire Club e os
Illuminati, cujo objetivo é estabelecer as bases para abordar os eventos que irão
acontecer conforme descrito no Livro das Revelações. Ao longo do álbum,
personagens deste Livro - o Falso Profeta, o Dragão, a Besta da Terra, a Besta
do Mar – surgem através da história. Também tem um pedaço amargo de comentário
social em grande escala. O livro que acompanha o disco aprofunda-o um pouco
mais. A raça humana está a começar a viver os eventos das Revelações, e todos usamos
a Marca. Sem ela não podes fazer nada – pensa nos negócios de todas as marcas
que vestimos todos os dias - o teu número de conta bancária, os teus cartões de
crédito, a tua identificação? São todos os números que te identificam a ti e à
tua riqueza ou privilégio. Estamos todos marcados.
Já que
referes o livro, há, de facto, uma versão do álbum que inclui esse livro. Como
surgiu essa ideia e o que pretendem atingir?
O livro é uma compensação para todos
os nossos fãs que sempre pediram que incluíssemos as letras nos nossos CD’s. É
um livreto cd em esteroides - livro de mesa de capa dura com uma tampa
envolvente. Tem as letras completas e créditos do álbum, juntamente com uma
introdução ao conceito e história, fantásticas fotografias ao vivo, um pequeno
comentário e conceito sobre fotografia e uma bela galeria da própria Poison
Candi que tem sido destaque em cartazes de shows, camisolas, etc. Atualmente
está esgotado, mas estamos a ponderar uma segunda impressão em 2015. Aceitamos
pré-encomendas mas só através do nosso fã-clube.
Os vossos
espetáculos são mais do que apenas música. São muito teatrais! Como é feita a
preparação?
Muita prática. Costumávamos
experimentar coisas uma ou duas vezes e, depois, fazíamo-lo em palco, esperando
que resultasse. A preparação musical acontecia separadamente da teatral. Em
2013 tudo parou e começamos a ensaiar os nossos espetáculos exatamente como os faríamos
em palco. Agora podemos cronometrar a teatralidade para um único momento ou uma
única batida de uma música. É isso, realmente, mudou a intensidade do espetáculo.
Mesmo quando achamos que não precisamos praticar algo, praticamos e esta tem
sido a nossa nova filosofia.
Já têm dois vídeos
filmados a partir deste álbum. Por que a escolha das músicas como My Smile e Angel
MMXIV?
A versão de My Smile, que é usada no
vídeo é na realidade a versão do EP que saiu antes do álbum e não a do álbum. É
uma canção importante para nós, pois foi uma das primeiras músicas que a banda
tocou ao vivo em 1996. Ela mostra muitos laços com o nosso passado, e por algum
motivo levou-nos todos estes anos para finalmente trabalhar nela a sério num estúdio
de gravação e a lançar publicamente. Angel MMXIV não estava previsto inicialmente
para ser o primeiro novo vídeo, mas encaixou-se tão rapidamente e também
queríamos mostrar ao mundo a nossa nova vocalista! A melhor coisa sobre o vídeo
é que algumas das imagens ao vivo usadas nas filmagens, foram capturadas apenas
alguns dias antes de o vídeo ter sido lançado. A metragem temática de Countess Bathory
foi escrita e realizada por Posion Candi também. Tanto My Smile como Angel
MMXIV são basicamente vídeos produzidos pela banda, ao contrário dos vídeos
promocionais que fizemos para This Treason e Wicked City, que eram fantásticos,
mas desta vez quisemos fazer algo em que tivéssemos o controlo completo.
Obrigado The
Horde, por este momento. Foi um prazer! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Se houver alguém curioso sobre o que
fazemos ou se querem fazer parte do nosso círculo íntimo de apoio, inscrevam-se
em www.newjacobinclubmusic.com e nós enviaremos 3 músicas grátis, incluindo Angel
MMXIV, e poderão aceder aos blogs pessoais dos membros da banda e obter todo o
tipo de material exclusivo, que nunca irão ouvir falar no facebook.
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