Entrevista: Exovex


Dale Simmons trabalhou dois anos e meio na criação de Radio Silence, tendo escrito, executado e produzido todas as canções. Um álbum de prog rock que se espelha nos grandes e clássicos ícones do género e onde um leque de experientes convidados ajudou a elevar a fasquia da qualidade. Ao projeto foi atribuído o matemático nome de Exovex e esta ligação foi, entre outros, um dos motivos da nossa conversa com o mentor Dale Simmons.

Viva, Dale! Obrigado por nos concederes esta entrevista. Podemos começar por apresentar este projeto Exovex aos rockers portugueses?
Olá, muito obrigado por me convidares para esta entrevista.

Durante quanto tempo trabalhaste neste álbum Radio Silence?
Exovex vem em evolução há bastante tempo, mas a ideia começou a tomar forma à cerca de três anos atrás. Durante a maior parte da minha vida escrevi canções que se enquadravam na personalidade das bandas em que estava no momento. Essa abordagem era um pouco limitante, pois eu tinha que escrever a música que a banda pudesse apresentar num set ao vivo. Exovex marca um afastamento dessa mentalidade. Tem sido uma experiência muito libertadora artisticamente.

Os outros membros que tocaram em Radio Silence são apenas convidados/músicos de sessões ou irão continuar a tocar contigo no futuro?
Certamente vê-los-ei aparecer em futuros lançamentos assumindo as faixas que lhes foram mais convenientes. Há outros músicos com quem também gostaria de colaborar. É difícil dizer, nesta altura, o que vai acontecer. Gostaria de acrescentar que este é um dos principais pontos do projeto Exovex ... O variável criativo desconhecido. Não saber o que vai acontecer a seguir é fundamental para o processo.

E no que diz respeito a apresentações ao vivo - que estará contigo em palco?
Exovex é uma ideia em evolução. Hoje, é um projeto a solo, de estúdio com músicos convidados. Tenho estado tão ocupado com o lançamento do disco que, sinceramente, não tive tempo para explorar as opções ao vivo. Prevejo uma encarnação ao vivo dos Exovex exigindo 5 músicos, incluindo eu. Não sou de meias medidas, portanto teria um problema se fizesse menos do que a plena representação da música. Tenho planos para uma audição aberta para ver se consigo preencher essas exigências e projetar uma tournée. Dito isto, ainda há muito terreno para pisar antes que isso aconteça.

Conseguiste reunir todos os convidados que querias? Há algum nome, em particular, que gostasses de convidar para um próximo álbum?
Sim, todos a quem pedi para gravar, pelo menos, uma faixa do álbum. E há muitas pessoas que eu gostaria que tocassem no meu próximo álbum.

De que forma fizeste a gestão dos convidados? Decidiste previamente em que músicas cada um entrava? E deste-lhes total liberdade criativa...
Para este álbum, acho que tudo começou com Gavin Harrison. Eu tinha escrito uma música e queria o mesmo som de bateria que tinha ouvido no Deadwing dos Porcupine Tree... é uma bateria deslumbrante. Após uma pequena investigação, descobri que Gavin tinha gravado as suas próprias faixas para o álbum no seu estúdio pessoal em Londres. Escrevi-lhe uma carta apresentando-me e com um link para ele baixar uma demo da música, perguntando-lhe se aceitava trabalhar comigo. Ele concordou e, em seguida, entregou um desempenho estrelar num período relativamente curto de tempo. Ele é um verdadeiro profissional e foi um verdadeiro prazer trabalhar com ele. Gravou a Daylight no seu estúdio com o mesmo kit que usou em Deadwing e Fear Of A Blank Planet. Depois disso, fiz o meu trabalho de casa a respeito de bateristas que eu pensava que estilisticamente se encaixavam bem em cada uma das faixas e, em seguida, contactei cada um deles da mesma forma que fiz com Gavin. As faixas de rock mais agressivo foram para Josh Freese, que se destaca nessa área, e as mais melódicas e baladeiras (Stolen Wings e Metamorph) estavam adequadas a Keith Carlock. Na realidade, qualquer um deles poderia ter, obviamente, feito todo o álbum na perfeição, mas eu estava a ter um grande prazer a colaborar com todos eles. Eles são todos verdadeiros profissionais em todos os sentidos. Quanto a Richard Barbieri... Acho que é incrível. O seu trabalho solo é realmente incrível. As texturas eram muito importantes para mim neste projeto... é uma meta primordial que eu alcanço em cada pista. Richard é um génio textural e for por isso que o convidei. A nossa colaboração em Stolen Wings foi provavelmente a ligação mais gratificante neste projeto. Houve muita troca de ideias sobre como os elementos melódicos deveriam ser desenvolvidos. A minha ligação com ele desenvolveu-se da mesma forma: uma carta, um link para a demo e várias conversas. Mal posso esperar para trabalhar com Richard novamente no próximo disco.

