Originalmente
lançado em 1984 Power From The Universe
colocava, definitivamente, o nome dos Battleaxe no maior liga da NWOBHM.
Todavia, a banda terminaria alguns anos após. Com a sensação que ainda havia
muito para dar, em 2013 a SPV/Steamhammer assina com a banda para o
relançamento dos dois álbunos dos anos 80 e um álbum de originais – Heavy Metal Sanctuary. Portanto, vasta
matéria para analisar – e alguns rumores para esclarecer - com o vocalista Dave
King, desde sempre timoneiro dos Battleaxe.
Olá
Dave! É um prazer poder fazer esta entrevista com uma verdadeira lenda do heavy metal! Obrigado pelo teu tempo com
Via Nocturna! Depois de uma longa ausência das gravações, dois lançamentos no
mesmo ano: um de originais e um outro, um relançamento do vosso segundo álbum,
30 anos depois. De onde partiu a ideia para a reedição de Power From The Universe?
Quando a banda assinou contrato com a
SPV/Steamhammer em 2013, o contrato foi para um novo álbum e os dois álbuns
mais antigos da banda, da década de oitenta, Burn This Town e Power From
The Universe. Parece que há um grande interesse nos velhos álbuns que agora
têm uma estatuto de culto e são ouvidos por uma grande variedade de fãs antigos
e novos. Portanto, foi uma ideia da editora e como eles sentem o pulsar da cena
metal sabem o que os fãs querem. Acho
que temos vindo a perceber como há interesse nos últimos anos, e é estranho
como o tempo parece ter colocado tudo numa perspetiva diferente uma vez que os
fãs hoje em dia estão mais interessados nas origens da sua música favorita. É
bom para a música metal em geral e endireita
alguns conceitos distorcidos criados pela imprensa musical no passado,
filtrando as suas próprias preferências através dos meios de comunicação
social, em vez de ouvir o que os fãs queriam ouvir.
Esta
reedição tem quatro faixas extras. São da mesma altura? Chegaram a ser lançadas
antes?
As três primeiras faixas bónus foram
de uma sessão em 1987 nos Neat Studios.
Gravamos num só dia porque as coisas tinham que ser concluídas rapidamente e
não tínhamos tempo para uma grande produção. Foram as primeiras canções gravadas
por Mick Percy e John Stormont, os novos guitarristas que se juntaram em 1984.
John deixou-nos um pouco mais tarde, mas Mick permaneceu na banda desde então e
gravou o novo álbum Heavy Metal Sanctuary.
Estas 3 faixas estavam em Nightmare Zone
impresso em 2005, apenas como disco promocional, sendo que muito poucos foram
lançados. A quarta faixa Lovesick Man,
foi a 11ª faixa a partir das sessões originais de Burn This City e esteve perdida durante mais de 30 anos! Encontramos
o tema logo após a reedição de Burn This
City e teria aparecido no seu
relançamento se o tivéssemos encontrado antes, por isso decidimos colocá-lo no Power From The Universe.
Esta
é,também, uma forma de celebrar o 30º aniversário do seu lançamento original. Está
previstas mais alguma ação?
Se possível, poderemos divulgar um
vídeo mas, de momento, estamos concentrados em escrever e gravar um novo álbum.
Já temos várias músicas escritas e outras parcialmente escritas. Poderemos
incluir algum material antigo mas é quase todo o material novo. Gravamos o máximo
possível em casa e nos ensaios uma vez que isso pode ser feito hoje em dia com
gravadores digitais modernos. Depois iremos para estúdio, principalmente, para
a mistura e uso de equipamento completo, uma vez que esta é uma área onde um
estúdio tradicional ainda tem a vantagem.
Como te
sentes ouvindo este Power From The
Universe e aperceberes-te de que agora há tantas bandas que tentam fazer o
mesmo estilo de heavy metal?
Bem, a cena metal parece ter um círculo completo o que tem sido útil para nós
de muitas maneiras. Conversando com algumas das bandas mais jovens com quem temos
andado em tournée ficamos sempre
espantados quando eles nos dizem o quanto a banda os influenciou e temos o
mesmo tipo de comentários dos fãs, mesmo que, alguns deles nem sequer fossem nascidos
quando os álbuns originais foram lançados. Parece que estamos agora a ter uma base
de fãs de várias gerações o que só pode ser bom para a banda e para a cena metal em geral. É muito lisonjeiro que
tantas bandas queiram parecer semelhantes a nós e para alguns, é uma reação
contra a falta muita da melodia dos anos 90 e algum tipo de metal que parece ter diminuído um pouco
recentemente. As pessoas querem alguma melodia e melodiosidade na música, mesmo
quando ela é poderosa e pesada e é aí que nós nos encaixamos.
