Se
com Vai Buscar o nome Viralata tinha
ficado marcado no panorama punk rock
nacional, é com Doa a Quem Doer, que
a banda lisboeta se afirma, definitivamente, como um dos nomes mais importantes
do movimento, e a ter em conta no futuro. Ulisses Silva, o homem que dá a voz a
um mais espetaculares discos nacionais de 2014, falou-nos um pouco deste seu
novo trabalho.
Olá
Ulisses! Obrigado pela tua disponibilidade. Dois anos depois de Vai Buscar, aqui está Doa a Quem Doer. Como analisam a vossa
evolução desde a estreia?
Foi uma evolução bastante positiva. Começámos
logo bem no primeiro disco que foi um trabalho bastante bem aceite, com muitos
concertos, e isso deu visibilidade à banda para agora chegar com um novo disco.
Como
foi o processo de composição deste novo álbum?
Desde 2012 que começámos logo a trabalhar em
novos temas, ainda o Vai Buscar
estava quentinho e já havia algumas
ideias para novas malhas. Depois foi trabalhá-las na sala de ensaios, fazer
arranjos, pré-produzir, etc.
Este
é o primeiro lançamento para a Rastilho, certo? De que forma se deu a ligação à
editora?
Quando acabámos a gravação do álbum em
estúdio contactámos algumas editoras e mostrámos o nosso trabalho, já final.
Tivemos algumas propostas e acabámos por optar pela Rastilho, não só por ser a
maior editora indepentente Nacional mas também pela qualidade das bandas que
lança e tem lançado e por acreditar, dar
o litro e vestir a camisola dos
seus artistas.
Voltam
a apresentar um conjunto de canções de forte intervenção social. A atual
situação socioeconómica do país, deve dar-vos vastos motivos para escreverem…
Claro, é relativamente fácil encontrar
inspiração nos dias que correm, principalmente quando fazes punk rock em português com mensagens
claras, pertinentes e sem rodeios. Vivemos tempos difíceis, falamos sobre eles,
mas também sobre soluções e formas de dar a volta. É fundamental passar
esperança e não ser apenas negativo.
Mas
é curioso como conseguem juntar a crítica social com tanto humor. Como se
consegue isso?
O humor é sem dúvida uma forma inteligente de
abordar os problemas, seja na música, seja no teatro ou noutra expressão
artística qualquer. Sempre foi uma arma poderosa para criticar e dizer muita
coisa nas entrelinhas.
E
sempre em português? Não abdicam disso?
Não, claro que não. Comunicamos para os
portugueses, para o nosso povo, no nosso país. É a nossa língua, é a língua que
dominamos e com a qual nos sentimos confortáveis para passar a nossa mensagem
de forma clara, correta e eficaz.
Neste
trabalho há dois temas emblemáticos, essencialmente por serem diferentes: Não Há Tachos e Maria Joana. De onde veio a inspiração para esses temas?
O Não
Há Tachos é óbvio, tem a ver com a situação do país desde há várias
décadas. Fala dos “tachos”, dos compadrios, da promiscuidade entre o poder político
e o económico. O tema Maria Joana é
mais uma sátira, não é uma crítica é apenas uma história divertida sobre algo
que é real.
No
caso particular de Não Há Tachos, o
tema termina com uma parte narrada com sotaque africano. De onde surgiu a
ideia?
Foi uma forma de conferir mais humor ao videoclipe. Lembramo-nos que poderia ser
engraçado e acabámos por fazê-lo. Acho que ficou bem fixe!
E
como aparece o Kalú a dividir os vocais convosco?
Eu já conhecia o Kalú dos tempos dos K2o3,
banda da qual fiz parte durante muitos anos. Pensámos em ter uma voz diferente
a cantar este tema connosco e lembramo-nos do Kalú, não só por ser o músico que
é mas por ter um registo vocal completamente diferente e que encaixaria na
perfeição. Convidamo-lo e ele aceitou na hora. Foi um orgulho tê-lo connosco
nesta canção.
E
a realização do vídeo de Não Há Tachos
deve ter sido superdivertido… Queres compartilhar connosco essa experiência?
Foi um dia bem passado, mas também muito
cansativo. As pessoas só vêem a parte final, tudo montadinho e divertido e
acham que a malta esteve na paródia o dia todo. Ehehhe! Dá muito trabalho, são
muitas horas, neste caso, muitas horas numa cozinha a filmar. Mas obviamente
que foi altamente e que nos divertimos imenso, aliás, isso dá para comprovar no
videoclipe. Eheh!
Para
além deste, têm mais dois vídeos, não é verdade?
Sim, fizemos videoclipes para os temas E
Vai um Copo e Estamos Juntos.
Este
Cd foi antecedido pelo single Não Há
Tachos, numa edição em vinil e que conta com um tema (Parafuso) exclusivo do single. Como está a ser a aceitação a esse
produto?
A aceitação tem sido óptima, as críticas até
agora têm sido todas excelentes e estamos muito contentes com este nosso novo
trabalho.
E
em termos de apresentações ao vivo? Alguma coisa agendada para os próximos tempos?
Desde que lançámos o disco no dia 27 de setembro,
que temos estado a tocar todos os fins de semana, o que é óptimo. Iremos
retomar os concertos a partir de 2015 e estamos neste momento a marcar datas
que irão ser anunciadas em breve.
Mais
uma vez obrigado! Queres deixar alguma mensagem?
Obrigado pelo vosso apoio e divulgação. A
mensagem que aqui deixo ao público em geral é que apoiem as bandas nacionais, que
vão aos concertos, que comprem os discos das bandas porque estão realmente a
ajudar quem tanto trabalha no duro sem pedir nada
em troca, e na esmagadora maioria das vezes sem quaisquer apoios.
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