Então não chegaram a trabalhar todos juntos em estúdio?
Keith Carlock e eu estivemos juntos em estúdio em Nashville. E praticamente fizemos a gravação de forma remota dos outros elementos.

Radio Silence é um álbum conceptual. Qual é a base desse conceito?
As músicas do álbum são uma sequência de eventos escritos na primeira pessoa, que documentam os desejos de um homem, sonhos, desprendimento, arrependimento e eventual deterioração mental. São instantâneos no tempo que falam de circunstâncias pessoais que nos levam a tomar decisões de mudança de vida... boas ou más. Há uma pequena história que está incluída no álbum com um enredo para cada uma das faixas.

Stolen Wings:
Tu és livre para escolher, mas tens um limite de tempo. Se não tomares uma decisão, ela será tomada por ti. Um dos lados irá perder. Esta é a ordem natural e é algo que não pode ser evitado. As escolhas que fazes é algo com que vais ter de viver. Somos sobreviventes.

Metamorph:
Ocorrem algumas mudanças nas pessoas de tal forma aparentemente pequena e insignificante que são quase impercetíveis para quem está à volta. Vidas inteiras são vividas dentro de sonhos e desejos que nunca se realizam. Elas crescem mais fortes no silêncio e frustração, pouco a pouco, ano após ano, até que o sonhador é envolto numa crisálida de distância, desapego e desespero. Eles tornam-se numa metamorfose... à espera de algo... à espera para emergir.

Seeker’s Prayer:
Uma vez tomada a decisão... assume-a. Se te perderes (e isso irá acontecer)... abraça o vazio da distância. Abraça o vazio porque não há outro caminho de volta e não há garantias de um regresso seguro. Estamos sozinhos neste caminho.

The Last Orbit:
Quando tens tudo, também tens tudo a perder. Quando o alguma vez desejado se torna mundano é fácil encontrares-te num círculo completo... à espera de outra coisa. Não existe cura geográfica ou externa para isso. A resolução vem quando percebes que tudo que tens a perder... é tudo.

Dead Reckoning:
E quando tudo está perdido... o que resta? A verdade pode ser difícil de aceitar e a negação acelera a espiral descendente. A minha situação está a deteriorar-se em face de uma inegável verdade... não há possibilidade de regresso. Como paranoia, surgem a exaustão mental e a dependência de químicos, tornando mais fácil a navegação entre o espaço tangível e intangível.

Daylight (Silent Key):
Zeitgebers artificiais sustentam ritmos circadianos à medida que desço. Estou à deriva, abandonado num oceano escuro e narcótico. A esperança é, agora, nula mas uma respiração superficial ecoa pelo ar. E então... não havia nada.

De que forma surgem associadas a matemática e a tua música, isto levando em linha de conta o nome Exovex?
A matemática e a música andam de mãos dadas... tudo pode ser explicado através da matemática... mesmo o desconhecido.

Muito obrigado Dale. Queres acrescentar algo mais?
Eu só queria ter um segundo para agradecer aos ouvintes por apoiarem o álbum! O sucesso deste álbum é a chave para fazer do próximo uma realidade. Cuidem-se

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