Se pensavam que o Estado
Novo tinha acabado, desenganem-se. Lá bem no norte da Europa há gente que se
interessa pela história portuguesa para fazer passar a sua mensagem ideológica.
Assim nascem os Estado Novo, finlandeses, que se estreia com o seu álbum
homónimo e aonde nem falta uma canção chamada… Salazar. Motivo mais que suficientes para chegarmos à fala com o
mentor Teppo Haapasalo e perceber de que forma a política portuguesa os influenciou.
Olá Teppo! Obrigado pelo teu
tempo! Para quem não conhece os Estado Novo podes falar um pouco deste
projecto?
Somos uma banda
finlandesa constituída por Hiili Hiilesmaa, Kalle Sundström, Jukka Puurula e
Teppo Haapasalo. O estilo musical é fuzzy-psychedelic-heavy-rock dos anos 70. Quando dizemos que tocamos
classic rock provoca bastante
impacto, porque todos têm sido muito críticos quanto a esse termo - o que é
engraçado. O que é classic rock? Por
ser um género tão especial, então tocamos heavy-rock.
Com nomes como Hilesmaa (um
produtor internacional bem conhecido) ou Puurula (que já tocou com algumas das
bandas de rock mais bem sucedidas na
Finlândia), quais são os objetivos que pretendem atingir com este novo projeto?
O que vos dá força e inspiração?
Apenas
decidimos fazer um disco – mais nada. A resposta tem sido boa, por isso,
decidimos tocar ao vivo também. Mas sim, a primeira ideia era fazer um disco
que foi gravado durante um período muito curto, como os discos de rock clássico na década de 70. Esse era
o plano mestre que foi bem-sucedido. A força e inspiração da música vem de
bandas como Sabbath e Zeppelin na sua maioria e inspiração lírica vem de bandas
como Dead Kennedys e Rage Against the Machine.
O primeiro álbum é,
precisamente, muito seventies e
extremamente orgânico. Pelo que percebi era
essa mesmo a vossa intenção?
Como já
disse, essa era a ideia. Vintage e fuzzy, um pouco nebuloso e letras
sarcásticas e obscuras.
Como fizeram para capturar esse
som vintage?
Gravamos
todos os instrumentos numa sessão de dois dias numa tape de 2 polegadas. Usamos microfones Glyn Johns old school e tocamos com amplificadores e baterias
velhas. As gravações dos vocais seguiram o mesmo método, mas tudo foi feito num
dia. Sem meses de mistura e esse é o resultado que podes ouvir.
Têm uma música chamada Salazar e talvez saibas que ele foi um
ditador em Portugal, que era o líder de um regime político chamado... Estado
Novo! Por isso, pergunto-te se têm alguma ligação a Portugal.
Sim, sei
isso. Isso é o fundo base da história por trás de todas as letras, que são
realmente muito sarcásticas e de acordo com o que está errado nas das mentes
dos governantes.
Consideram-se uma banda
política ou histórica?
Nem uma coisa
nem outra – apenas sociológica.
E é engraçado porque o
vosso PR, afirmam "escolham sabiamente, escolham Estado Novo". E nos
tempos de Portugal do Estado Novo, as "escolhas" não era lá muito
permitidas, pelo menos em termos políticos. Como se não existisse no
dicionário...
Heheh...
somos da Finlândia. E isso soa bastante agradável. Podemos usar isso?
Têm outras músicas que abordem
essa situação política no Portugal dos anos 60?
Como disse, a
base centra-se na história de Portugal, mas é apenas um reflexo de coisas que
acontecem ao nosso redor hoje em dia. Portanto, é apenas uma coisa temática.
Mas não tens nenhuma parte
cantada em Português – seria interessante…
Não. Estou a
tentar pronunciar corretamente nomes de bandas e esta curta linha quando estou em
palco com a nossa banda de tributo aos Faith No More: eu não posso dirigir/e agora aparece/meu dedo enterrado/no meu nariz,
da música C****** Voador. Na verdade,
não faço a mínima ideia do que isso significa.
Referiste que a ideia era
gravar um disco. Um único ou já estão a preparar mais material?
Temos planos
de gravar mais músicas e tocar ao vivo também. Talvez em todo o globo.
Obrigado mais uma vez Teppo.
Foi um prazer. Queres deixar alguma mensagem?
Quando chegarmos
às vossas vilas/cidades ou o que seja, venham ver-nos porque somos fantásticos.
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