No
mesmo ano, um novo álbum com originais. Como são os atuais Battleaxe? Apenas
dois membros originais permanecem, estou certo? Como é a química atualmente?
Foi bom poder ter os álbuns antigos
re-lançados, bem como o lançamento do novo álbum Heavy Metal Sanctuary e 2014 foi, em geral, um ano muito bom para
nós, no entanto, tivemos que deixar sair o baterista Paul, uma vez que ele se
tornou totalmente incompatível com o resto da banda. Descobrimos rapidamente um
novo baterista, Ricky Squires, da Escócia, que se tem adaptado muito bem e já tocou
alguns festivais connosco na Alemanha, Espanha e Reino Unido, incluindo o Bloodstock. Ricky tem muita experiência
na indústria da música e estava antes nos Heavy Metal Kids e Salem.
Heavy Metal Sanctuary é o título do vosso novo álbum. De que forma descreverias
a sua música e temática?
O álbum é uma continuação do nosso
som e do nosso conceito e, embora alguns digam que o som é semelhante a várias
bandas bem conhecidas, sentimos que temos o nosso próprio som distintivo, que
foi preservado no novo álbum e tira o máximo partido da tecnologia moderna para
chegar a um som cheio e mais moderno, que bandas como Saxon ou Accept também já
fizeram. Não queríamos ficar muito longe da nossa fórmula original, já que não queríamos
indispor com os nossos fãs originais, por isso a experimentação foi mínima. Num
próximo lançamento poderemos tentar
alguns estilos diferentes, mas não muito longe. Irá sempre soar a Battleaxe.
Portanto,
tenho que te perguntar isto: como se sentem de regresso à ação, com gigs e álbuns?
Em grande. Sempre adorei tocar ao
vivo e nosso estilo de música simplesmente funciona em grandes palcos e em
festivais. No entanto a cena musical de agora é muito diferente da década de
oitenta, e já não há dinheiro para a maioria das bandas menores e até mesmo algumas
bandas de maior dimensão têm que lutar. Para muitas bandas, é simplesmente um hobby que têm e que encaixam nas suas
vidas ocupadas e isso também pode ser uma causa de tensão financeira. Há muito
menos locais para tocar, especialmente no Reino Unido e, muitas vezes, é apenas
em festivais onde podes tocar para grandes multidões.
Em
1897, gravaram um álbum chamado Mean
Machine que nunca viu a luz do dia. O que aconteceu nessa altura e que
acabou por acelerar o fim da banda?
Este rumor persistente é um pouco
impreciso. Em 1983 gravamos uma faixa chamada Mean Machine na nossa BBC
Radio 1 Session que não chegou a entrar no segundo álbum Power From The Universe. Em 1987, gravamos
uma demo de três faixas que se tornou
no EP Nightmare Zone e que foi apenas
um disco promocional e nunca lançado corretamente, até recentemente, quando essas
faixas foram incluídas como bónus na reedição da SPV de Power From The Universe. Só em 1990 é que tentamos gravar um álbum com
24 faixas, contendo 10 músicas que tínhamos iniciado nos estúdios Trinity Heights em Newcastle. Este álbum
nunca foi concluído e ficou apenas com as pistas de bateria, baixo e guitarra
ritmo. Nada mais foi concluído. Ainda temos as masters embora provavelmente nada seja aproveitável delas. Esta foi
provavelmente a gota da água para a banda uma vez que ficamos completamente falidos
e dissolvemos a banda.
Mas
há alguma remota hipótese de os vossos fãs virem a ter acesso a esse material?
Não incluiram nada desse material em Heavy
Metal Sanctuary, pois não?
Como disse acima, muito pouco daquela
sessão de gravação é aproveitável. Um par de faixas foram rescritas um pouco e
usadas no álbum Sanctuary, mas a
maior parte de Heavy Metal Sanctuary
consiste em material mais recente. Outros já foram, ocasionalmente, tocadas ao
vivo, como ShakeIt Loose, mas é só.
Estão
a trabalhar em alguma tournée para os
próximos tempos?
Procuramos fazer algumas tournées num futuro próximo, mas nem sempre
é fácil de conseguir com um orçamento limitado, por isso estamos à procura de
diferentes opções. Claro que também estamos a aceitar festivais sempre que
possível e quando viáveis, e esperamos poder encontrar os nossos fãs na
estrada, num futuro próximo.
Obrigado
Dave, foi um prazer fazer esta entrevista. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado pelo teu interesse na banda,
é bom ter esse interesse renovado depois de tantos anos, tanto de ti como dos fãs.
Muito obrigado!
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