Definitivamente
os Odin’s Court encontraram a peça fundamental que lhes faltava – o vocalista
Dimetrius LaFavors que se estreia neste quinto álbum, Turtles All The Way Down. Um álbum conceptual baseado na física,
cosmologia e na busca da humanidade para compreender o nosso lugar no universo,
como refere o carismático líder do coletivo americano, Matt Brookins, nesta
entrevista onde aprofundamos ainda outros temas relacionados com este
lançamento.
Olá Matt!
Obrigado por este momento! Os Odin’s Court atingem o álbum número cinco. Na tua
opinião, como descreverias este novo trabalho?
Saudações e obrigado por me
entrevistares. Acho que é difícil descrever em termos simples este álbum,
porque atualmente as pessoas têm nichos e definições específicas de géneros de música.
Mas, para o tentar fazer, acho que é um caldeirão de estilos - principalmente hard rock, metal, prog e um pouco de
AOR, com foco em melodia.
Este álbum
marca a estreia de um novo vocalista, certo? Teve oportunidade de colaborar no
processo de criação?
Sim, este foi o primeiro álbum
completo, com todo o material novo para Dimetrius LaFavors. Acho que fez um
excelente trabalho. Embora possa variar, normalmente, eu escrevo as canções e mostro
ao resto da banda. Isso inclui letras e linhas vocais, além de toda a música.
Para este álbum, forneci as demos a Dimetrius
com letras e anotações para testar. Pedi-lhe para cantar o que lá estava, mas
também para ver o que ele conseguiria fazer. Depois, em estúdio, assumi a
posição de produtor e fui dando sugestões de coisas diferentes para ele tentar
com base no que estava a ouvir. Portanto, ele deu uma mão nas principais
melodias vocais, mas acho que a sua principal contribuição foi a interpretação vocal
do material e seus temas.
Mas ele é,
definitivamente, o elemento que faltava nos Odin’s Court?
Essa é a forma como eu o descrevo. Eu
cantei durante 12-13 anos até o encontramos. Tínhamos fãs que desfrutavam do
nosso som, mas, apesar disso, o maior obstáculo para algumas pessoas era que a
minha voz não era "típica" para o género. No nosso estilo de música,
as pessoas esperam vocais crescentes, limpos e poderosos. Eu sou um cantor mais
do tipo Floyd (Waters e Gilmour) ou Thrash
(Hetfield). Portanto, Dimetrius entrou e deu às pessoas algo mais do que eu
poderia dar. Mas não é só: acho que a sua maturidade na interpretação é
incrível. Consigo sentir a emoção na sua voz quando canta e eleva a um nível superior
o que a canção está a dizer. Ele faz tudo isso com muita convicção!
Sendo que Turtles All The Way Down é um álbum
conceptual, podes falar um pouco do conceito nele abordado?
Claro! Ele lida com a raça humana e
as pessoas enquanto indivíduos, bem como as lutas que todos nós travamos nas nossas
mentes. Ou seja, perguntas, perguntas, perguntas. Faz parte da nossa natureza
perguntas coisas, para assim resolver um problema ou receber uma resposta e a
partir daí geramos novas perguntas. Este ciclo pode continuar indefinidamente;
é quase como uma criança que pergunta "por quê?", após cada resposta
dada por um adulto. É aí que surge o título Infinite
Regression ou Unmoved Mover.
Basicamente diz que o mundo repousa sobre uma tartaruga que repousa sobre outra
tartaruga e outra... infinitamente. É tartarugas sempre para baixo.
No fim de
contas, quais são as respostas e as perguntas?
Essa é a verdadeira questão não é?
Fazemos perguntas para obter respostas, mas se fazemos as perguntas erradas,
recebemos respostas que podem não chegar à raiz de nossa curiosidade. Isso não
é por qualquer falha nossa; é uma questão de perspetiva. Sempre achei que olhar
para as coisas de outras perspetivas pode ser muito perspicaz, mas muitas
vezes, podemos nem sequer compreender o outro ponto de vista. Portanto, fazer
perguntas e procurar o conhecimento constrói as nossas próprias experiências e
habilidades, mas isso nem sempre pode ser suficiente para encontrar a resposta
- ou mesmo saber que perguntas devem realmente ser feitas. Assim, o caráter
lúdico destes títulos de músicas é realmente um ponto fundamental que eu
explorei através da música tentando induzir a iniciação da contemplação nas
mentes dos ouvintes para que aproximem da vida.
Talvez por
isso essas duas músicas tenham sido a base dos vídeos deste álbum...
Foram! Foi difícil limitar as músicas
vocais para as quais queríamos fazer vídeos, mas estas duas pareceram ser a
melhor combinação. Idealmente adoraria fazer um vídeo conceptual para o álbum
inteiro, completo com atuação, animação e performances
da banda - uma ópera rock, na
realidade... mas dado que estamos nisto por amor, arte e música, está muito
além do nosso alcance financeiro. Portanto, fizemos alguns vídeos engraçados
com baixo orçamento e esperamos que as pessoas gostem.
Portanto,
apesar de nos trazer à memória, nada relacionado com as célebres Tartarugas Ninja?
Eu gosto das Teenage Mutant Ninja Turtles. Eu ainda tenho livros de banda
desenhada e brinquedos dos originais, por volta de final dos anos 80/início dos
anos 90. Assisti ao filme em desenho animado e aos dois primeiros filmes de
ação. Vanilla Ice matou aquilo na 2ª parte! Ha! Mas não, não há nenhuma ligação
entre essa marca e nosso álbum. Não me passaram uma única vez pela cabeça em todo
o processo de criação. O álbum é baseado em física, cosmologia e na busca da
humanidade para compreender o nosso lugar no universo. Mas é uma teoria engraçada
a tua de cruzar o território das TMNT.
E agora?
Prontos para saírem em tournée ou têm
alguns outros projetos?
Uma tour, certo. Adoraríamos fazer uma tournée completa e bombástica, mas novamente, o orçamento….
Normalmente fazemos curtas mini-tours
na costa leste dos EUA... por agora. Espero chegar à Europa um dia! Esse é um
dos nossos principais objetivos. Sinto que o gosto musical é muito mais
diversificado aí. Os EUA têm a sua parcela de fãs de música rock underground, mas, em geral, aqui não
existe um mercado. Apesar disso, acabamos de fazer uma pequena mini-tournée com os Enchant na costa
leste. E já comecei a planear a nossa próxima fase de estúdio, portanto, acho
que vamos voltar às gravações ainda antes de ir novamente para a estrada.
Muito
obrigado, Matt. Foi um prazer fazer esta entrevista. Queres acrescentar mais
alguma coisa?
Igualmente, também foi um prazer!
Claro, obrigado aos teus leitores e a todos que nos apoiaram comprando a nossa
música, vendo os nossos vídeos e espalhando a palavra pelos seus amigos. De
seguida, vamos revisitar o nosso álbum "clássico" Deathanity
para fazer uma nova gravação, remistura e remasterização com as vocalizações a
cargo de Dimetrius. E espero conseguir ter Turtles
All the Way Down: Volume II cá para fora com as outras canções que ficaram fora
deste álbum (uma vez que fizemos um único disco, em vez de um álbum duplo).
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