Enquanto
houver grupos como os HeKz o prog metal
e a música em geral estão bem entregues. O sucessor de Tabula Rasa, Caerus junta
similares doses das lendas do género dentro do heavy metal com os mestres do rock
progressivo. O resultado é surpreendente. Matt Young e Alastair Beveridge
acederam a responder às nossas questões a respeito deste inovador projeto,
deste fantástico disco e de um futuro que se prevê brilhante a todos os níveis.
Olá! Os HeKz estão de regresso
com o segundo álbum, depois das grandes críticas a respeito do primeiro Tabula Rasa. Sentiram-se assustados ou
com mais pressão na altura em que começaram o processo de criação deste novo
trabalho?
Matt Young (MT) – Na verdade, as críticas a Tabula Rasa provaram ser muito úteis aquando
da escrita de Caerus. Permitiu-nos ver
a que músicas e elementos desse primeiro disco as pessoas responderam e isso ajudou
a criar novos arranjos. A maior pressão veio do cronograma que impusemos a nós
próprios para concluir o álbum o que, por momentos, se tornou assustador!
Tentamos manter os vários prazos e alguns foram ultrapassados, embora isso
tenha acontecido muito raramente, o que me dá um grande prazer referir.
Tem sido dito
que vocês reinventaram o prog metal. Concordam
com essa visão? De onde vem toda a vossa criatividade?
Alastair Beveridge (AB) - Uau, isso é uma indicação
corajosa! Não sei se fizemos o suficiente na nossa ainda curta carreira para
justificar essa afirmação. Acho que uma das vantagens de ser independente, como
banda é que não temos nada a perder - somos livres de fazer a música que
queremos fazer, sem a pressão de estar em conformidade com o que é popular. Se as
pessoas gostarem, melhor ainda!
De facto,
consigo ver na vossa música um pouco mais do que simples prog metal. Algum experimentalismo e até a música contemporânea. É
um desafio para vocês cruzar e misturar todas essas influências?
AB - A coisa que mais gosto no epíteto prog é a imprecisão da sua interpretação
que literalmente significa progressista.
Para mim, isso significa que a combinação de peças de diferentes géneros é
perfeitamente aceitável no Prog. De
certa forma é mais fácil fazer isso do que escrever estritamente convenções
genéricas, especialmente quando o público, em grande parte, aceita essa mistura
de diferentes estilos.
MY - Gostamos de ver o que conseguimos
fazer, mas isso nunca é um esforço consciente para tentar fazer com que as coisas
se encaixem. Se funciona e nós gostamos, fica. Diria que o desafio vem de encontrar
ideias novas e interessantes que são, talvez, um pouco fora da norma e que
surgem não raras vezes.
Este é um
álbum de estreias. Para já são um quinteto. De que forma isso influenciou os
vossos processos criativos e a forma de tocar?
AB - Há uma piada dentro da banda que diz
que quando tocamos sem teclista, escrevemos um álbum (Tabula Rasa) com um em mente e, agora que temos um teclista,
escrevemos um álbum com partes de teclado suficiente para duas pessoas. Talvez a
ambição das nossas gravações moldem a nossa formação. Para o quinto álbum vamos
precisar de uma orquestra completa.
MY - Espero que sim! O orçamento é
comportável?
Por falar em
orquestra e também como estreia têm a contribuição dessa grande violoncelista
que é Audrey Riley. Quando sentiram a necessidade de a incluir nos temas?
AB – Há já algum tempo que temos vindo
a escrever a pensar em incluir cordas. Geralmente têm sido sintetizadas e usadas
para preencher a textura da música. Desta vez, tivemos a oportunidade de ter uma
violoncelista de classe mundial (sem esquecer o excelente contributo de Owen
Hughes no violino e de Abi Murray na flauta) a tocar no nosso disco o que
adiciona um novo nível de profundidade e se adapta particularmente bem às
canções mais longas.
MY - Absolutamente! Admito que inicialmente
não estava muito convencido a respeito de ter músicos convidados no álbum, mas
Audrey, Abi e Owen fizeram um ótimo trabalho, assim como Al a organizar todas
as peças e a supervisionar as suas sessões de gravação. Ainda não discutimos
isso em detalhe, mas gostaria de continuar a usar músicos convidados para
fornecer alguns, ouso dizer, elementos orquestrais.
Finalmente,
mas não menos importante, o primeiro trabalho com a assinatura de uma editora.
Como chegaram à Cherry Red Records?
MY - Um amigo em comum colocou-nos em
contato com alguém que trabalha na Cherry Red, que, com sorte, estaria interessada
em trabalhar connosco! É uma editora interessante, que costumo explicar como
sendo como uma aranha – a Cherry Red é o corpo e há muitas editoras subsidiárias,
que são as pernas. Nós estamos numa perna, mas todos beneficiam como se
estivéssemos presos ao corpo.
Agora têm a
possibilidade de ir ainda mais longe e ser conhecidos por muito mais pessoas.
Novas oportunidades, mas também mais responsabilidades?
MY - Definitivamente temos mais
exposição como resultado da nossa parceria com a Cherry Red e estamos muito
felizes por ter uma grande equipa a trabalhar connosco nos bastidores para se
certificarem de que o álbum sai para o maior número de pessoas possível. Mesmo
na era da Internet, isso é difícil,
pois há muitas bandas e lançamentos, novos e antigos, competindo, mas estamos
muito satisfeitos com os resultados até agora. Não menos importante, porque
significa que temos de fazer entrevistas interessantes como esta!
De regresso a
este álbum, qual é o significado do título Caerus?
MY - Na mitologia grega, Caerus é o deus da oportunidade. Também está
ligado a kairòs, um momento no tempo
que deve ser acionado por meio da força se se pretende atingir o sucesso. Esta
ligação com o título do novo álbum parece descrever perfeitamente as
circunstâncias em que ele surgiu. E também se liga com os temas predominantes
do álbum, especialmente Progress &
Failure, The Black Hand e Journey’s End, que se juntam para formar
uma suite que olha para a dualidade, para
o mal necessário e para o futuro de nossa raça se não conseguirmos manter o
equilíbrio do mundo. Pode não parecer uma ligação óbvia à primeira vista, mas
espero que te pareça um pouco mais evidente, uma vez que já ouviste estes temas.
Por isso seria
uma ótima solução se desligássemos o mundo por um período, não achas?
MY - Bem, estou contente que alguém
concorde! Muitos de nós passamos tanto tempo colados a um monitor que acho que
as pessoas estão a perder muito e vai perder ainda mais. Simplesmente, o mundo
vai passar por elas. Talvez todos pudéssemos desligar a televisão, o telemóvel,
e fazer uma caminhada, ver algumas das coisas boas do mundo em vez de apenas ouvir
falar de todo o mal. Não seria bom?
Muito
obrigado a ambos. Foi um prazer fazer esta entrevista. Querem acrescentar mais
alguma coisa?
MY – Igualmente! Apreciamos o teu apoio
e tempo para fazermos esta entrevista e, também, a tua crítica sobre Caerus. Agora, tenho uma xícara de café
fresco e uma pasta de demos chamada HeKz III a chamar por mim e
provavelmente deverei ir ver o que me querem...
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